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os últimos anos, muitos cientistas e pesquisadores têm estudado e feito descobertas sobre o vírus HIV, causador da Aids. Uma das últimas grandes novidades foi um estudo realizado aqui no Brasil, na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Segundo os pesquisadores, é possível potencializar a resposta imune de recém-nascidos para combater o HIV. Isto é, a imunidade contra o HIV em bebês poderia ser desenvolvida.

A pesquisa foi publicada no Journal of Infectiouns Diseases e busca ampliar a possibilidades de terapias futuras contra a doença. Além disso, foi apoiada pela FAPESP.

Transmissão vertical do HIV

A transmissão vertical é o principal mecanismo de infecção pelo vírus da imunodeficiência humana tipo 1 (HIV-1) em lactentes, que podem desenvolver alta viremia e progredir rapidamente para Aids. Segundo os cientistas que realizaram o recente estudo, cerca de 9% dos casos de Aids do mundo são causados após mães transmitirem o vírus HIV para seus bebês na gestação ou na amamentação.

Como os recém-nascidos ainda não têm a imunidade completamente formada, eles são mais suscetíveis a infecções.

Mas, é importante ressaltar que atualmente tratamentos coquetéis antirretrovirais durante a gravidez e o parto têm reduzido o risco de transmissão vertical. Inclusive, eliminar a transmissão do HIV de mãe para filho está entre as novas metas para 2025 da Unaids, programa das Nações Unidas de combate à Aids.

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Como o estudo foi realizado?

Com esse cenário em vista, o estudo conduzido na USP teve como foco os macrófagos, que são células-alvo do HIV e podem tornar-se um reservatório para o vírus caso infectados.

“Isso acaba sustentando a carga viral desses pacientes. Outro problema é que os macrófagos são um pouco mais resistentes à ação dos antirretrovirais. Por esses fatores, têm uma participação e uma contribuição muito grande na patogênese da doença e na dificuldade de encontrar uma cura para o HIV”, explica Anna Julia Pietrobon, uma das autoras do estudo.

Portanto, no experimento, os pesquisadores estimularam a resposta inata (que envolve células como macrófagos, monócitos e neutrófilos) em células oriundas do cordão umbilical de bebês cujas mães não tinham HIV por meio de um composto sintético denominado CL097. Em seguida, a equipe incubou o vírus nas células in vitro.

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Resultados da pesquisa sobre imunidade contra o HIV

Segundo o estudo, apesar das semelhanças fenotípicas e transcricionais entre o sangue do cordão umbilical e os macrófagos adultos, as células do cordão umbilical eram propensas à replicação viral quando infectadas com HIV-1. No entanto, o tratamento com CL097 promoveu de forma eficiente as respostas antivirais e inflamatórias e inibiu a replicação do HIV-1 nas células do cordão umbilical de forma independente da ativação do NF-κB e da autofagia.

Assim sendo, os pesquisadores afirmam que pode ser possível estimular a imunidade contra o HIV em recém-nascidos. Além disso, dizem que esta estratégia poderia ser aplicada também no caso de outras infecções virais. “Ainda precisamos de mais estudos, mas, no futuro, poderíamos oferecer esses compostos para os nenéns a fim de ativar a resposta antiviral, fazendo com que eles respondessem tão bem quanto adultos, a ponto de prevenir a própria infecção e combater as células infectadas”, afirma Maria Notomi Sato, professora FM-USP e autora principal do estudo.

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Postado em
21/3/22
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