Conhecer as bases do tratamento da Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) é fundamental, visando uma boa prática médica e um bom desempenho nas provas. Por ser uma das doenças mais prevalentes da cardiologia, diversos tópicos podem ser abordados, como as medicações preferenciais, efeitos colaterais e situações específicas. Uma boa notícia é que, ano após ano, os mesmos tópicos continuam sendo abordados pelos concursos médicos.  

Medicações preferenciais para tratamento da HAS

Provavelmente, esse é um dos tópicos mais abordados nas provas de Medicina.

As medicações preferenciais para o tratamento da HAS são:

  • Diuréticos tiazídicos;
  • IECA;
  • BRA;
  • Bloqueadores dos canais de cálcio (BCC).

São medicações que comprovadamente reduzem morbidade e mortalidade cardiovascular nos pacientes hipertensos.

É importante reforçar que todas as associações entre essas medicações são possíveis, com a exceção de IECA + BRA, que é proscrita no tratamento da HAS.

Então, para reforçar, não esqueça do mandamento:
“Não associarás IECA com BRA na HAS”

HAS e Betabloqueador — A famosa pegadinha

Essa é uma pegadinha que todos os anos aparece nos concursos médicos.  

Os betabloqueadores são medicações consagradas na cardiologia, são úteis em patologias como: insuficiência cardíaca, fibrilação atrial e doença coronariana crônica.

O seu uso na HAS como medicação preferencial está em desuso, em razão de uma metanálise citada na última diretriz brasileira sobre HAS:

Dessa forma, os betabloqueadores NÃO devem mais ser utilizados rotineiramente!

Essa classe pode ser utilizada em situações específicas como:

  • Paciente hipertenso + IC com FE reduzida;
  • Paciente hipertenso + doença coronariana crônica;
  • Paciente hipertenso + fibrilação atrial (controle de FC).

Ainda sobre esse tema, é conhecido que o carvedilol e o nebivolol possuem maior ação vasodilatadora.

A gota serena

Esse é outro tema clássico de prova!

“O paciente tem gota, o que eu devo e não devo prescrever?”

Atenção para esta informação: os diuréticos tiazídicos, como a hidroclorotiazida, clortalidona e a indapamida podem causar HIPERURICEMIA, dessa forma, devem ser evitados em portadores de gota.

Uma boa notícia é que a LOSARTANA possui efeito uricosúrico, então, é uma boa opção nesse cenário.

A quarta medicação para tratamento da HAS

Uma pergunta frequente nas provas é a seguinte: qual medicação prescrever quando o paciente faz uso de um tiazídico, um IECA ou BRA e um BCC, em doses otimizadas, e persiste fora da meta da PA?

A resposta é: ESPIRONOLACTONA.

Este é um cenário de uma hipertensão resistente, bastante frequente na prática clínica. Nos concursos médicos é importante lembrar dessa medicação, e sempre avaliar pontos como:

  • Adesão do paciente;
  • Técnica da aferição da PA;
  • Hipertensão secundária;
  • Consumo de sódio;
  • Efeito do avental branco.

A clonidina também foi estudada nesse cenário, porém, foi inferior a espironolactona. É por esse motivo que é recomendado um poupador de potássio/antagonista da aldosterona na hipertensão resistente

Os efeitos colaterais da HAS mais frequentes nas provas

Não podemos esquecer de um tópico clássico da HAS, os famosos efeitos colaterais.

A tosse seca é o principal efeito colateral dos IECA, que acomete 5 a 20% dos pacientes, ela ocorre pelo acúmulo de bradicininas.  

É tolerado uma queda de até 30% da função renal após início da medicação (a dilatação da arteríola eferente reduz a pressão de filtração glomerular), declínios maiores requerem suspensão da medicação, e investigação de possível estenose bilateral das arteriais renais, ou estenose de artéria renal (rim único).  

A hipercalemia pode ocorrer em portadores de insuficiência renal. Apesar de ser infrequente, o angioedema é um outro efeito colateral que pode ser abordado nas provas.

É sempre importante reforçar que não devemos prescrever um IECA e BRA na gestação.

Os BRA podem causar as mesmas alterações na função renal, diferente dos IECA não costumam causar tosse seca.

O efeito colateral típico dos BCC é o edema maleolar, que é bilateral e dose dependente, e ocorre em razão da vasodilatação que é mais pronunciada no território arterial em comparação as veias. A cefaleia, dermatite ocre e hipertrofia gengival são outros possíveis achados.

Os diuréticos tiazídicos podem gerar:

É importante reforçar que, apesar da hiperglicemia ser um efeito colateral, essa classe pode ser utilizada nos pacientes diabéticos.

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Por Renato Akira
Graduado em Medicina pela Universidade de Mogi das Cruzes. Residência em Clínica Médica pela Santa Casa de SP e em Cardiologia pelo Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia. Instrutor do Advanced Cardiovascular Life Support (ACLS).

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REFERÊNCIAS
BARROSO, W.K.S.; et al. Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial – 2020. Arq Bras Cardiol. v. 116, n. 3, 2021. p. 516-658.

MALACHIAS, M.V.B.; et al. 7ª Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial. Arq Bras Cardiol. v. 107, n. 3, 2016. p. 1-83.

Shutterstock - Adheamir. Disponível em https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/woman-measuring-blood-pressure-digital-tenometer-2026362965. Acesso em: 15 mai. 2023.

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Postado em
15/5/23
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