Com o avanço das pesquisas sobre autismo e maior conhecimento da condição, os diagnósticos também tendem a crescer. Em 2011, o CDC (Center of Diseases Control and Prevention), órgão dos Estados Unidos, estabeleceu que 1 a cada 110 crianças estadunidenses fazia parte do espectro autista. Em 2023, o mesmo órgão atualizou os seus números e as estatísticas mudaram: agora, 1 em cada 36 crianças é diagnosticada com autismo.
No Brasil, as pesquisas ainda são falhas nesse sentido. Mas, se aplicássemos a mesma lógica, seriam quase 6 milhões de habitantes com Transtorno do Espectro Autista — também conhecido apenas como TEA — em território brasileiro.
Diante de números assim, é importante entender mais sobre o tema. Afinal, ele está cada vez mais presente em nosso dia a dia, na prática médica e também nas provas de Residência e de título. Continue a leitura e saiba mais!
O que é o Transtorno do Espectro Autista?
O TEA é um transtorno multifatorial, complexo e com muitas nuances. Por isso mesmo é chamado de espectro, já que há sintomas, comportamentos e características muito distintas entre os pacientes que fazem parte desse grupo.
Além disso, é importante ressaltar que o TEA não é uma doença, mas sim uma condição que afeta, em grande parte, a comunicação, o comportamento e a interação social. O diagnóstico, portanto, é feito de maneira exclusivamente clínica, com a observação comportamental do indivíduo, que pode ser uma pessoa de qualquer faixa etária.
Quais são os seus níveis e tipos?
O TEA é caracterizado em diferentes níveis de suporte. Há alguns anos, ele também era subdividido em tipos — como a Síndrome de Asperger e o Autismo de Kanner —, mas esse tipo de denominação não vem sendo utilizada.
Hoje, tanto o diagnóstico quanto a classificação dos pacientes são baseados no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, 5ª Edição (DSM-5). Continue para saber mais!
Nível 1 (Requer suporte)
O primeiro nível do autismo indica pacientes que apresentam dificuldades perceptíveis sem suporte, com problemas para iniciar interações e respostas atípicas a aberturas sociais. Isso pode prejudicar o dia a dia do indivíduo, gerando hiperfocos e problemas na comunicação.
Nível 2 (Requer suporte substancial)
O paciente que faz parte do nível dois tem déficits marcantes na comunicação verbal e não-verbal, mesmo com suporte. Nesses casos, interações sociais limitadas a respostas simples são comuns. Assim, esse tipo de autismo é mais facilmente diagnosticado, pois os sinais são mais clássicos e perceptíveis aos leigos.
Nível 3 (Requer suporte muito substancial)
O último nível é caracterizado pela presença de déficits graves na comunicação verbal e não verbal, resultando em funcionalidade muito limitada. Portanto, as iniciativas sociais são raras e, quando ocorrem, fogem do que é considerado socialmente “comum”. Esse é o nível cujos pacientes apresentam mais dificuldades.
Quais são as causas do transtorno?
A etiologia exata do TEA ainda não foi determinada pela ciência. No entanto, há hipóteses que podem servir de caminho para a compreensão desse transtorno e, claro, para o desenvolvimento de cada vez mais estratégias para o acompanhamento adequado desses pacientes.
Uma das hipóteses é a da genética, onde há estudos que indicam que irmãos de uma pessoa com TEA têm um risco aumentado de também desenvolver o transtorno. No entanto, tudo indica que fatores ambientais também contribuem para esse cenário, assim como a idade parental e prematuridade.
Como ele se manifesta?
Um dos principais sinais do autismo é a manifestação social. Por isso, pessoas no espectro podem ter dificuldades em iniciar e manter interações sociais. Isso pode incluir dificuldades em:
- fazer e manter amigos;
- entender regras sociais implícitas;
- participar de brincadeiras ou conversas apropriadas para a idade, entre outros.
Além disso, a questão verbal pode ser prejudicada. Há indivíduos que não conseguem se comunicar com palavras, enquanto outros têm dificuldades em entender figuras de linguagem como o sarcasmo e a ironia.
Os comportamentos também são alterados nesse transtorno, com movimentos repetitivos e interesses restritos. Por isso, é comum que esses pacientes desenvolvam hiperfocos, ou seja, um foco intenso em um assunto específico.
A hipersensibilidade sensorial também pode estar presente, com resistência a luzes muito fortes ou sons intensos. Algumas texturas também podem ser incômodas para os pacientes do espectro. Por isso, questões como a seletividade alimentar são frequentes.
Como é feito o acompanhamento?
O acompanhamento de indivíduos com Transtorno do Espectro Autista (TEA) é multidisciplinar e contínuo, envolvendo várias abordagens e profissionais para atender às necessidades específicas de cada pessoa.
Nesse caso, as terapias têm sempre o objetivo de promover o desenvolvimento, a inclusão social e a qualidade de vida. Portanto, as estratégias serão individualizadas, pensadas para cada paciente de forma específica.
Confira algumas das possibilidades de terapias para o TEA!
Terapia comportamental
Um bom exemplo de terapia comportamental é a ABA, que utiliza princípios de aprendizado e motivação para reforçar comportamentos positivos e ensinar novas habilidades. Ela é baseada na observação e análise do comportamento e da função que ele serve para o indivíduo.
Terapia para a fala
O acompanhamento com fonoaudiólogo também é essencial, em muitos casos. Aqui, o profissional trabalha com habilidades de fala, vocabulário e gramática, além de compreensão e uso da linguagem.
Terapia ocupacional
Nessa terapia, são feitos exercícios e atividades que melhoram a coordenação, força e destreza manual. As técnicas são úteis para ajudar a regular respostas sensoriais atípicas, proporcionando uma melhor gestão de estímulos como som, luz, texturas e movimentos.
Fisioterapia
Nesse caso, são aplicadas atividades físicas que ajudam a fortalecer os músculos e melhorar a flexibilidade. Eles também são muito úteis para melhorar o equilíbrio e a coordenação motora do paciente.
Acompanhamento pediátrico
As consultas com pediatra são compostas por avaliações regulares para monitorar marcos do desenvolvimento físico e neurológico. Assim, o profissional pode tratar desvios que precisam de intervenção e encaminhar o paciente para colegas quando necessário.
Lembrando que, muitas vezes, o autismo é uma questão diagnosticada apenas na vida adulta. Isso ocorre especialmente em mulheres e em pacientes que fazem parte do grupo de nível 1 de suporte.
Acompanhamento psicológico
Por fim, não podemos deixar o atendimento com psicólogos e psicopedagogos de fora. O foco é ajudar os pacientes a manter sua saúde mental e emocional, além de colaborar com o desenvolvimento de habilidades de enfrentamento.
Isso é especialmente importante já que, muitas vezes, pessoas no espectro têm maiores chances de desenvolver quadros de depressão e ansiedade.
Agora você já conhece mais detalhes ou relembrou tópicos importantes sobre o autismo!
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