2020 foi um ano de grande impacto para a saúde mundial. No dia 30 de janeiro, a Organização Mundial da Saúde declarou a COVID-19 como uma Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional (ESPII) — o nível mais alto de alerta da Organização. Posteriormente, no dia 11 de março, a COVID-19 foi caracterizada como uma pandemia.

Em paralelo, ainda em 2020, a Medicina no Brasil bateu um marco histórico: o país chegou a mais de 500 mil médicos. Ou seja, nunca houve tantos médicos em atividade em toda a nossa história. Mas como o futuro desses profissionais é impactado em um cenário pós-pandemia? Quais foram os avanços e quais os maiores desafios?  

Continue a leitura e saiba mais sobre o assunto!

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A Medicina no Brasil

O primeiro curso de Medicina no Brasil surgiu com a criação da Escola Cirúrgica da Bahia, em fevereiro de 1808. Nove meses depois, foi criada a Escola Anatômica, Cirúrgica e Médica no Rio de Janeiro.

Desde então, ao longo das décadas, o número de instituições de ensino de Medicina teve um aumento expressivo em território nacional, o que contribuiu para um ritmo acelerado na inserção desses profissionais na sociedade.

Segundo dados da Demografia Médica de 2020, em 100 anos, foi possível perceber um aumento do número de médicos 5 vezes maior que o aumento populacional. Um exemplo é o período de 2005 a 2010, quando a taxa de aumento de profissionais foi de 15%; enquanto a taxa de aumento da população brasileira foi de apenas 6%.  

No gráfico abaixo, é possível observar a taxa de crescimento populacional, a taxa de crescimento de médicos e a razão profissional por mil habitantes nos últimos 40 anos.

Os médicos e a pandemia da COVID-19

Não foi só o número de médicos que aumentou nos últimos anos, mas também os desafios que cercam esses profissionais. Com a pandemia de 2020, por exemplo, hospitais, clínicas e centros médicos tiveram suas rotinas totalmente alteradas.

Segundo pesquisa inédita feita pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), durante a pandemia da COVID-19, houve maior sobrecarga de trabalho sobre esses indivíduos, aumento do nível de estresse e fadiga. Dentre os entrevistados, 96% afirmaram que a pandemia causou impactos em sua vida pessoal e profissional.  

Assim, veio à tona a importância da preparação de profissionais capacitados e o desafio da construção de um sistema de saúde mais robusto e sustentável.

As consequências da pandemia para a Medicina

  1. Relação médico e paciente

A relação médico-paciente envolve confiança e responsabilidade, com a participação ativa de ambos os atores. Em um contexto como o da pandemia, essa relação extrapolou ainda mais os laços da Medicina.

Algumas áreas se destacaram, como é o caso da Medicina de Família e Comunidade, em que o profissional exerce uma função primordial na Atenção Primária, acolhendo o paciente e seus familiares. Frente a uma doença que causou impactos em todas as esferas da comunidade, as relações, mesmo que comprometidas pelo distanciamento, tornaram-se mais próximas.

Além disso, a participação do paciente como um agente importante na manutenção da saúde também pode ser destacada. As ações de promoção do autocuidado, de um estilo de vida saudável e de um maior senso de comunidade reforçam a importância de todos os atores para que seja atingível um estado de bem-estar comum.

  1. Importância do conhecimento científico

No início da pandemia da COVID-19, houve escassez de informações sobre o manejo da doença, afinal, tratava-se de um cenário inédito, com padrões diferentes das infecções por outros coronavírus. Assim, a disseminação de informações sem base em evidências científicas ocorreu ao longo de todo o período.

A pandemia também ressaltou a importância da presença de médicos não só em hospitais e consultórios, mas também inseridos nas pesquisas. A área acadêmica traz uma contribuição muito importante para os profissionais, o que não seria diferente na Medicina.

Podemos trazer como atividades acadêmicas:  

  • Projetos de extensão universitária;
  • Monitorias;
  • Ligas acadêmicas;
  • Participação em pesquisas científicas;
  • Congressos, seminários e palestras.

Ou seja, mais do que nunca, médicos e futuros médicos devem firmar o compromisso de trazer para o seu dia a dia práticas comprovadas. A Medicina Embasada em Evidências, por exemplo, caracteriza-se pela necessidade de avaliar a efetividade das diversas opções diagnósticas e terapêuticas através de ensaios clínicos e epidemiológicos.

  1. O médico precisa estar atualizado

Estar atualizado é algo fundamental na Medicina, mas, após a pandemia, isso ganhou ainda mais relevância. Acompanhe os principais institutos de pesquisa, fique de olho nos desdobramentos dos congressos e saiba mais sobre as atualizações de diretrizes.

  1. Telemedicina

A telemedicina já era uma modalidade de atendimento antes da pandemia, mas pouco utilizada. Com o isolamento social e a limitação da mobilidade, muitos profissionais aderiram às consultas virtuais e, apesar de não substituírem as presenciais e terem suas limitações, elas trazem benefícios.  

Em um cenário pós-pandemia, a Telemedicina é uma forma importante de atuação profissional.

  1. A tecnologia a favor da Medicina

Além da Telemedicina, a tecnologia traz inúmeros benefícios para a atuação médica em um cenário de constante evolução.  

Como exemplo, temos o uso de sensores que podem ser utilizados pelos pacientes em casa (mobile health), data analytics, inteligência artificial, realidade virtual, robótica, dentre tantas outras aplicabilidades que ganharam ainda mais importância na pandemia e seguem auxiliando no cotidiano médico.

Leia também: "Os 10 legados da COVID-19 para medicina” e a ligação com evolução tecnológica

O cenário pós-pandemia

Os avanços da profissão médica no pós-pandemia evidenciam que não basta ter mais profissionais, é preciso que estes profissionais sejam qualificados.  

Médicos e futuros médicos devem:

  • Ter capacidade de lidar com adversidades;
  • Estar abertos à inovação;
  • Estar informados sobre atualidades e tendências na Medicina;
  • Buscar se especializar e ampliar seu conhecimento em sua área de atuação;
  • Se entender como uma das partes fundamentais do sistema de saúde, buscando melhorá-lo cada vez mais;
  • Entender que seu trabalho extrapola o âmbito da saúde, englobando também a esfera social e política.

Áreas em ascensão pós-pandemia

Dentro da qualificação profissional, devemos considerar as especialidades médicas. No contexto da pandemia, algumas áreas se destacaram e tornaram-se promissoras, trazendo à tona questões que são importantes na manutenção da saúde da população contemporânea.

Seguem abaixo algumas áreas que ganharam relevância e seguem em constante crescimento:

  • Cuidados paliativos;
  • Geriatria;
  • Medicina do Exercício e do Esporte;
  • Nutrologia;
  • Psiquiatria.

Aproveite e assista à live sobre as principais atualizações da COVID-19. Para aprofundar e discutir as perspectivas mais recentes da doença, a professora Karina Hatano comanda o debate entre os nossos especialistas: Sabrina Gois (Pediatria), José Roberto Megda (Pneumologia), Fabiano Elisei (Obstetrícia) e Durval Costa (Infectologia).

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REFERÊNCIAS

9 especialidades médicas do futuro.  

Disponível em: https://www.ipemed.com.br/blog/especialidades-medicas-do-futuro  

Ciência e pseudociência durante a pandemia de COVID-19.  

Disponível em: https://www.ipea.gov.br/cts/pt/central-de-conteudo/artigos/artigos/298-ciencia-e-pseudociencia-durante-a-pandemia-de-covid-19 - acessado em 06/11/22

Histórico da pandemia de COVID-19.  

Disponível em: https://www.paho.org/pt/covid19/historico-da-pandemia-covid-19  

Pandemia gera estresse e sobrecarga de trabalho, mas reforça confiança dos pacientes na medicina.  

Disponível em: https://portal.cfm.org.br/noticias/pandemia-de-covid-19-gera-estresse-e-sobrecarga-de-trabalho-medicos-mas-reforca-confianca-dos-pacientes-na-medicina/

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Postado em
25/11/22
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