erisipela é caracterizada por uma inflamação da pele que atinge tanto a derme quanto o tecido celular subcutâneo (panículo adiposo), envolvendo grande parte dos vasos linfáticos.
Quando não tratada, a inflamação pode levar a complicações bem sérias. Por isso, é importante começar o tratamento o quanto antes. Continue lendo para saber mais!
Bactérias, as principais causadoras da erisipela
Segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), o problema é uma forma superficial da celulite, porque fica instalado na parte superior da gordura cutânea.
O processo infeccioso da erisipela está condicionado ao que se dá o nome de “porta de entrada”. Isso porque as bactérias costumam atingir o organismo por meio de lesões que podem variar entre picadas, feridas cutâneas, frieiras, micoses, corte de unhas.
Entre os principais microrganismos responsáveis pela enfermidade estão: Estreptococo beta-hemolítico do grupo A (raramente, pode ocorrer infecção por Estreptococos beta-hemolitico do grupo C ou G), Staphylococcus aureus, Klebsiella pneumoniae, Haemophilus influenzae, Escherichia coli, Staphylococcus warneri, Strepctococcus pyogenes e Maraxella spp.
É importante considerar, ainda, que o folículo piloso comporta bactérias Gram-positivas, a exemplo de Propionebacterium spp., ou até mesmo fungos, como o Pityrosporum spp, que podem ser causas de infecções foliculares.
Características clínicas da erisipela e diagnóstico
O exame clínico da erisipela pode ser feito a partir da observação de sinais como:
- Lesões em placa, com elevações, sensibilidade e margens bem delimitadas;
- Lesões com bolhas;
- Febre alta;
- Calafrios;
- Mal-estar generalizado, incluindo náuseas e vômitos.
O diagnóstico da erisipela deve considerar, sobretudo, o exame clínico, principalmente nos casos mais leves. Casos mais complexos, no entanto, podem exigir solicitação de exames complementares como hemocultura e, raramente, biópsia.
É relevante saber que alguns casos, cujo diagnóstico é tardio, podem progredir com complicações como desenvolvimento de abscessos, ulcerações profundas e trombose venosa. Contudo, a mais recorrente das complicações costuma ser o linfedema. Há, ainda, situações em que o paciente apresenta erisipela de repetição.
Relevância do diagnóstico diferencial
Primeiramente, é necessário admitir que são muitas as lesões e reações inflamatórias na pele, o que exige do médico fazer um bom diagnóstico diferencial. No caso da erisipela que atinge a face, é preciso diferenciá-la de doenças como angioedema e herpes zóster.
Ainda considerando doenças infecciosas, é preciso considerar, de modo geral, quadros de fasceíte necrosante, gangrena gasosa e osteomielite. Em um segundo momento, vale atentar-se, ainda, às doenças não-infecciosas tais como trombose venosa profunda e/ou dermatite de contato.
Contudo, o profissional deverá atentar-se, principalmente, ao diagnóstico diferencial de Celulite Infecciosa, em que se estabelecem lesões com bordas mal delimitadas e se caracterizam por serem extremamente dolorosas, sobretudo pelo fato de serem infiltrativas. Ou seja, atingem camadas mais profundas da pele.
Epidemiologia da doença
É importante considerar que alguns grupos estão mais suscetíveis à ocorrência da erisipela. Entre eles estão: pessoas com diabetes, pessoas com obesidade e indivíduos com problemas de circulação nos membros inferiores.
Conduta terapêutica
A realização de cultura é primordial para identificação da bactéria a ser combatida e início de terapia mais assertiva. Sendo assim, de acordo com o Ministério da Saúde, o tratamento para erisipela na fase inicial inclui medidas como:
- Início de terapia antibiótica (em geral, cefalexina e/ou eritromicina);
- Indicação de repouso absoluto a fim de reduzir inchaço/edemas;
- Tratamento das lesões de “porta de entrada”;
- Apoio de terapia antifebril e analgésica.
Deve-se considerar também associação de penicilina intramuscular e repetição periódica de antibióticos. Em casos em que há tromboflebite, deve-se considerar ainda o uso de anticoagulantes. Pacientes que apresentem risco de septicemia e outras complicações devem ser hospitalizados.
Além disso, caberá ao médico responsável pelo tratamento orientar o paciente sobre medidas preventivas que incluem:
- Cuidados com a pele e higienização frequente;
- Inspeção da pele entre os dedos dos pés, a fim de evitar micoses e frieiras;
- Tratamento imediato de feridas e lesões que possam surgir;
- Controle do peso corporal;
- Controle do diabetes e de ferimentos e infecções nesses pacientes;
- Repouso em caso de inchaço nos membros inferiores;
- Uso de meias elásticas para redução de edemas nas pernas;
- Orientação para buscar ajuda profissional imediata em caso do aparecimento de sintomas.
O que é preciso saber sobre a doença para prova da residência médica?
O tema pode surgir na prova da residência, tanto na fase de perguntas quanto na fase da prova prática. Em geral, é apresentado um paciente com comorbidades e lesão de pele e solicitado do futuro residente que seja feito um diagnóstico diferencial.
É esperado, ainda, que o profissional saiba identificar quando o paciente pode ser tratado em casa e em que situações necessitará de atendimento hospitalar, a depender da gravidade do caso. Situações em que se define por internação, contudo, devem ser amparadas pelas variáveis apresentadas em exames laboratoriais.
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