fase de cicatrização de feridas é um dos processos mais complexos do corpo humano e continua sendo um problema clínico desafiador. Por isso, é essencial que o médico entenda como funciona bem este processo para fazer o gerenciamento das feridas correto e eficiente. Mudanças no microambiente, como alterações nas forças mecânicas, níveis de oxigênio, matriz extracelular e a síntese do fator de crescimento impactam diretamente a ativação celular nas fases da cicatrização.
A pele desempenha funções fundamentais na proteção contra infecções, desequilíbrio de fluidos e desregulação térmica. Além disso, segundo artigo publicado na European Surgical Research, a pele permite flexibilidade para permitir a função articular em algumas áreas do corpo e fixação mais rígida.
Mas há situações e condições que levam ao comprometimento da cicatrização de feridas e a neovascularização representa um componente essencial na cicatrização de feridas devido ao seu impacto fundamental desde o início após a lesão da pele até o final da remodelação da ferida.
Quando as feridas são de espessura parcial, que envolvem a epiderme e parcialmente a derme, geralmente, cicatrizam por intenção primária com apêndices cutâneos intactos. Porém, as feridas de espessura total são caracterizadas pela destruição completa da epiderme e da derme, e de estruturas mais profundas.
Embora o processo de cicatrização seja contínuo, pode ser dividido em três fases. Confira, a seguir, detalhes sobre cada fase de cicatrização.
Fase inflamatória
No início, as células da pele são expostas a sinais de fase aguda e a hemostasia marca o primeiro estágio da cicatrização, que interrompe o sangramento após dano vascular. Portanto, a primeira resposta é a ativação das plaquetas para formar uma rede de fibrina e parar o sangramento da ferida. Com isso, ele interrompe o fluxo sanguíneo e fornece um suporte para as células inflamatórias que chegam.
Depois, os neutrófilos agem como primeira linha de defesa contra bactérias, amplificando a resposta inflamatória com maior concentração 24 horas após a lesão. Assim, após 48-96 horas da lesão, os monócitos se transformam em macrófagos ativados pelo tecido no local da ferida. Eles têm papel fundamental no término do desbridamento iniciado pelos neutrófilos e sua maior contribuição é a secreção de citocinas e fatores de crescimento, além de contribuírem na angiogênese, fibroplasia e síntese de matriz extracelular.
Com a vasodilatação nesta fase, a ferida apresenta sinais clínicos da inflamação, como calor, edema e dor. Alguns autores nomeiam a fase de hemostasia como a primeira fase e a inflamatória como a segunda fase. Aqui estamos seguindo a abordagem de três fases da cicatrização, em que a hemostasia está contida na fase inflamatória.
Feridas superficiais, pequenas e limpas, em geral, estão associadas a uma curta duração da fase hemostática e inflamatória. Isso porque a formação de coágulos sanguíneos é limitada para selar a ferida com a remoção de pequenas quantidades de detritos celulares. Já feridas profundas, grandes e contaminadas/infectadas precisam de mais tempo para cicatrizar. Pois as fases da cicatrização iniciais da ferida incluem mais tempo para hemostasia e remoção de restos celulares e tecido necrótico.
Fase proliferativa
Geralmente, perto do quarto dia após a lesão, começa a fase proliferativa, que é uma das mais importantes na área da estética. Ela é constituída por três etapas fundamentais:
· Epitelização;
· Angiogênese;
· Formação de tecido de granulação.
Segundo artigo publicado na Arquivos Brasileiros de Cirurgia Digestiva, esta fase dura aproximadamente até o fim da segunda semana após a lesão ter ocorrido, mas pode durar mais tempo. Além disso, esta fase é responsável pelo fechamento da lesão.
A epitelização é o processo pelo qual as células epiteliais migram e se replicam via mitose e atravessam a ferida. Dessa forma, em feridas de espessura parcial, que envolvem apenas a epiderme e a derme superficial, a epitelização é o método predominante pelo qual ocorre a cicatrização.
Na etapa de angiogênese, acontece a formação rica de vascularização e infiltração de células especializadas na limpeza da região, como os macrófagos.
Já para a formação do tecido de granulação, os fibroblastos dos tecidos vizinhos migram para a ferida, mas, precisam ser ativados para sair de seu estado de quiescência. Logo, é liberado o fator de crescimento de transformação beta (TGF-β), que estimula os fibroblastos a produzirem colágeno tipo I e a se transformarem em miofibroblastos, que promovem a contração da ferida.
Fase de maturação (reparo)
Nesta fase, acontece a deposição organizada de colágeno e a maturação da ferida. A deposição de colágeno na cicatrização normal de feridas atinge um pico na terceira semana após a criação da ferida. E, após a terceira semana, a ferida sofre muitas alterações que podem durar anos após a lesão inicial.
Com o tempo, o colágeno inicial (colágeno tipo III) é reabsorvido e um colágeno mais espesso é produzido e organizado, aumentando a força de tensão da ferida. A contração da ferida é um processo contínuo que resulta em parte da proliferação de fibroblastos especializados, que se assemelham a células musculares lisas contráteis. Assim sendo, a resistência máxima à tração da ferida é alcançada na 12ª semana, segundo Medscape.
É muito importante lembrar que o metabolismo muda de acordo com a idade da pessoa. Portanto, a cicatrização do idoso é diferente de uma criança, isto é, pode demorar mais. Além disso, o estado nutricional e o sistema imunológico também podem afetar o tempo para ocorrer a cicatrização.
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