Compreender os fatores que levam à gestação prolongada é essencial, já que essa condição pode colocar em risco a saúde da mãe e da criança.

Segundo a Federação Internacional de Ginecologia e Obstetrícia (FIGO) e a Organização Mundial da Saúde (OMS), é considerada gestação prolongada aquela que dura mais de 42 semanas completas. Essa contagem começa a partir do primeiro dia do último período menstrual.

Gostaria de ficar por dentro dos temas que mais caem nas provas de Residência Médica nessa área? Saiba, agora, quais são as complicações maternas e perinatais, como fazer o diagnóstico e a conduta obstétrica nesses casos. Aproveite a leitura!

Tipos de gestação prolongada

Vamos começar revisando alguns conceitos? A gestação pré-termo refere-se a uma situação em que o bebê nasce antes de completar 37 semanas completas de gestação. Já a gravidez considerada normal é classificada como gestação a termo.

Nesses casos, a gestação a termo é aquela que atinge sua duração completa: é geralmente definida entre 37 semanas completas e 42 semanas completas de gestação. Bebês que nascem nesse período têm maior probabilidade de estar completamente desenvolvidos. Nesse intervalo gestacional, os riscos à saúde da mãe e da criança são menores.

A gestação prolongada é também conhecida como pós-termo. Porém, existem diferentes classificações ou tipos de gestação prolongada. Os conceitos dependem da forma como são consideradas e categorizadas. Observe!

Gestação pós-termo

Refere-se especificamente à gestação cujo período ultrapassa as 42 semanas completas. A gestação pós-termo é o tipo mais comum discutido em contextos médicos e está associada a gravidez de risco. Contudo, por meio da assistência pré-natal qualificada é possível minimizar os riscos desse processo.

Gestação tardia

Na Medicina, esse conceito, refere-se a uma gestação que passou de 41 semanas completas, mas ainda não atingiu as 42 semanas. Apesar de ser discutível, essa definição pode ser cobrada nas provas de Residência Médica.

Gestação prolongada extrema

Alguns especialistas podem categorizar gestações que excedem 43 semanas, como gestações prolongadas extremas. Essas gestações são mais raras e, quando ocorrem, apresentam riscos aumentados tanto para a mãe quanto para o bebê.

Além dessas categorias baseadas no número de semanas de gestação, vale considerar que cada gestação é única. Assim, o impacto de uma gestação prolongada pode variar de mulher para mulher e, principalmente, de gravidez para gravidez.

Em todas as situações que se inserem no contexto de gestação prolongada, a mãe e o feto devem ser monitorados regularmente por profissionais de saúde. O intuito é avaliar qualquer sinal de complicações e, assim, decidir a melhor conduta para garantir a segurança da gestação.

Complicações associadas à gravidez prolongada

Assim como a gestação ectópica e o diabetes gestacional, a gravidez prolongada também pode apresentar riscos significativos para a mãe e para o bebê. Veja os mais relevantes e que merecem intervenção médica adequada.

Começaremos com os maiores riscos para o bebê. Observe!

Macrossomia

Essa condição se caracteriza pelo crescimento exagerado do bebê devido ao período prolongado da gestação. Nesses casos, há o risco de parto difícil e de ocorrência de lesões no nascimento.

Sofrimento fetal

Com o avançar do tempo da gestação, a placenta pode não funcionar tão eficientemente. Sem condição de exercer suas funções adequadamente há o risco de diminuição no fornecimento de oxigênio e nutrientes essenciais para o bebê.

Aspiração de mecônio

O tempo prolongado do bebê no útero pode elevar o risco de ele aspirar mecônio, as primeiras fezes. Isso aumenta o risco de complicações respiratórias para a criança após o nascimento.

Já para a gestante, os riscos podem estar associados a diversos fatores. Veja os mais relevantes.

Aumento da necessidade de indução

À medida que o tempo da gestação se prolonga, o risco de indução do parto artificialmente também é maior. Esse tipo de intervenção médica pode causar iatrogenias e outros prejuízos para a gestante.

Risco de cesárea

Na gestação prolongada, a probabilidade de necessidade de cesárea pode aumentar. Entre as razões que justificariam tal conduta, destacam-se o tamanho do bebê e os riscos de lesões no parto natural.

Desconforto e complicações

Nessa condição, a mulher pode experimentar desconforto físico aumentado, mais fadiga e dor durante o parto. Além disso, ainda existe a maior probabilidade de complicações, tais como ruptura prematura das membranas.

Fatores de risco

Algumas condições maternas e fetais estão associadas a fatores de risco para a gestação prolongada. Observe:

  • baixas condições econômicas;
  • idade materna avançada;
  • obesidade materna;
  • nuliparidade;
  • etnia caucasiana;
  • feto masculino;
  • antecedente de gestação prolongada;
  • alterações no colo uterino;
  • malformações fetais;
  • deficiência de sulfatase placentária.

Complicações maternas e perinatais da gestação prolongada

Destacamos as principais complicações maternas associadas à gestação prolongada, que incluem:

  • trabalho de parto prolongado;
  • parto cesárea;
  • parto vaginal operatório;
  • lacerações de trajeto;
  • hemorragia pós-parto;
  • endometrite puerperal.

Quanto às complicações perinatais, as que significam maior risco são:

  • sofrimento fetal agudo;
  • baixo índice de Apgar;
  • hipoglicemia neonatal;
  • síndrome da dismaturidade fetal.

Em longo prazo, não há evidências de comprometimento do crescimento e do desenvolvimento intelectual dos recém-nascidos. O risco de óbito fetal, apesar de ser evento raro, pode estar presente. Porém, os riscos de mortalidade são maiores em gravidezes que ultrapassam o tempo considerado ideal.

Diagnóstico da gestação prolongada

O diagnóstico mais fidedigno é feito por ultrassonografia obstétrica no início da gestação, idealmente entre 9 e 12 semanas para avaliação da idade gestacional. No segundo e no terceiro trimestres, a data da última menstruação pode ser usada, apesar de apresentar menos precisão.

A data provável do parto deve ser calculada por ultrassonografia — realizada antes de 22 semanas — se a diferença considerando a data da última menstruação for maior que cinco a sete dias. O cálculo da IG deverá ser por Comprimento Cabeça-Nádegas (CCN) até a 14ª semana e por diâmetro biparietal (DBP) entre 15 e 22 semanas.

Melhores práticas para segurança da gestação prolongada

Conforme as especialidades médicas que lidam com esses casos, as melhores práticas diante de uma gestação prolongada envolvem monitoramento cuidadoso. Somado a isso, as decisões médicas devem ser baseadas em evidências, o que pode representar mais segurança à saúde e maior bem-estar tanto da mãe quanto do bebê.

Destacamos algumas ações que ajudam a elevar a segurança da mãe e da criança nos casos de gestação prolongada. Veja quais são!

Monitoramento pré-natal regular

Como parte integrante do protocolo do Ministério da Saúde (MS) para a assistência obstétrica, as consultas pré-natais devem ser frequentes e regulares. O ideal é orientar as gestantes, especialmente nos casos em que se aproximam ou ultrapassam as 40 semanas.

Durante essas consultas, o médico deve monitorar diversos parâmetros que podem reduzir o risco de complicações. Para tanto, o ideal é avaliar criteriosamente o bem-estar fetal, a posição do bebê, a função respiratória, a quantidade de líquido amniótico, bem como outras variáveis importantes.

Avaliação da placenta

Para maior segurança no procedimento, o médico deve solicitar exames como ultrassonografias e cardiotocografias. Este último é útil para o monitoramento dos batimentos cardíacos do bebê e para avaliar a função da placenta e o bem-estar geral do feto.

Monitoramento do trabalho de parto

Durante o trabalho de parto, a equipe multiprofissional deve monitorar continuamente a mãe e o bebê. O objetivo é identificar quaisquer evidências de risco que possa gerar complicações para a mãe e para a criança.

Dependendo das circunstâncias, a assistência de uma equipe médica especializada pode ser solicitada para o manejo adequado em partos de alto risco.

Suporte psicológico

A maioria dos casos de gestações prolongadas podem gerar graves prejuízos à saúde emocional da gestante. Por isso, o apoio psicológico deve ser prioridade e, se possível, extensivo aos familiares próximos.

Por fim, vale frisar que a gestão adequada da gestação prolongada envolve um trabalho sério e uma abordagem multidisciplinar. Por meio do acompanhamento médico regular, da tomada de decisões informadas e da prioridade dos cuidados personalizados é possível garantir resultados mais seguros para mãe e a criança.

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Postado em
4/6/24
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