Fala pessoal, tudo bem com vocês?
Sabemos que alguns temas nefrológicos são mais prevalentes e bastante cobrados nas provas, como distúrbios eletrolíticos, glomerulopatias, doença renal crônica e Injúria Renal Aguda (IRA); por isso, devemos estar sempre ligados nas atualizações sobre esses temas.
Em março de 2020, foi publicado no periódico Kidney International o consenso atualizado sobre nomenclatura, diagnóstico e classificação em IRA, validado pelo KDIGO (Kidney Disease: Improving Global Outcomes), que é uma das principais entidades nefrológicas do mundo. E essa padronização atualizada já começou a ser cobrada nas provas.
Antes de falarmos das atualizações, vale lembrar que Injúria Renal Aguda (IRA) é definida como a perda aguda de função renal, que ocorre em um período de até sete dias, sendo potencialmente reversível. De forma didática, pode ser dividida em IRA pré-renal (ou hemodinâmica), pós-renal (ou obstrutiva) e em IRA intrínseca (afetando o compartimento tubular, intersticial, microvascular ou glomerular).
Apesar de haver diversos biomarcadores em estudo, ainda hoje utilizamos a elevação da creatinina sérica e a redução do débito urinário para diagnóstico e estadiamento da IRA.
Diagnóstico de injúria renal aguda (IRA)
Com o diagnóstico feito, devemos classificar a injúria renal em três estágios, conforme recomendação do KDIGO, para padronização do manejo, instituição de medidas adequadas e avaliação da gravidade.
A tabela a seguir simplifica essa classificação, que sempre é cobrada em provas!
Perceba também que é importante termos informação sobre a creatinina basal dos pacientes, já que saber a magnitude do aumento é fundamental para a classificação.
Outro ponto importante é que classificamos a IRA de acordo com o pior parâmetro; é bastante frequente termos uma redução do débito urinário antes de haver elevação importante da creatinina, portanto sempre classificamos pelo parâmetro mais alterado.
Depois dessa revisão sobre diagnóstico e classificação de IRA, vamos às atualizações.
1. IRA versus DRA
Esse é um dos pontos principais dessa atualização; hoje em dia chamamos de Injúria Renal Aguda (IRA) a perda súbita de função renal, que ocorre no período de até sete dias.
A persistência da disfunção renal por um período de sete a 90 dias é classificada como Doença Renal Aguda (DRA).
A descrição mais completa de doença renal aguda é a seguinte:
Na prática (e para a prova), DRA é uma IRA que persiste por sete a 90 dias.
Se a DRA persiste por um período maior que 90 dias, já podemos chamar de Doença Renal Crônica (DRC).
2. Termos desencorajados
Outro ponto de mudança foi a eliminação dos termos lesão renal aguda ou insuficiência renal aguda; a terminologia padronizada para o evento agudo que ocorre em até sete dias, como já falamos anteriormente, é injúria renal aguda; com isso foi mantido o acrônimo IRA, em uso corrente.
3. Classificação de IRA
A publicação recomenda a utilização da classificação de KDIGO; classificações como AKIN ou RIFLE não devem mais ser utilizadas.
Lembrando que essa classificação tem 3 estágios, e quando o paciente necessita de diálise no curso da injúria renal, classificamos como estágio 3, em tratamento dialítico.
4. IRA tem nome e sobrenome
É recomendado que a informação sobre a injúria renal seja completa, incluindo sua etiologia (quando determinada); portanto, utilizamos a classificação de KDIGO e a causa provável da IRA/DRA. Por exemplo, IRA estágio 3, de etiologia séptica.
5. E quando precisar de diálise?
A terminologia para a terapia de substituição renal em IRA/DRC também mudou; atualmente é recomendada a nomenclatura Suporte Renal Artificial (SRA), sendo as principais modalidades a hemodiálise (HD), hemofiltração (HF), hemodiafiltração (HDF) ou Diálise Peritoneal (DP).
Em relação ao tempo, podemos dividir as terapias dialíticas em convencionais (até 6 horas), prolongadas (de 6 a 12 horas) e contínuas (mais de 12 horas).
Essas foram as principais atualizações em injúria renal aguda; tema sempre importante para as provas, ainda mais quando aparece alguma atualização recente. Nas provas de 2022 e 2023 esses novos termos já foram utilizados, e certamente serão cada vez mais cobrados daqui para a frente.
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Por Thiago Diaz
Especialista em Clínica Médica e Nefrologia pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP. Nefrologista titulado pela Sociedade Brasileira de Nefrologia — SBN. Professor de Nefrologia no grupo Afya Medcel.
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REFERÊNCIAS:
LEVEY, Andrew S. et al. Nomenclature for kidney function and disease: report of a Kidney Disease: Improving Global Outcomes (KDIGO) Consensus Conference. Kidney International, [s. l.], v. 97, n. 6, June 2020, p. 1117-1129. Disponível em: https://www.kidney-international.org/article/S0085-2538(20)30233-7/fulltext. Acesso em: 29 jun. 2023.
REIS, Thiago et al. Injúria renal aguda e métodos de suporte: padronização da nomenclatura. Jornal Brasileiro de Nefrologia, [s. l.], v. 44, n. 3, 2022, p. 434-42. Disponível em: https://www.bjnephrology.org/wp-content/uploads/articles_xml/2175-8239-jbn-2021-0284/2175-8239-jbn-2021-0284-pt.pdf. Acesso em: 26 jun. 2023.
Shutterstock — Kan_chana. Disponível em: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/closeup-young-woman-suffering-pain-kidney-1016914231. Acesso em: 29 de jun. 2023.