s notícias sobre o câncer colorretal (CCR) ganharam relevância desde dezembro de 2022, com o câncer que afligiu o Rei Pelé. Também tem chamado à atenção o recente acometimento deste tipo de câncer em pessoas com menos de 50 anos, como as cantoras Preta Gil e Simony. Há muitos pacientes perguntando do assunto, e quem está na prática com certeza já teve algum questionamento. E, você, não pode ficar de fora, inclusive para as provas de Residência Médica e Revalida. Então, bora comigo revisar e se atualizar sobre esse tema!
Panorama sobre o câncer colorretal
Se liga só: no mundo, o Câncer de Colorretal é o terceiro câncer mais comum em incidência no sexo masculino e segundo no feminino. No Brasil, segundo dados do INCA (Instituto Nacional de Câncer), é o terceiro câncer mais comum em ambos os sexos. E, tem mais, o Câncer de Colorretal deve se tornar a principal causa de morte no Brasil em menos de uma década, segundo a Sociedade Brasileira de Patologia. O envelhecimento da população e o aumento no número de diagnósticos são as principais razões para esta mudança.
Mas o que é o câncer colorretal?
É um tumor maligno que se desenvolve no intestino grosso. E, de todos os diagnósticos de CCR, aproximadamente 60 a 70% são de cólon e o resto de reto, e o principal tipo de tumor desse órgão é o adenocarcinoma.
A idade média ao diagnóstico é por volta de 60 anos. O Câncer de Colorretal acomete principalmente pessoas acima de 50 anos, com predomínio no sexo masculino, que são cinco a dez anos mais jovens que as mulheres ao diagnóstico.
A taxa de mortalidade e a incidência, no geral, vêm reduzindo ao longo dos anos, mas a incidência de câncer colorretal em pacientes mais jovens (com menos de 50 anos) vem aumentando.
A maioria se desenvolve a partir de um pólipo adenomatoso — processo iniciado por uma lesão benigna (pólipo) —, podendo progredir ao longo de cerca de 10 a 15 anos para adenocarcinoma, como falei anteriormente.
A maioria dos tumores de cólon consiste em carcinomas, sendo que, destes, mais de 90% são adenocarcinomas.
A probabilidade de um pólipo adenomatoso se transformar em um câncer está correlacionada ao seu tamanho. Pólipos com menos de 1 cm dificilmente evoluem para câncer. Já, aqueles com 1 cm ou mais são o alvo do rastreamento para esse câncer.
Isso é muito interessante, pois o aspecto molecular é diferente entre câncer de cólon direito em relação ao esquerdo e reto. Alguns artigos relatam que os pacientes com câncer de cólon direito têm estágio mais avançado, tumor mucinoso e são mais velhos.
Leia mais: Existe diferença entre o câncer do cólon direito versus o esquerdo?
Quais são os fatores de risco do câncer colorretal?
E, você, já está careca de saber, né? Alimentação saudável (ingerir alimentos ricos em vitamina C e E; dieta rica em fibras e com pouca gordura de origem animal).
Rastreamento câncer colorretal
A Organização Mundial da Saúde (OMS) indica ações de prevenção, detecção precoce e acesso ao tratamento como caminho a ser trilhado. Dentre elas, a detecção é uma das mais visadas, uma vez que, quanto mais cedo o câncer é identificado, melhor o seu prognóstico.
Em 2021, duas importantes sociedades médicas, a US Preventive Services Task Force (USPSTF) e a American College of Gastroenterology (ACG) anunciaram as suas diretrizes com recomendações de screening (do rastreamento) do CCR.
Mas, tanto para as provas de Residência Médica ou Revalida, você tem que ficar esperto no que o Ministério da Saúde preconiza! Então, vamos lá. Até o momento, a principal estratégia de rastreamento para o câncer de cólon e reto é a utilização da pesquisa de sangue oculto nas fezes em indivíduos com 50 até 75 anos e alto risco (indivíduos com história pessoal ou familiar de câncer de intestino, de doenças inflamatórias do intestino ou síndromes genéticas, como a de Lynch), seguida pela colonoscopia naqueles com resultado positivo.
Mas, claro que o método de triagem mais adequado é a colonoscopia, lembrando que o exame deve seguir os critérios de qualidade estabelecidos para ser efetivo.
Esse exame permite a ressecção de pólipos, avaliação histológica e definição do momento do novo exame, a fim de evitar o câncer de intervalo. No entanto, sabemos que existem algumas limitações, como a disponibilidade no Sistema Único de Saúde e a resistência do paciente.
Leia mais: Março azul-marinho: Prevenção e combate do câncer colorretal em pauta
Sintomas do câncer colorretal
E, sobre os sintomas do CCR: eles só aparecem em estágios mais avançados. As principais alterações que devem chamar a atenção são:
Diagnóstico do câncer colorretal
O diagnóstico de câncer colorretal é estabelecido pelo exame histopatológico de espécime tumoral obtido por meio da colonoscopia ou do exame de peça cirúrgica. A colonoscopia, além de rastreio, é o método preferencial de diagnóstico, por permitir o exame de todo o intestino grosso e a remoção ou biópsia de pólipos que possam estar localizados fora da área de ressecção da lesão principal.
A investigação de possíveis metástases intra-abdominais e pélvicas devem ser feitas alternativamente por meio de exame de tomografia computadorizada ou ressonância magnética. A investigação de metástases pulmonares deve ser efetuada por meio de tomografia de tórax. Na suspeita de câncer retal pela história clínica, é mandatória a realização de um exame proctológico.
Estadiamento do câncer colorretal
Já feito o diagnóstico, é necessário realizar o estadiamento (este vai ficar para um próximo post), mas vou deixar um resumo para você. É utilizado o sistema TNM:
E, não para por aí, depois o estádio clínico é feito associando essas três variáveis.
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Tratamento do câncer colorretal
Os tratamentos comuns incluem cirurgia, quimioterapia e radioterapia. Tudo depende do local, do estadiamento, da extensão e das metástases. A cirurgia é feita para ressecção das lesões malignas, e a quimioterapia para evitar recorrências. Quando o paciente está em estágio muito avançado, pode ser feita a quimioterapia paliativa, para aumentar a sobrevida e melhorar a qualidade de vida.
Leia mais: mRNA e vacina contra o câncer: o que esperar para o futuro?
Por fim, o principal fator prognóstico é o estadiamento TNM. Tumores de cólon têm melhor prognóstico que tumores de reto e tumores indiferenciados e ulcerados têm pior prognóstico. Pacientes com idade menor de 40 anos apresentam doença mais agressiva.
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Bons estudos!
Por Julia da Silveira Gross
Graduada em Medicina pela Universidad del Norte (2021), revalidado pela Universidade Federal Fluminense, possui mestrado em Ciências do Movimento Humano pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2014), especialização em Fisiologia do Exercício (2013) e graduação em Educação Física pela UFRGS (2011).
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