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o nosso último #MEDCELTALKS de 2020, mediado pelo Dr. Akira, da Cardiologia, nós convidamos cinco professores para falar de forma rápida sobre os principais temas que estão sendo cobrados nas provas de Residência Médica. E na Psiquiatria, a Dra. Licia Oliveira, professora da Medcel, contribui com dicas importantes sobre ansiedade, fobias e suicídio. O vídeo completo você confere aqui, no nosso IGTV.

Pandemia, telemedicina e o impacto na Psiquiatria 

De acordo com a Dra. Licia Oliveira, a Psiquiatria teve um grande impacto com a COVID-19, tanto no aumento da procura por tratamento psiquiátrico, quanto na incidência de alguns transtornos mentais.

O contexto atual trouxe muita ansiedade para a população e o isolamento social favoreceu uma nova forma de atendimento: a telemedicina.

Os meus pacientes, em sua maioria, não querem mais voltar para o consultório presencial. E realmente é uma coisa que veio para ficar. Eu acredito que se não fosse a pandemia, demoraria mais uns 10 anos para começar a telemedicina. A receita digital foi algo muito positivo para a Psiquiatria, de forma que conseguimos atender a demanda dos pacientes de um jeito mais rápido, mais resolutivo e mais seguro para todo mundo”, explica a Dra. Lícia.

Devido a relevância do tema e ao agravamento dos transtornos mentais durante a pandemia, as questões de Psiquiatria têm aumentado nas provas e, certamente, serão assunto dos principais concursos.

Ansiedade 

A primeira dica da professora Lícia Oliveira é em relação a epidemiologia dos transtornos de ansiedade, que acometem, com mais frequência, as mulheres. A segunda dica dela é sobre as diferenciações dos vários transtornos. Para a prova, o candidato deve saber identificá-los.

Os tipos de transtorno de ansiedade mais comuns 

Quando a ansiedade evolui para uma questão patológica, ela pode ser chamada de transtorno de ansiedade. Existem alguns tipos e, a seguir, apresentamos os mais comuns.

Transtorno de ansiedade generalizada  

Quando o paciente sente ansiedade de forma intensa, atrapalhando suas atividades rotineiras. Os sintomas associados são:

  • Ansiedade elevada por várias semanas;
  • Irritabilidade;
  • Insônia;
  • Dificuldade de concentração e alteração da memória.

Transtorno do pânico  

Diferente daansiedade generalizada, o pânico evoluiu em picos. A pessoa está com um nível de ansiedade normal e, de repente, tem um pico enorme de ansiedade. Durante a pandemia de COVID-19, muitos pacientes com transtorno de pânico têm ido até o pronto-socorro, especialmente por conta da falta de ar, que é um dos sintomas da COVID-19.

Os sintomas associados ao transtorno do pânico são:

  • Falta de ar, sudorese e taquicardia;
  • Despersonalização: quando o indivíduo sente que não está dentro dele mesmo;
  • Desrealização: é quando o indivíduo não se sente inserido no mundo.

Transtornos de Estresse  

Existem três transtornos de estresse principais: transtorno de estresse agudo, transtorno de estresse pós-traumático e transtorno de adaptação. A Dra. Licia pontua que é importante saber diferenciar cada um deles.

Transtorno de estresse agudo X Estresse pós-traumático 

O estresse agudo é aquele relacionado a um evento muito forte e impactante, como assalto, estupro, tortura, entre outros traumas violentos. Nesta classificação não entra separação conjugal ou demissão de um emprego, por exemplo.Nestas situações de trauma extremo, o paciente sente muita ansiedade, fica lembrando do evento continuamente, chora e esses sintomas duram até 30 dias. No geral, o tratamento é observar e fazer psicoterapia. Já o estresse pós-traumático é parecido com o estresse agudo, com uma diferença de duração, que é maior do que 30 dias e o tratamento deve ser feito com antidepressivo.

Transtorno de adaptação 

Pode ser provocado por uma separação conjugal, pelo coronavírus e o isolamento social, pela mudança de emprego, doença de familiares, entre outros. O grande diferencial deste transtorno é que os sintomas desaparecem até 6 meses após o motivo do estresse ter ido embora. O tratamento, no geral, é psicoterapia.

TOC - Transtorno Obsessivo Compulsivo  

A pandemia causada pela COVID-19 traz à tona também outro assunto: o TOC, ou Transtorno Obsessivo Compulsivo. Geralmente é mais comum em mulheres e tem picos de incidência na infância ou no adulto jovem. Trata-se de um transtorno no qual o indivíduo tem dois grandes sintomas: obsessões e compulsões.

  • Obsessões: são pensamentos que não saem da cabeça, ou imagens persistentes e indesejadas.
  • Compulsões: comportamentos repetitivos, muitas vezes em que, a pessoa se sente compelida a executar, em resposta à obsessão.

A Dra. Licia de Oliveira alerta, porém, que a obsessão se trata de um pensamento, e não uma voz. Pergunte ao paciente de onde vem o pensamento. Se entra pelo ouvido, é uma voz e pode indicar um quadro de alucinação auditiva; se vem de dentro da cabeça, é um pensamento, o que acontece com o TOC.

Alguns dos principais sintomas:

  • Preocupação excessiva com limpeza. A pessoa tem medo de germes ou contaminação e, por isso, lava as mãos excessivamente;
  • Organizar objetos de forma simétrica e manter tudo em uma ordem perfeita;
  • Conferir a mesma coisa diversas vezes, como portas, janelas e tomadas antes de sair de casa ou dormir.
Compulsões são atos neutralizadores das obsessões. Por exemplo, se vem a obsessão de que magoou alguém, a compulsão é pedir desculpa várias vezes. Durante a pandemia aumentaram os casos de TOC, pois estamos ouvindo o tempo todo que devemos lavar a mão, passar álcool gel, entre outros. Quem já tinha um pouco de TOC relacionado à limpeza acabou aumentando a incidência deste transtorno”, conclui a Dra. Lícia.

Fobias 

Existem dois tipos de fobia, segundo a Dra. Lícia. A fobia específica e a fobia social.

Fobia específica 

Fobia de barata, fobia de aranha, fobia de altura, entre outros. Não é apenas medo, porque a maioria das pessoas sentem repulsa por barata ou aranha, por exemplo. Na fobia a pessoa muda de casa por causa de insetos indesejáveis, evita fazer coisas, perde emprego para não voar de avião, entre outros.

Fobia social 

São sintomas de ansiedade que aparecem quando o indivíduo é submetido à apreciação pública. Falar em público, dar uma aula, às vezes estacionar o carro, comer em público ou apresentar um trabalho.

Tratamento  

A primeira linha de tratamento é o inibidor seletivo da recaptação de serotonina. A Sertralina é o antidepressivo que pode ser usado no paciente cardiopata, renal crônico ou com outros problemas clínicos.

Na Cardiologia são dois os medicamentos que os médicos preconizam: Sertralina e Citalopram, mas este segundo ainda pode interferir no intervalo QT. Então, a professora Lícia recomenda que, em casos de dúvidas, e com paciente com complicações clínicas, escolha o antidepressivo Sertralina.

“Sertralina seria a primeira indicação para o paciente descompensado clinicamente, mas, inibidor seletivo da recaptação da serotonina é a indicação para todos os transtornos de ansiedade”. (Dra. Lícia Oliveira)

Benzodiazepínico 

Esse medicamento não trata transtorno de ansiedade e só adia o problema. Não é preconizado como primeira linha para nenhum desses transtornos citados acima.

Não marque na prova o Benzodiazepínico como alternativa. Ele melhora a ansiedade e pode ser usado no início, enquanto o antidepressivo demora 2 semanas para começar a fazer efeito. O Benzodiazepínico causa dependência e nunca deverá ser sua escolha na prova de Residência Médica. Será sempre um inibidor seletivo”, pontua a Dra. Licia.

Suicídio

Para as questões de prova de Residência Médica, o candidato precisa saber duas coisas sobre suicídio: fatores de risco e conduta:

Fatores de Risco 

  • Gênero: os homens são mais pré-dispostos ao suicídio. Embora a mulher faça mais tentativas, o homem toma medidas mais agressivas. Enquanto a mulher toma comprimidos ou corta os pulsos, o homem se atira de grandes alturas, faz enforcamento ou suicídio com arma de fogo.
  • Contexto de vida: desemprego, situação social difícil, doença crônica, falência, estar encarcerado. (Pessoas casadas, independente do casamento, são menos inclinadas a cometer suicídio. Outros fatores que ajudam a proteger contra o suicídio são os filhos, estar empregado, ter uma religião, entre outros).
  • Faixa etária: os grupos com maiores índices são os adolescentes e idosos.

Conduta

Paciente com ideação e planejamento, que fala sobre cometer suicídio, a conduta é internação psiquiátrica.

Não fique com medo de marcar essa alternativa na prova e nem de recomendar internação psiquiátrica para todo paciente com planejamento suicida”, orienta a professora.

Quer saber mais sobre ANSIEDADE? Leia aqui ou assista ao vídeo no nosso IGTV, no Instagram.

Sobre a Dra. Licia de Oliveira 

A Dra. Licia Milena de Oliveira é psiquiatra clínica e forense. É graduada em medicina pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo e em Filosofia pela Universidade São Judas Tadeu. Tem residência médica em Psiquiatria no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP; especialização em Psiquiatria e Psiquiatria Forense pela Associação Brasileira de Psiquiatria. Além do atendimento clínico, ela é professora da Medcel.

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2/2/21
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