Compreender os fatores que levam à obesidade infantil é essencial, já que nos últimos anos o número de crianças brasileiras na condição de sobrepeso aumentou.

Em caráter mundial, a obesidade infantil é uma preocupação significativa para a Saúde Pública devido às suas consequências, tanto em curto quanto em longo prazo. Médicos, nutricionistas, educadores e pais devem estar atentos aos sinais indicativos de risco para desenvolver sobrepeso na infância.

Em vista disso, preparamos um material com valiosas informações sobre a obesidade infantil. Você vai conferir um panorama sobre a obesidade infantil no Brasil e no mundo e relacionar os fatores de causa e risco dessa condição.  

Veja, então, o que é obesidade infantil e quais critérios estão associados às suas principais causas. Entenda os métodos para o diagnóstico, os principais fatores de risco e os tipos de tratamentos disponíveis. Aproveite a leitura!

Panorama sobre a obesidade infantil no Brasil e no mundo

Dados divulgados pela CNN Brasil apontam que o país pode ter até 50% das crianças e adolescentes entre 5 e 19 anos com obesidade ou sobrepeso até o ano de 2035. Esses números foram extraídos do Atlas Mundial da Obesidade 2024, lançado pela Federação Mundial de Obesidade.

O documento sugere a necessidade de intervenção e educação preventiva mais eficazes para um controle mais efetivo da obesidade infantil no Brasil. Além das estatísticas nacionais, o relatório inclui projeções futuras sobre a doença no mundo.

A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) também expôs a realidade dos números da obesidade infantil no país. A instituição realizou o estudo Observatório de Saúde na Infância, que revelou um quadro preocupante quanto à obesidade em crianças e adolescentes brasileiros.

Destacamos um fragmento do texto, na íntegra. Observe os principais pontos que tornam a obesidade infantil uma das temáticas mais discutidas na atualidade e um dos desafios da Pediatria.

Embora exista uma tendência de queda nos números da última década entre as crianças de até 5 anos, o excesso de peso (que inclui casos de sobrepeso e de obesidade) afetou uma em cada 10 crianças brasileiras e um em cada três adolescentes (10 a 18 anos) em 2022.
Entre 2019 e 2021, período que engloba a pandemia de covid-19, o número de crianças com excesso de peso no país cresceu 6,08%. O aumento entre os adolescentes foi ainda maior: de 17,2%.
O levantamento mostra, entre 2021 e 2022, um recuo de 9,5% no número de crianças com excesso de peso e de 4,8% de adolescentes. Apesar do recuo, no entanto, as quantidades seguem altas. Em 2022, 14,2% das crianças brasileiras de até cinco anos estavam com excesso de peso. Entre os adolescentes, o número é ainda maior: 31,2% deles estavam com sobrepeso ou obesidade.

O que é obesidade infantil

Esse quadro é caracterizado pelo excesso de peso em crianças e adolescentes. Em tese, esse conceito é definido pela Organização Mundial da Saúde (OMS), como um índice de massa corporal (IMC) igual ou maior que 95, um percentil de referência para a idade e o sexo da criança.

Entender essa definição e as comorbidades associadas é essencial para se manter atualizado na prática clínica. Além disso, esse conhecimento também ajuda a ter mais tranquilidade na prova de Residência Médica.

Nesse tipo de avaliação de obesidade infantil, isso significa que a criança está, de forma significativa, acima do peso médio esperado para sua altura e idade. Por meio dessas referências, é possível fazer um acompanhamento multidisciplinar, com vistas ao controle do peso e à manutenção da saúde.

Trabalhar intervenções centradas no combate à obesidade na infância é fundamental em termos de qualidade de vida e de melhores condições de saúde na vida adulta. Crianças obesas têm maior risco de desenvolver diabetes tipo 2, hipertensão arterial, doenças cardiovasculares e distúrbios respiratórios.

Além dos impactos sobre a saúde física, também é preciso considerar os desafios emocionais e sociais atrelados ao quadro. Nesse contexto, medidas de educação preventiva e o tratamento da obesidade infantil são essenciais para a promoção de um crescimento saudável, bem como para a redução do risco de complicações futuras.

Causas e fatores de risco da obesidade infantil

Essa é uma doença associada a causas multifatoriais, que podem incluir uma combinação de diferentes fatores. Entre os mais relevantes destacam-se as questões genéticas, comportamentais e aquelas relacionadas a determinantes ambientais.

Contudo, tanto na infância como na fase adulta, os principais fatores de risco para o sobrepeso estão associados à dieta pouco saudável. Sendo assim, as pessoas adeptas à alimentação rica em calorias, gorduras e açúcares têm mais chances de desenvolver o quadro.

De antemão, pode-se afirmar que a prevenção da obesidade infantil envolve a abordagem desses fatores de forma integrada. Na prática da Medicina, esse tema requer atenção de profissionais de todas as especialidades médicas, já que o controle da doença deve ter um caráter contínuo, dinâmico e multiprofissional.

Dada à complexidade da obesidade infantil e a sua multiplicidade de causas e fatores de risco, destacamos os aspectos mais relevantes. Veja quais são!

Alimentação inadequada

A obesidade está muito associada ao padrão alimentar, especialmente quando existe o consumo excessivo de alimentos ricos em calorias, gorduras saturadas e açúcares. Na infância e adolescência, os alimentos processados e fast-foods também exacerbam essa condição.

Além do excesso de caloria consumida nessa etapa da vida, dietas com poucas frutas, vegetais, grãos e fibras também contribuem para o excesso de peso na infância. Nesse contexto, tanto pediatras como pais e educadores devem priorizar medidas de educação preventiva centradas nas necessidades desse público.

Falta de atividade física

Crianças que não têm o hábito de praticar atividades físicas regularmente apresentam maior propensão a acumular peso. Quando somado à alimentação excessivamente calórica, o estilo de vida sedentário se torna um dos principais determinantes da obesidade infantil.

Logo, é necessário estimular mudanças na rotina das crianças: passar muito tempo em frente a telas, como celular, TV, computador e videogames, também contribui para a piora do quadro.

Herança genética

Predisposição genética e herança familiar podem aumentar a probabilidade de uma criança desenvolver obesidade. Isso pode ocorrer em qualquer fase da vida, especialmente quando combinada com outros fatores, como hábitos alimentares inadequados.

Ambiente familiar

O ambiente também é um dos determinantes para o desenvolvimento de padrões no estilo de vida. Crianças oriundas de famílias com práticas saudáveis e rotinas equilibradas são mais propensas à manutenção do peso ideal para a idade.

Logo, os padrões alimentares e o estímulo à atividade física dentro da família desempenham um papel crucial na saúde da infância e adolescência. Crianças que crescem em ambientes mais harmônicos tendem a ter mais saúde física e mental.

Questões socioeconômicas

Disparidades econômicas devem ser somadas aos fatores de risco porque podem reduzir o acesso a alimentos saudáveis. Além disso, as oportunidades para atividades físicas também são menores em comunidades com recursos limitados. Por conseguinte, a incidência de obesidade infantil pode ser maior nesses grupos.

Fatores psicossociais

Estresse, ansiedade, depressão e problemas emocionais podem levar a comportamentos alimentares compensatórios, como comer emocionalmente, o que contribui para o ganho de peso.

Padrão de sono inadequado

Tanto os distúrbios quanto os hábitos de sono inadequados estão associados a um maior risco de obesidade infantil. Isso se justifica devido aos efeitos reguladores dos hormônios sobre o apetite e o metabolismo em geral.

Obesidade infantil e doenças crônicas

As doenças crônicas são uma temática que aparece bastante em obesidade infantil nas provas. Esses quadros estão intimamente relacionados ao desenvolvimento de várias condições, que podem ter impactos importantes na saúde ao longo da vida.

Elencamos as principais doenças crônicas que costumam surgir em decorrência da obesidade infantil. Confira!

Diabetes tipo 2 (DM 2)

Nas últimas décadas, a DM 2 era considerada uma doença predominantemente de adultos. Mas atualmente, ela está se tornando mais comum em crianças e adolescentes.

Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) indicam que 62 milhões de pessoas vivem com diabetes nas Américas. Destaca, ainda, o aumento do número de DM2 na infância, condição associada a complicações que se estendem até a vida adulta.

As correlações fisiopatológicas são claras: em crianças obesas, o corpo não consegue utilizar a insulina adequadamente. Consequentemente, isso leva a um maior dificuldade para controlar os níveis de açúcar no sangue, o que eleva o risco para o diabetes.

Hipertensão arterial

Outra doença que deixou de ser predominante em adultos e idosos é a hipertensão. Essa mudança também está associada ao excesso de peso infantil, que aumenta o risco de pressão arterial elevada e de complicações cardiovasculares ao longo do tempo.

Doenças cardiovasculares

A obesidade na infância é um dos fatores de risco para o desenvolvimento precoce de dislipidemias e aterosclerose. Além disso, o peso elevado também pode causar outras complicações cardiovasculares, como a doença arterial coronariana.

Distúrbios respiratórios

Crianças com peso elevado têm chance aumentada de desenvolver quadros ligados ao aparelho respiratório e à função gastrointestinal. Tanto que a obesidade na infância está associada ao risco de apneia do sono, asma e Doença do Refluxo Gastro Esofágico (DRGE) são comuns.

Problemas ortopédicos

Quando o peso corporal está em excesso, há maior pressão sobre os ossos e articulações. Nesses casos, existe maior risco de desenvolver problemas como osteoartrite, escoliose e outras condições osteoarticulares.

Critérios para o diagnóstico

O diagnóstico de obesidade é obtido por meio da avaliação médica, que considera aspectos do histórico clínico e familiar do paciente. O principal critério é a avaliação do Índice de Massa Corporal (IMC). Para obter o IMC, divide-se o peso (em Kg) pelo quadrado da altura (em metros),

Além do diagnóstico de obesidade, esse valor também aponta níveis de magreza, que são usados como referência para nortear o tratamento e acompanhamento profissional.

A faixa de peso normal varia entre 18,5 e 24,9 kg/m². Independentemente da idade, um indivíduo é considerado obeso quando o resultado do IMC é maior ou igual a 30 kg/m². Com vistas ao melhor controle da doença, também é preciso considerar o IMC entre 25 e 29,9 kg/m². Esse intervalo caracteriza o sobrepeso, com risco de prejuízos à saúde.

Tratamento e prevenção da obesidade

Com vistas ao controle mais efetivo da doença, o ideal é que as intervenções médicas e nutricionais sejam personalizadas de acordo com as necessidades individuais da criança. Nessa investida, fatores como idade, herança familiar ou genética, nível de comprometimento da doença e condições médicas associadas devem ser consideradas.

O tratamento da obesidade infantil deve ser abrangente e centrado em aspectos multidisciplinares. Além da redução do peso, também é necessário focar em medidas que visem à promoção de hábitos de vida saudáveis a longo prazo.

Entre os pontos cruciais do tratamento e prevenção da obesidade infantil no Brasil, os mais relevantes incluem:

  • estímulo a mudanças no estilo de vida;
  • adoção de dieta saudável;
  • promoção de atividade física;
  • aconselhamento e suporte familiar;
  • educação dos pais e cuidadores sobre nutrição infantil;
  • apoio psicológico para modelagem de comportamentos saudáveis;
  • estabelecimento de rotinas alimentares saudáveis;
  • monitoramento médico regular.

Além da intervenção comportamental, o tratamento medicamentoso e a cirurgia bariátrica também são alternativas bastante utilizadas para tratar essa condição. As cirurgias são realizadas por equipes de profissionais da Gastroenterologia e da Cirurgia Geral.

O papel do médico na prevenção da obesidade infantil

Além das complicações à saúde física, a obesidade infantil também impacta significativamente as questões emocionais. Logo, é necessário avaliar a influência dos aspectos psicossociais, como bullying, baixa autoestima, depressão, ansiedade e isolamento social.

Cabe ao médico orientar, contextualmente, sobre os riscos identificados e que causam prejuízos à saúde integral da criança. Um dos pontos fundamentais é minimizar os efeitos negativos da tecnologia sobre o ganho de peso.

Nesse sentido, o ideal é incentivar um equilíbrio saudável na utilização diária dessas tecnologias. Buscar alternativas que possam limitar o tempo de tela ou substituir as tecnologias por outras atividades pode trazer bons resultados.

Por fim, vale ressaltar que o controle dos impactos resultantes da obesidade infantil sobre a saúde é um desafio para a classe médica. Quem optar por Residência Médica em Pediatria, Cardiologia ou Metabologia certamente terá a oportunidade de estimular mudanças positivas no estilo de vida, com vistas à redução do risco de complicações crônicas associadas à doença.

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12/9/24
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