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A dislipidemia é um fator de risco cardiovascular importante, principalmente pelo desenvolvimento de aterosclerose, e tem alta prevalência no Brasil, em torno de 43 a 60%. Ela é caracterizada por anormalidades nos níveis plasmáticos de lipídios, incluindo Colesterol Total (CT), lipoproteína de baixa densidade (LDL), lipoproteína de alta densidade (HDL) e triglicérides (TG).
Essas anormalidades estão intimamente associadas ao desenvolvimento de doenças cardiovasculares, como aterosclerose e doença arterial coronariana. Fique esperto, pois é um baita tema para cair em questões discursivas, podendo aparecer tanto em Clínica Médica quanto em Medicina Preventiva. Quer saber mais? É só continuar a leitura.
As dislipidemias podem ser classificadas, em relação aos valores laboratoriais, como primárias — origem genética — e secundárias — estilo de vida, medicações e comorbidades.
Valores laboratoriais
- Hipercolesterolemia isolada: aumento isolado do LDL maior ou igual a 160 mg/dL;
- Hipertrigliceridemia isolada: aumento isolado dos triglicérides maior ou igual a 150 mg/dL em jejum ou 175 mg/dL sem jejum;
- Hiperlipidemia mista: aumento do LDL maior ou igual a 160 mg/dL e dos valores anteriores de TG. Se TG maior ou igual a 400 mg/dL, na fórmula de Friedewald, utilizar como base valores de não HDL maiores ou iguais a 190 mg/dL;
- HDL baixo: abaixo de 40 mg/dL em homens e abaixo de 50 mg/dL em mulheres, isolado ou em associação com aumento de LDL ou TG.
Dislipidemias primárias
Suspeitar na presença de:
- Níveis anormais de colesterol, LDL acima de 190 mg/dL e CT maior ou igual a 310 mg/dL em adultos;
- Alterações no exame físico, como xantomas tendinosos, arco senil precoce — menos de 45 anos — e xantelasmas;
- Antecedente de doença aterosclerótica precoce em familiares e eventos cardiovasculares na infância ou adolescência.
Nesse contexto, vale a pena citar a Hipercolesterolemia Familiar (HF), doença genética autossômica dominante caracterizada por níveis elevados de colesterol LDL desde o nascimento. É uma das formas mais comuns de doença genética hereditária, representando um fator de risco significativo para o desenvolvimento precoce de doença arterial coronariana e eventos cardiovasculares adversos, como infarto do miocárdio e acidente vascular cerebral. A HF é causada por mutações em genes que regulam o metabolismo do colesterol. Essas mutações resultam em uma diminuição da remoção eficiente do LDL colesterol da circulação sanguínea, levando a níveis persistentemente elevados de LDL colesterol e subsequente deposição de colesterol nas artérias.
Os sintomas clínicos da HF variam de leves a graves, podendo incluir xantomas, xantelasmas, arco senil e doença arterial coronariana prematura. No entanto, muitos pacientes com HF podem ser assintomáticos por longos períodos, e frequentemente o diagnóstico é feito por meio de exames laboratoriais de rotina que revelam níveis elevados de colesterol LDL.
O manejo da HF envolve uma abordagem multidisciplinar que inclui modificação do estilo de vida —dieta saudável, exercícios físicos regulares e cessação do tabagismo —, uso de medicamentos hipolipemiantes — estatinas, ezetimiba e inibidores da PCSK9 — e, em casos selecionados, terapia de aférese de LDL. O diagnóstico precoce e o tratamento agressivo são essenciais para reduzir o risco cardiovascular em pacientes com HF e para prevenir complicações graves a longo prazo.
Dislipidemias secundárias a doenças e estilo de vida inadequado
Dislipidemias secundárias a medicações
Metas terapêuticas
A Sociedade Brasileira de Cardiologia estima o risco cardiovascular em todos os pacientes com dislipidemia, por meio do Escore de Risco Global (ERG), em: muito alto risco, alto risco, risco intermediário e baixo risco.
O ERG estima o risco de infarto do miocárdio, acidente vascular encefálico ou insuficiência cardíaca, fatais ou não fatais, ou insuficiência vascular periférica em 10 anos. Deve ser utilizado na avaliação inicial ou mesmo em pacientes já em uso de estatinas. São vários parâmetros, que não tem como decorar. O que você deve saber são as metas terapêuticas de cada risco:
Tratamento
Com relação ao tratamento não farmacológico, indica-se dieta, exercício físico e cessação do tabagismo. Para o tratamento farmacológico que atua no colesterol, temos estatinas — primeira escolha — e ezetimiba. Para o tratamento que atua no TG, temos fibratos, ácidos graxos ômega 3 e ácido nicotínico.
Estatinas
Fibratos
Bons estudos!
Leia mais: Fatores de Risco Cardiovasculares: O que cai na prova?
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Referências
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde. Departamento de Gestão e Incorporação de Tecnologias e Inovação em Saúde. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Dislipidemia: prevenção de eventos cardiovasculares e Pancreatite. Brasília: Ministério da Saúde, 2020. 36 p. Disponível em: https://www.gov.br/conitec/pt-br/midias/protocolos/publicacoes_ms/pcdt_dislipidemia_prevencaoeventoscardiovascularesepancreatite_isbn_18-08-2020.pdf. Acesso em: 20 jun. 2024.
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