Ultimamente, a Medicina endocanabinoide é uma das temáticas mais discutidas no meio médico científico. O foco tem sido nos potenciais terapêuticos da Cannabis devido à possibilidade de seu uso para o controle de diversas doenças.  

Tendo isso em vista, hoje vamos explicar o que é a Medicina endocanabinoide, como ela surgiu e quais são as suas projeções para o futuro. Saiba, também, como é a ação do sistema endocanabinoide nesse processo terapêutico. Acompanhe!

O que é a Medicina endocabinoide

Em tese, essa é uma área emergente que explora as potencialidades da planta Cannabis considerando o seu potencial terapêutico. Os pilares dessa ação se baseiam, principalmente, no impacto do sistema endocanabinoide (SEC) do organismo humano.

De maneira global, existem muitas pesquisas e estudos sobre o tema. Essa corrida por mais descobertas sobre as possibilidades da Medicina endocabinoide requer constante atualização.

A meta dos pesquisadores envolvidos é desenvolver novos medicamentos que estejam adequados às normas de regulamentações locais e também internacionais. Ainda existem estigmas e preconceitos quanto ao uso medicinal da Cannabis, o que pode limitar as oportunidades em um mercado inovador e bastante promissor para a saúde coletiva.

Como funciona o sistema endocabinoide

Do ponto de vista histórico, a Cannabis sativa já era utilizada para fins medicinais há vários séculos. Porém, até os anos 1950, o conhecimento sobre a planta era bastante limitado. Somente após esse período, com o desenvolvimento de novas técnicas pela indústria farmacêutica, que o tema começou a ser mais explorado.

Sendo assim, houve maior interesse em pesquisas científicas centradas em Medicina Endocanabinoide. Sua aplicabilidade engloba, inclusive, o controle de doenças crônicas. Isso impulsionou o crescimento e, exponencialmente, resultou em mais investimentos devido à descoberta do sistema endocanabinoide.

De modo geral, esse sistema tem efeitos de regulação considerados vitais para o corpo humano. Isso porque ele está envolvido na maioria dos processos fisiológicos e patológicos responsáveis pela modulação dos órgãos e sistemas.

Essa ação resulta dos mecanismos de interação dos receptores endocanabinoides, que atuam por meio de seus ligantes. Assim, esse sistema consegue regular e modular as condições essenciais para o funcionamento do metabolismo. Entre os efeitos desse sistema, pode-se destacar:

  • controle do gasto energético;
  • função cardiovascular;
  • sistema imunológico;
  • os processos inflamatórios;
  • os processos de aprendizagem;
  • ativação da memória.

Os fitocanabinoides

O Tetrahidrocanabinol, ou simplesmente THC, é a principal substância psicoativa que está presente nas plantas da Cannabis sativa. Porém, ele integra o grupo com cerca de 400 compostos da planta, do qual também faz parte os canabinoides, com efeitos terapêuticos sobre a saúde.

Nesse grupo, os principais canabinoides são:

  • canabidiol (CBD);
  • canabinol (CBN);
  • tetrahidrocanabivarin (THCV).

Entre os fitocanabinoides principais, o THC causa a maioria dos efeitos farmacológicos e adversos da cannabis, com destaque para o seu efeito psicoativo. Na Medicina endocabinoide, o THC tem importante ação analgésica, antiespasmódica e antiemética.

Depois de recentes pesquisas na área, a substância passou a ser usada como estimulante do apetite e também para diminuição dos movimentos peristálticos do intestino.

Já o CBD, seu efeito psicotrópico é diferente do THC: ele atua por mecanismos distintos, muito embora também tenha propriedades analgésicas, ação antiinflamatória, anticonvulsivantes e antipsicóticas. Ultimamente, a substância está sendo empregada também para controle da ansiedade.

Com isso, o uso medicinal das propriedades terapêuticas dos fitocanabinoides tem sido importante para auxiliar no controle de sintomas de muitas doenças. Por meio desses tratamentos, já é possível proporcionar mais bem-estar e qualidade de vida para os pacientes,

Utilidade do canabidiol para controle de doenças neuropsiquiátricas

Há uma grande quantidade de doenças sistêmicas que podem ser controladas com intervenções baseadas nos canabinóides. Seu uso medicinal engloba desde transtornos de ansiedade e depressão até doenças autoimunes, como a Esclerose Lateral Amiotrófica ELA).

Contudo, os pesquisadores estão com boas perspectivas quanto às descobertas mais recentes das funções terapêuticas do canabidiol (CBD) para uso na Psiquiatria. Essa substância tem potencial para tratamento em saúde mental e demências, como o mal de Alzheimer e a doença de Parkinson.

Considerando que as doenças neurodegenerativas têm em comum a morte celular em decorrência de danos oxidativos, o foco dos novos estudos é descobrir como o CDB poderia interagir, simultaneamente, com o sistema endocanabinoide.

De igual modo, se os canabinoides interagissem com outros sistemas independentes dele, talvez trouxessem benefícios significativos como antioxidantes. Ou seja, poderiam representar ótimas alternativas para a prevenção e controle do avanço desse tipo de doença.

Tais hipóteses são sustentadas pelo fato de os antioxidantes funcionarem como terapias bem eficazes contra os processos neurodegenerativos. Sua efetividade é sustentada pela capacidade desses compostos de impedir a interação do estresse oxidativo com os íons metálicos da placa neural.

A regulamentação do canabidiol no Brasil

Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) tem proposto Resoluções que têm contribuído com o uso medicinal da substância. Em 2015, os canabinoides foram retirados da lista de medicamentos proibidos pela agência reguladora. Esse foi um importante passo para iniciar os tratamentos para epilepsia refratária.

A Resolução da Anvisa possibilitou mudanças significativas para a inserção desses produtos como alternativa terapêutica. Quatro anos depois, uma nova decisão da Anvisa possibilitou a produção, comercialização, importação e a prescrição de medicamentos à base de Cannabis.

Desde então, os medicamentos fabricados com CBD passaram a ser vendidos, assim como outros canabinoides liberados para tratamento sob supervisão médica. Além disso, a regulamentação também definiu importantes critérios que objetivam a segurança e a qualidade terapêutica.

Perspectivas para o tratamento com endocabinoides no futuro

Porém, ainda que seja para finalidade terapêutica, o cultivo da Cannabis no Brasil segue com bastante restrição. Por essa questão, boa parte dos produtos continua sendo importada, o que torna o tratamento mais caro.

De modo geral, o tratamento com canabidiol tem se apresentado como um campo bastante promissor. A própria indústria farmacêutica tem visto com bons olhos essas novas possibilidades de intervenção.

Como você viu, mesmo que a Medicina endocanabinoide represente benefícios significativos para o tratamento de muitas doenças, essa área ainda tem desafios a serem superados. Mesmo assim, é importante explorar o potencial dessas substâncias para melhorar o bem-estar e a qualidade de vida dos pacientes.

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