transtorno do espectro autista (TEA) é um distúrbio do neurodesenvolvimento com que uma em cada 100 crianças é diagnosticada, segundo a Organização Mundial da Saúde. As características desta condição podem ser detectadas nos primeiros anos de vida, mas muitas vezes este transtorno é diagnosticado mais tarde. Por isso e para entender melhor como tratar melhor os sintomas do autismo, pesquisadores têm continuamente estudado a condição e feito novas descobertas.
Confira, a seguir, alguns dos últimos avanços em pesquisas sobre autismo.
Crescimento anormal de estrutura cerebral em bebês pode estar relacionado ao autismo
Já se sabia que a amígdala é significativamente maior em crianças em idade escolar diagnosticadas com autismo. Mas, agora, pela primeira vez, pesquisadores da Rede Infantil Brain Imaging Study (IBIS), que inclui a Universidade de Washington, usaram imagens de ressonância magnética (RM) para demonstrar que a amígdala cresce muito rapidamente em bebês que têm autismo.
O crescimento excessivo começa entre 6 e 12 meses de idade, antes que as características do autismo surjam completamente. Isto sugere que a condição poderia ser diagnosticada mais precocemente. Segundo a pesquisa publicada no American Journal of Psychiatry, o aumento do crescimento da amígdala em bebês que mais tarde foram diagnosticados com autismo difere significativamente dos padrões de crescimento do cérebro de bebês com outro transtorno do neurodesenvolvimento.
“Também descobrimos que a taxa de supercrescimento da amígdala no primeiro ano está ligada aos déficits sociais da criança aos dois anos de idade”, disse o autor do estudo, Mark Shen, professor assistente de psiquiatria e neurociência da Universidade da Carolina do Norte Chapel Hill.
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Ocitocina intranasal e interação social positiva melhoram os sintomas no autismo
Um recente estudo publicado no medRxiv.org afirma que a nova ocitocina intranasal em dose reduzida, seguida por um período de interação social positiva, melhorou os sintomas em crianças pequenas com transtorno do espectro do autismo.
Este é o primeiro estudo controlado por placebo a demonstrar mudanças na pontuação do Autism Diagnostic Observation Schedule–2 (ADOS-2) com ocitocina intranasal. Os pesquisadores afirmam que foi um estudo piloto duplo-cego, randomizado e cruzado com 41 crianças com TEA com idades entre 3 e 8 anos.
Com isso, os participantes receberam placebo intranasal durante um período de duas semanas. Depois disso, foram aleatoriamente designados em uma proporção de 1:1 para receber um tratamento de seis semanas de ocitocina intranasal ou placebo intranasal a cada duas manhãs, seguido por uma interação social positiva em sessão de 30 minutos.
No acompanhamento de seis meses, a pontuação Escala de Responsabilidade Social, Segunda Edição (SRS-2) permaneceu significativamente melhor no grupo de ocitocina intranasal em comparação com os pacientes que receberam placebo.
Marcadores na saliva são relacionados a distúrbios intestinais em crianças com autismo
Um grupo de pesquisadores identificou marcadores na saliva que expressam diferenças em crianças com autismo que apresentam distúrbios gastrointestinais. O estudo foi publicado na Frontiers in Psychiatry e afirma que essa descoberta marca o início de uma compreensão das diferenças biológicas que separam crianças com TEA com e sem distúrbios gastrointestinais.
Certos distúrbios, como a constipação, são comuns em crianças com autismo. Por isso, o estudo avaliou 898 crianças com idades entre 18 e 73 meses, nos Estados Unidos. Ao todo, 503 tinham TEA. Deste grupo de crianças com autismo, 184 tinham distúrbios gastrointestinais, como constipação, refluxo, diarreia crônica ou dor abdominal, e intolerância alimentar.
Assim sendo, os pesquisadores usaram um cotonete para obter uma amostra da saliva dos pacientes em jejum. A análise identificou 12 microRNAs que apresentaram relações com distúrbios gastrointestinais, comportamento e uso de medicamentos gastrointestinais. O estudo é a "primeira exploração" de possíveis alvos específicos para o tratamento de distúrbios gastrointestinais no autismo, disse o pesquisador David Q. Beversdorf, MD, professor de radiologia, neurologia e psicologia, Departamento de Ciências Psicológicas da Universidade de Missouri, Columbia, ao Medscape.
Agora, o grupo de pesquisadores planeja estudar se os biomarcadores de RNA determinam quais pacientes respondem a diferentes tratamentos direcionados à constipação.
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Novo algoritmo poderia detectar autismo em “impressões digitais” do cérebro
Pesquisadores de Stanford desenvolveram um algoritmo que pode ajudar a discernir se alguém tem autismo ao analisar exames cerebrais. Segundo o estudo publicado no Journal of Psychiatric Neuroscience and Therapeutics, o novo algoritmo, impulsionado pelos por inteligência artificial (IA), também prevê a gravidade dos sintomas do autismo em pacientes de forma individual.
De acordo com os pesquisadores, o algoritmo analisa os dados coletados por meio de exames de ressonância magnética funcional. Assim, essas varreduras capturam padrões de atividade neural em todo o cérebro. Ao mapear essa atividade ao longo do tempo nas muitas regiões do cérebro, o algoritmo gera “impressões digitais” da atividade neural. Embora únicas para cada indivíduo, assim como as impressões digitais reais, as impressões digitais cerebrais compartilham características semelhantes, permitindo que sejam classificadas.
O algoritmo selecionou um grupo de pacientes que médicos humanos haviam diagnosticado com autismo e atingiu 82% de precisão.
Dessa forma e com maior aprimoramento, este algoritmo poderia levar a diagnósticos mais precoces, terapias mais direcionadas e maior compreensão das origens do autismo no cérebro.
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