A primeira semana de agosto, no meio médico, é usada para difundir os conhecimentos acerca do aleitamento materno. O leite materno é recomendado como alimento exclusivo para bebês de até 6 meses, com introdução de outros alimentos a partir desta data, continuando o aleitamento até 2 anos ou mais. Diferentemente do que muitos pensam, o leite materno não fica mais fraco depois dos 6 meses, o que muda é a necessidade do bebê, que precisa de mais nutrientes. Neste texto, falaremos sobre pontos que costumam cair nas provas de Residência para te dar uma força a mais nos estudos. Vamos lá?
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Impossibilidade do Aleitamento
Na impossibilidade do aleitamento materno, recomenda-se a fórmula infantil. A Sociedade Brasileira de Pediatria não recomenda o uso de leite de vaca até que a criança complete 1 ano de idade. Porém, o Ministério da Saúde diz que caso a mãe não possa amamentar e não tenha condição de comprar a fórmula infantil, em último caso e como única opção, pode-se usar o leite de vaca diluído em bebes menores de 4 meses e começar a introdução alimentar aos 4 meses. A partir de 4 meses o leite não precisa mais ser diluído, porém ainda não é recomendado. Ainda de acordo com o Ministério da Saúde o leite de vaca já pode ser introduzido partir dos 9 meses de idade. Por isso, na hora da prova, atente-se ao enunciado, já que o Ministério da Saúde e a SBP recomendam o leite de vaca de formas diferentes.
Diferenças entre leite materno e leite de vaca
Este tema cai muito em provas. A Kcal é praticamente a mesma. Uma das grandes diferenças está na quantidade de proteína no leite de vaca, que é bem maior do que no leite materno, com proporção de 3,5% no leite de vaca e 1,5% no leite materno; essa diferença pode acarretar, por exemplo, em sobrecarga renal e, a longo prazo, pode aumenta o risco de obesidade.
Outro ponto é a proporção da proteína caseína, uma das responsáveis pela saciedade. No leite materno, temos 30% de caseína nas proteínas gerais, enquanto no leite de vaca, temos 70%.
O tipo da proteína do soro do leite é diferente, também. No leite materno, nós temos lactalbumina e no leite de vaca temos a beta lactalbumina. Considerando que o leite materno é produzido para humanos e o leite de vaca para bezerros, é interessante pensar que essa beta lactalbumina será interpretada pelo corpo do bebê como um corpo estranho, ativando o sistema imunológico. Então, pode ser que o bebê apresente, ao ingerir leite de vaca, sintomas como diarreia, alergias de pele, dentre outras e, na presença destes sintomas, a principal hipótese será de alergia à proteína do leite de vaca e não intolerância à lactose.
Essa é uma pegadinha comum na prova porque o leite materno tem mais lactose do que o leite de vaca. No leite materno, há cerca de 6,5% de lactose e no leite de vaca, 4,5%. Por isso, se ocorre a substituição do leite materno pelo leite de vaca e a criança apresenta alguma reação, é mais provável que seja alergia ao leite de vaca, já que o leite materno possui maior quantidade de lactose e a troca pelo leite de vaca diminuiria a exposição do bebê à lactose. Pode existir intolerância a lactose em um bebê? Sim, porém é raro.
Ainda falando sobre as proteínas, somente no leite materno teremos proteínas de células de defesa que podem aumentar a imunidade, e não podemos deixar de falar sobre o ferro. Não há tanta diferença na quantidade de ferro de um leite para o outro, mas, no leite materno, temos a presença de lactoferrina, que será responsável pela melhor absorção do ferro e, com isso, diminuir as chances de anemia.
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Diferença entre colostro e leite maduro
Um tema que pode cair em provas, e é preciso entender as diferenças básicas. Colostro: líquido mais viscoso, com mais proteínas, minerais, vitaminas lipossolúveis, fatores de crescimento, células de defesas, entre outros. Por volta de 3 dias a 1 semana depois do parto, vem o leite maduro: tem as mesmas propriedades, mas em menores quantidades.
Técnica da amamentação
A Técnica nunca muda e é uma questão que sempre cai. O que devemos avaliar: Ponto de posicionamento adequado e pega adequada.
Posicionamento
Lembre-se de uma mãe amamentando. O rosto do bebê deve estar virado para a mama e o corpo alinhado, também próximo à mãe. A mãe deve apoiar o braço no corpo do bebê.
Pontos da pega adequado
Boca de peixe (lábio inferior virado para fora), bem aberta e pega a auréola. Quando está pegando só o bico do peito, está errado. O queixo deve tocar a mama para que o nariz não toque na mama e o bebê consiga respirar e, por fim, a auréola deve ser mais visível acima da boca do bebê.
Dica importante: quando temos níveis limítrofes de glicemia, por exemplo, a primeira verificação que se deve fazer é, justamente, o posicionamento e a pega adequada do bebê.
Doenças e contraindicação de amamentação
No Brasil, há basicamente 3 doenças em que a amamentação é totalmente contraindicada no Brasil, caso a mão esteja infectada. Porém, há outros fatores que podem interferir e podem fazer com que a mãe interrompa a amamentação:
HTLV1, HTLV2 e HIV
Contraindicado amamentação no Brasil.
Tuberculose
Depende. Existem 3 situações:
- Situação 01: Se o tratamento começou pelo menos 2 semanas antes do parto ou se a mãe for comprovadamente abacilífera, a mãe pode amamentar.
- Situação 02: Lactante começa a ter sintomas de tuberculose ativa. Durante o período da investigação – quando ainda não temos certeza – a amamentação deve ser suspensa. Porém, como não passa para o leite, tomando as devidas precauções, o leite pode ser ordenhado pela mãe e passado para o bebê por uma outra pessoa. A partir do momento em que a mãe iniciar o tratamento, pode voltar a amamentar, usando máscara e tomando todos os cuidados de higiene recomendados pelos médicos. Após as duas primeiras semanas, pode amamentar normalmente.
- Situação 03: Mãe TBMDR – em um primeiro momento, não pode amamentar até ser comprovado que a mãe esteja abacilífera. Como a mãe é comprovadamente resistente à medicação, deve-se fazer acompanhamento.
Mastite por tuberculose
Mastites bacterianas de forma geral não há contraindicação de amamentação. Porém, quando mastite por tuberculose, a amamentação é contraindicada até a mãe estar curada, pois o bebê não pode ter contato com esta secreção.
Hepatites
- Hepatite A: Pode amamentar.
- Hepatite B: Pode amamentar se fizer profilaxia no bebê: vacina de hepatite B e de imunoglobulina do nascimento até 12 horas após o nascimento. Lembrando que as aplicações no corpo do bebê das duas vacinas devem ser administradas em locais diferentes.
- Hepatite C: Pode amamentar, caso não haja lesão ou sangramento. Embora acredite-se que possa haver passagem do vírus pelo leite materno, não há comprovação de que o vírus disto. Por isso, a decisão final deve ser feita em conjunta entre a mãe e o médico responsável se deve continuar a amamentação.
Catapora (Varicela)
A mãe pode amamentar, exceto quando a manifestação da doença ocorre entre 5 dias antes do parto e 2 dias depois do parto.
Candidíase
Pode amamentar normalmente. Vale a dica: se a mãe sentir fisgadas durante a amamentação, pode ser sinal de que a mãe e o bebê estejam infectados e precisam ser tratados.
Coronavírus
Ainda não há comprovação de transmissão pelo leite materno. Logo, por enquanto, não há contraindicação. Vale sempre verificar a informação antes de fazer a sua prova, já que é uma doença nova.
Sífilis
Pode amamentar, a não ser que tenha lesão na mama.
Citomegalovírus
Pode amamentar, a não ser que o RN tenha menos 1,5KG e/ou menor de 30 semanas. Ou seja, o RN precisa cumprir os dois requisitos.
Febre amarela
A mãe infectada pode amamentar, porém a diretriz recomenda a suspensão de 4 dias no início da doença por precaução. Caso a mãe tenha tomada a vacina de febre amarela, é recomendada a suspensão da amamentação quando o RN tem menos de 6 meses. Caso seja necessário tomar a vacina, deve-se suspender a amamentação por 10 dias. Durante este período, o RN pode receber leite ordenhado antes da vacina. Durante os 10 dias, deve-se ordenhar e descartar o leite. A ordenha é importante para que a mãe mantenha a amamentação posteriormente.
Conservação de leite materno ordenhado
- Em temperatura ambiente: 2 horas de validade. Após, deve ser descartado.
- Em geladeira: 12 horas de conservação em temperatura máxima de 5ºC.
- Congelado: pode ser conservado por 15 dias, em temperatura de -3ºC.
- Pasteurizado em bancos de leite: pode ser armazenamento por 6 meses, com temperatura em -10ºC.
- Armazenamento: deve ser feito preferencialmente em recipiente esterilizado de vidro, com tampa plástica.
- Descongelamento: deve ser feito em banho maria – e não em temperatura ambiente.
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Medicamentos
Existem diversas variáveis que irão definir se um medicamento pode ou não interromper uma amamentação e isso deve ser discutido com o médico. Um ponto de atenção: caso a mãe faça uso de medicamentos oncológicos, ela não poderá amamentar de forma alguma.
Medicação estimulante
A recomendação das organizações é de que não se pode fazer uso de nenhum medicamento que estimule a produção de leite para amamentação.
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Texto originado do Medcel Talks.