insônia é um sintoma muito comum em praticamente todas as patologias psiquiátricas. Mas quando ela pode se tornar realmente um problema maior? Em tempos de pandemia, o desconforto com a ansiedade e a insônia tendem a aumentar. Pensando nisso, listamos alguns tópicos sobre a insônia, para você revisar e estudar para a prova de R1. Tome nota!
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A Insônia
A insônia pode ser definida pela incapacidade que um indivíduo tem de iniciar e/ou manter o sono. Geralmente ela está relacionada a distúrbios do humor, como depressão e transtornos de ansiedade. É preciso observar com qual frequência a insônia ocorre no paciente, pois se ela acontecer pelo menos três vezes por semana e se estender por mais de três meses, a pessoa tem um quadro crônico e precisa tratar.
Noites mal dormidas causam irritação, dificuldades cognitivas, dores de cabeça, dores no corpo e diversas mudanças no metabolismo que deixam o organismo suscetível à outras doenças, como doenças cardiovasculares e depressão, por exemplo.
Insônia na prática!
A insônia acontece, também, com quem não tem uma patologia psiquiátrica. De acordo com a Dra. Licia, professora na Medcel, o organismo se adapta conforme as necessidades de sono de cada indivíduo. Antigamente, se dizia que a pessoa com insônia era aquela que dormia menos de 6 horas, porém, este conceito já está ultrapassado.
O conceito de insônia está muito mais aberto para as necessidades do paciente. E, claro, isso complica um pouco os atendimentos. A Dra. Licia de Oliveira alerta que as queixas de insônia devem ser muito bem analisadas na consulta. É preciso conhecer a rotina do paciente para entender se o tempo de sono está prejudicando a sua vida ou se trata de um desejo de dormir mais.
Os tipos de insônia
Ao diagnosticar um paciente com insônia, é fundamental entender a diferença entre os dois tipos existentes: insônia inicial e insônia terminal.
Insônia inicial
Acontece quando o paciente tem dificuldade para pegar no sono. É uma situação mais comum nos quadros de ansiedade. Nesse caso, a pessoa se deita na cama, se mexe muito procurando uma posição confortável e demora para dormir.
Insônia terminal
A pessoa consegue dormir, mas acorda no meio da noite e perde o sono. Esta é mais comum em transtornos depressivos e transtornos de humor. O paciente normalmente acorda durante a madrugada e fica pensando várias coisas que o impedem de pegar no sono novamente.
Há, ainda, o paciente que sofre com os dois tipos, insônia inicial e terminal. Ele demora a dormir e acorda precocemente. A diferenciação desses tipos de insônia é importante para caracterizar um quadro psiquiátrico paralelo da insônia. A primeira análise que deve ser feita é se a pessoa tem um quadro de transtorno de ansiedade, transtorno de humor ou se está tomando alguma medicação que tire o sono ou dê sono demais – o que faz com que o paciente durma durante o dia e perca o sono durante a noite.
Possíveis causas para a insônia
Nos dois tipos de insônia, é importante avaliar todas as possíveis causas, como problema na tireoide, hipotireoidismo e deficiência de vitamina D. É importante tratar essas outras condições antes de receitar remédios para dormir.
As causas mais comuns da insônia são:
- Estresse;
- Estilo de vida e hábitos inadequados;
- Transtornos mentais, neurológicos ou hormonais;
- Dores crônicas;
- Uso de medicamentos;
- Fatores desencadeantes como perda de ente querido, isolamento social em tempos de pandemia, conflitos pessoais ou problemas no trabalho.
E quando o paciente não tem nenhuma dessas condições que podem causar insônia? Ele não tem nenhum quadro psiquiátrico, não toma medicamentos que possam impactar, os exames estão ótimos e ele não dorme durante o dia. A primeira coisa a ser feita é a higiene do sono.
A importância da higiene do sono
Segundo a Dra. Licia de Oliveira, muitas vezes as pessoas não sabem como dormir. Por isso, o primeiro passo antes de qualquer tratamento com drogas é explicar para o paciente que ele deve dormir com a luz apagada, sem a televisão ligada, sem usar o celular até pegar no sono e, claro, em um lugar confortável. Os rituais são importantes para avisar o cérebro que estamos indo dormir.
Não é recomendado:
- Exercício físico durante a noite;
- O consumo de bebidas alcoólicas e outras bebidas estimulantes, como café, refrigerante de cola, chá preto ou chá verde.
À primeira vista, as dicas podem parecer óbvias. Mas, muitos pacientes precisam dessas instruções. E, claro, precisam seguir para perceber os resultados. O que não acontece com muitos deles, que não estão dispostos a mudar hábitos e querem resolver apenas com o uso de remédios.
Tratamentos para insônia
Caso a higiene do sono não tenha efeitos positivos, é hora de seguir para o tratamento.
De acordo com a Choosing Wisely, instituição que indica boas práticas para medicar em psiquiatria, a principal orientação é não receitar medicação sem necessidade, especialmente se é possível realizar o tratamento com orientação de conduta.
Dentre as escolhas possíveis para o uso de medicação, a Dra. Licia de Oliveira recomenda, inicialmente, os fitoterápicos, como Passiflora, Valeriana e chá de folha de maracujá. A segunda opção é a Melatonina, uma substância que existe no nosso organismo, mas que diminui a partir dos 40 anos de idade. Ela é encontrada no Brasil manipulada ou em lojas de suplementos. A dose ideal fica em torno de um comprimido de melatonina de 3, 5 ou 10 miligramas a noite.
Outras opções
Especialmente para pacientes que não têm condições de comprar os fitoterápicos ou a Melatonina, recomenda-se os Anti-histamínicos. Prometazina e Hidroxizina são dois que melhoram a insônia; Hidroxizina, 25 miligramas, de acordo com vários trabalhos científicos, melhora transtornos de ansiedade.
O antidepressivo, geralmente em dose baixa, também pode ser usando para ajudar na insônia. Mas é importante observar os efeitos colaterais. A Mirtazapina 15 miligramas, por exemplo, costuma causar ganho de peso, então não pode ser receitado para pacientes obesos. Já a Trazodona, 50 miligramas, que é um antidepressivo mais sedativo e que não tem efeitos colaterais na esfera sexual; Ciclobenzaprina, um relaxante muscular que também dá sono. É preciso avaliar cada caso.
O Zolpidem é um indutor de sono que tem alguns efeitos colaterais. Uma das suas principais contraindicações é para pessoas com menos de 30 anos. Até essa faixa etária, o paciente fica mais predisposto a ter eventos psicóticos, como alucinações.
Deve-se evitar
A última opção é o uso de Benzodiazepínico, na dose baixa, que deve ser tomado por no máximo 2 meses. Este paciente deve ser incentivado a fazer acompanhamento, porque o Benzodiazepínico funciona e vai ajudá-lo a dormir, mas predispõe dependência. Dessa forma, ele pode deixar de ir às consultas e apenas buscar receitas para manter o uso da medicação. Então, vale a pena pensar se esse medicamento é, realmente, necessário. Pois, com o tempo, a dose tem que ser aumentada e é muito difícil diminuir o seu uso.
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