úpus eritematoso sistêmico (LES) ou, simplesmente, lúpus, é uma doença inflamatória autoimune, sem cura, que pode ocorrer em qualquer idade e acomete, na maior parte das vezes, as mulheres. A manifestação do problema pode se dar tanto de forma progressiva quanto repentina. No primeiro caso, a fase de desenvolvimento até a manifestação pode levar vários meses. Outra característica do lúpus é que ele se apresenta em fases, que variam entre atividade e remissão. Quando em atividade, o paciente pode apresentar febre, dor nas articulações, inapetência, fraqueza, desânimo, manchas eritematosas na pele, quadro inflamatório em diferentes órgãos, inflamação pleural, hipertensão e problemas renais.
Assim como não há cura para a doença, não há um exame que faça o diagnóstico específico de LES. Por isso, é essencial que o médico conheça os sintomas e faça uma ampla investigação clínica do paciente, além de solicitar exames de sangue, de urina e FAN (fator ou anticorpo nuclear), que poderão dar apoio ao diagnóstico, segundo a Sociedade Brasileira de Reumatologia.
Reconhecendo os sinais de lúpus eritematoso sistêmico
A diversidade de sintomas provocados pelo LES pode dificultar o diagnóstico do problema. Assim sendo, reconhecer as formas de manifestações clínicas da doença inflamatória, principalmente quando está em fase de atividade, pode contribuir para evitar o sofrimento do paciente. A seguir, listamos algumas delas:
Lesões de pele – costumam ocorrer em 80% dos pacientes e surgem principalmente nas maçãs do rosto e dorso do nariz, o que as faz receber o nome de “lesões em asas de borboleta”. Pode haver ainda, hipervascularização de áreas mais expostas à luz, como colo, orelhas, braços, e hipersensibilidade à luz solar.
Dor articular – atinge mais de 90% das pessoas com LES e pode ser acompanhada de inchaços presentes em regiões como punhos, joelhos, tornozelos, pés e juntas das mãos.
Dor no peito – pode ocorrer em razão de inflamações no pulmão ou no coração. No primeiro caso, a dor pode vir acompanhada de tosse seca e falta de ar, já no segundo, pode ocorrer palpitação e falta de ar.
Nefrite – a inflamação dos rins chega a atingir metade dos pacientes com LES e, inicialmente, só pode ser observada via exames de urina e/ou sangue. Os sintomas, por sua vez, quando surgem indicam sinal de gravidade do problema e se manifestam em forma de inchaço nas pernas, hipertensão e urina espumosa
Anemia, leucopenia ou linfopenia – pode haver alterações nas séries vermelha e branca, de acordo com a ação dos anticorpos. Em geral, a redução dos glóbulos brancos é assintomática nesses casos, mas a dos glóbulos vermelhos pode levar a quadros que vão desde sangramento gengival até hemorragia menstrual.
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Abordagens convencionais e avanços no tratamento de LES
É fundamental saber que o tratamento do paciente com lúpus eritematoso sistêmico deve ser individualizado e o médico reumatologista deverá sempre considerar os efeitos colaterais da abordagem terapêutica escolhida, que pode considerar o uso de corticoesteroides, anti-inflamatórios não esteróides e imunossupressores – esses últimos podem elevar o risco de infecções.
Contudo, o uso desses medicamentos, que muitas vezes pode ser combinado, pode gerar uma série de efeitos colaterais indesejados, principalmente quando esse uso é prolongado. Sendo assim, o controle da terapia e eventuais alterações na associação medicamentosa podem beneficiar muito o paciente.
Vale ainda reforçar que, apesar de eventuais inconvenientes, o paciente deve compreender a relevância do tratamento para melhora da qualidade de vida a partir da estabilização da doença, o que reduz significativamente as fases ativas.
Avanços no tratamento
Medicamentos biológicos como o belimumabe e o rituximabe (off-label) têm sido utilizados em pacientes com LES a fim de obter um melhor controle da doença quando a resposta aos imunossupressores não é a desejada. O belimumabe é um anticorpo monoclonal que age diretamente sobre as células B, estimulando-as a produzirem anticorpos, uma vez que essa atividade é alterada em pessoas com lúpus.
Em uma série de entrevistas sobre avanços no tratamento de LES e seus impactos para os pacientes, produzida pelo portal Rheumatology Network, especialistas debateram ainda o uso do anifrolumabe, desenvolvido a partir de estudos genômicos, e em fase de testes clínicos nos Estados Unidos. A expectativa é de que o medicamento, que até então tem agido de forma positiva nas manifestações de pele de LES, possa ser usado em ciclos de terapia intercalado com a ação do belimumabe, por exemplo.
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