momento da escolha da área a seguir e os concursos de Residência Médica sempre serão marcantes na carreira de qualquer profissional da Medicina. Somam-se muitos desafios ao mesmo tempo, ora em fase de conclusão de graduação, ora no começo da prática médica propriamente dita.
Obviamente, o cuidado com o aprendizado cognitivo é uma grande prioridade, pois ao se enfrentar um concurso, o conhecimento técnico traduzido em suficiente acerto nas questões elaboradas é fundamental, porém vários processos seletivos contam com outras etapas para a escolha de seus futuros residentes, tais como provas práticas e a fase de entrevista.
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Prova prática
As provas práticas obedecem a determinado “ritual” e são bem conhecidas pela maneira como tentam obter do candidato não só comprovações de seu conhecimento cognitivo, mas também sua capacidade psicomotora e sua formação comportamental, e vários treinamentos podem ser realizados no intuito de tornar o candidato familiarizado com o processo.
Entrevista
Mas e a entrevista? Existe uma regra única de como se dar bem? Existe um checklist universal das bancas examinadoras sobre respostas corretas em questões pessoais ou subjetivas? É claro que algumas instituições, com o intuito de facilitar a aplicação de um valor (nota), optam por perguntas técnicas, mas, na maioria das vezes, são feitos questionamentos de ordem pessoal e subjetiva, exclusivamente para conhecer a postura e o comportamento ético de cada candidato.
Ao longo de vários anos participando de banca examinadora em concursos médicos, cheguei à conclusão de que não há uma fórmula ideal para atingir essa ou aquela banca, mas com certeza algumas sugestões merecem ser levadas em conta, pois essa etapa pode ser um grande diferencial na sua aprovação.
Estude a instituição
Inicialmente, precisamos dar uma dica sobre a apresentação do candidato. Seja você mesmo, porém esteja com uma apresentação adequada. Não há necessidade de traje a rigor ou passeio completo, mas é interessante estudar a instituição e verificar como se portam em termos de vestimentas; por exemplo, se a instituição adota como norma o uso de gravatas, é bastante interessante comparecer de gravata.
Para as candidatas, a sugestão é não exceder muito em maquiagem, principalmente se a entrevista for pela manhã, e também não usar roupas inadequadas para o horário e momento. Podem se manter simples, porém adequados. Isso não é excesso de conservadorismo, significa respeito à ocasião e à banca examinadora.
Seja sincero
Sempre noto uma carga de nervosismo nos candidatos, e isso é inerente a cada um e estratégias podem ser usadas para amenizar seus efeitos, mas um fato muito fácil de perceber é a segurança do entrevistado em relação ao quanto ele deseja ingressar naquela área e naquela instituição.
Lembre-se de que a banca é formada por pessoas experientes, e que facilmente reconhecem dissimulações e elogios gratuitos, e que, na maioria das vezes, mais do que enaltecimentos a suas pessoas, estão procurando por sinceridade.
Autenticidade
Enfim, se tivesse que dar orientações relevantes para sucesso em uma entrevista, eu diria que o principal é manter sua autenticidade e sinceridade. Se você galgou as etapas até a entrevista, é sinal que tem competência para ser residente, e com certeza seria muito bem-vinda a um serviço uma pessoa honesta, sincera e autêntica, que realmente está ciente do que quer, que não tem dúvidas acerca da área escolhida e que, além disso, demonstra caráter e que realmente gostaria de estar naquela determinada instituição.
Não se preocupe com determinadas perguntas pessoais, como ideologias políticas e formas de analisar algum fato, pois na verdade o que se espera é que as respostas sejam sinceras e coerentes.
Ansiedade
Poucos minutos de conversa são suficientes para analisar sua postura em relação ao serviço e área pleiteada. Então mãos à obra, aprenda a dominar a ansiedade e não se preocupe em responder aquilo que você imagina que a banca quer ouvir. Preocupe-se com a coerência, a honestidade e em deixar claro o quanto você quer participar daquele serviço, o quanto que você quer ser um profissional da área e o quanto quer se espelhar naqueles que estão lhe entrevistando.
Paixão
Por fim, faço uma última reflexão: não esqueça de deixar claro o quanto você é apaixonado pela área, deixando transparecer o brilho em seus olhos. Não há banca que não se sensibilize com o brilho no olhar de quem realmente tem entusiasmo!
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Por Prof. Dr. João Tognini