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parada cardiorrespiratória (PCR) é a “emergência das emergências”, portanto, cada segundo importa. E, tendo em vista que é uma situação de muita adrenalina, é preciso sistematizar o atendimento o máximo possível. Sobre esse momento tão delicado, alguns erros são frequentes, o que tornam ainda menores as chances do paciente retornar à circulação espontânea.

1 – Demora na desfibrilação

Os ritmos desfibriláveis são dois:

1. Fibrilação ventricular

Ventricular Fibrillation (VF), 2022.

2. Taquicardia ventricular sem pulso

Ventricular Tachycardia – Monomorphic VT, 2023.

Uma vez constatados esses ritmos, é fundamental proceder com a rápida desfibrilação (120 a 200 J em um aparelho bifásico). Quanto mais a desfibrilação atrasar, menores serão as chances de sucesso, portanto, esse é um ponto essencial e básico no atendimento a um paciente em parada cardiorrespiratória.  

“Treinar o olho” é uma etapa importante da formação médica, principalmente para os traçados associados a urgências e emergências.  

E, não se esqueça, após a desfibrilação, é essencial que as compressões torácicas sejam iniciadas/retomadas.

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2 – Não objetivar uma fração de compressão torácica (FCT) acima de 60%


Outro componente fundamental de uma reanimação cardiopulmonar (RCP) são as compressões torácicas. FCT é o tempo em que o paciente recebe as compressões torácicas em uma PCR, o mínimo é 60%, o ideal é que seja maior que 80%.  

No dia a dia, é frequente observar que os pacientes permanecem muito tempo sem receber as compressões, o que reduz as chances de sucesso. Para reforçar a importância das compressões torácicas, a American Heart Association (AHA) sugere que exista uma pessoa designada unicamente para verificar a qualidade e efetividade da RCP.  

As compressões devem ser realizadas na frequência de 100 a 120 por minuto, com profundidade de 5 a 6 cm e devemos deixar o tórax retornar à posição inicial após cada compressão. Em resumo, só devemos parar a RCP quando for realmente necessário.

3 – Não reconhecer uma parada cardiorrespiratória


Para iniciar a RCP, é fundamental que a parada cardiorrespiratória seja diagnosticada, e um ponto que pode gerar dúvida é o seguinte: “Fiquei na dúvida se o paciente tem pulso...”

Em uma situação que sugira uma PCR, na dúvida sobre a presença de pulso, é recomendado que as compressões torácicas sejam iniciadas. É menos danoso iniciar as compressões em um paciente que não as requer do que deixar de realizá-las em um paciente em parada cardiorrespiratória.  

Um outro ponto importante é a presença de gasping. Esse achado deve ser interpretado como um equivalente de uma PCR, portanto, devemos iniciar as compressões torácicas.

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4 – Prescrever bicarbonato de sódio de rotina


Uma frase clássica no atendimento a uma PCR é: “Corre 100 mL de bicarbonato.”

Porém, é preciso compreender que existem indicações específicas para a prescrição de bicarbonato de sódio, são exemplos:

  • Intoxicação por antidepressivos tricíclicos;
  • Hipercalemia;
  • Acidose previamente diagnosticada.

Corrigir erros que estão na “cultura médica” é fundamental para uma boa prática clínica.

5 – Momento da adrenalina  


É a medicação mais famosa da parada cardiorrespiratória, portanto, é fundamental compreender o momento de sua prescrição:

Como cada ciclo de RCP dura 2 minutos, podemos compreender que nunca devemos prescrever a adrenalina em ciclos consecutivos. Uma maneira de facilitar esse entendimento é prescrevê-la “Ciclo sim, Ciclo não”, ou seja, se em um ciclo a adrenalina for prescrita, não há necessidade de prescrevê-la no próximo.

Lembre-se que, no atendimento a um paciente em PCR, “Tempo é vida”!

Por Renato Akira
Graduado em Medicina pela Universidade de Mogi das Cruzes. Residência em Clínica Médica pela Santa Casa de SP e em Cardiologia pelo Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia. Instrutor do Advanced Cardiovascular Life Support (ACLS).

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REFERÊNCIAS

BURNS, Ed; BUTTNER, Robert. Ventricular Fibrillation (VF). Life in the Fastlane, [s. l.], 2022. Disponível em: https://litfl.com/ventricular-fibrillation-vf-ecg-library/. Acesso em: 23 mar. 2023.

BURNS, Ed; BUTTNER, Robert. Ventricular Tachycardia – Monomorphic VT. Life in the Fastlane, [s. l.], 2023. Disponível em: https://litfl.com/ventricular-tachycardia-monomorphic-ecg-library/. Acesso em: 23 mar. 2023.

PANCHAL, Ashish R. Part 3: Adult Basic and Advanced Life Support: 2020 American Heart Association Guidelines for Cardiopulmonary Resuscitation and Emergency Cardiovascular Care. AHA Journals, [s. l.], v. 142, p. 366-468, 2020. Disponível em: https://www.ahajournals.org/doi/10.1161/CIR.0000000000000916. Acesso em: 23 mar. 2023.

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Postado em
23/3/23
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