O Acidente Vascular Encefálico (AVE), também conhecido como Acidente Vascular Cerebral (AVC), ou ainda derrame cerebral, é um assunto quente. Embora todos os termos estejam corretos, atualmente, usamos mais o AVE por se tratar de uma lesão, que, possivelmente, pode afetar todo o encéfalo (cérebro, tronco encefálico e cerebelo) e não só o cérebro. Esse tema é um dos mais cobrados da Neurologia, super importante tanto para as provas, quanto para a prática médica. Sem contar que é a segunda maior causa de morte do nosso país.

Então, bora ficar por dentro dos principais tópicos.  

Leia mais: Neurologia: Residência Médica, rotina e trabalho

O que é Acidente Vascular Encefálico?

O Acidente Vascular Encefálico (AVE) é uma patologia aguda e grave que resulta da interrupção do fluxo sanguíneo para uma parte do cérebro. Os AVEs podem ter causas obstrutivas ou hemorrágicas. Essa interrupção pode ocorrer devido a um bloqueio de uma artéria cerebral (AVE isquêmico), pode ser devido à trombose, embolia, dissecção da parede arterial, arterite, entre outros. Também pode ocorrer, menos comum, devido a um rompimento de um vaso sanguíneo no cérebro (AVE hemorrágico), tendo como principal causa a hipertensão arterial sistêmica (HAS).

Os principais fatores de risco para o AVC são aqueles presentes em quase todas doenças: hipertensão arterial, diabetes, tabagismo, obesidade, sedentarismo, consumo excessivo de álcool, histórico familiar de AVC e certas condições médicas, como fibrilação atrial. Além disso, a idade avançada e o gênero masculino também estão associados a um maior risco de AVC.

Sintomas

Os acidentes vasculares encefálicos terão manifestações clínicas de acordo com a artéria acometida, porém eles acabam sendo muito parecidos e característicos. Se ocorrer interrupção do fluxo sanguíneo na artéria cerebral média (que é a mais comum e mais cobrada), pode haver:  

  • fraqueza da mão e/ou do braço;
  • fraqueza facial com afasia motora;
  • afasia de expressão;
  • heminegligência;
  • anosognosia;
  • desvio conjugado do olhar ipsilateral e;
  • hemiparesia/plegia completa desproporcionada de predomínio braquifacial.  

Na prática, os sintomas podem ser de:

  • fraqueza ou dormência em um lado do corpo;
  • dificuldade em falar;
  • compreender a fala;
  • perda de visão ou visão turva;
  • tontura;
  • perda de equilíbrio e;
  • dor de cabeça súbita e intensa.  

A depender do tipo do AVE, podem ocorrer náusea, vômito e cefaleia súbita e intensa (no caso do hemorrágico).

Diagnóstico  

Bem resumidamente, você deve saber que está diante de um AVE com uma boa e velha anamnese, diante disso você deve reconhecer que é uma urgência médica. O primeiro passo é monitorar os sinais vitais, ABC, aferir glicose e realizar o exame físico direcionado. Aqui, vai o mnemônico conhecido como “SAMU”:

E aí a queridinha Tomografia Computadorizada (TC) de crânio para saber se é isquêmico ou hemorrágico. É obrigatória!!!!.

Tratamento do Acidente Vascular Encefálico

Diante de um AVE isquêmico (maioria dos casos), se estiver indicada a reperfusão poderá ser por trombólise (alteplase) ou trombectomia (essa última só em oclusões da artéria cerebral média e carótida interna). O tratamento do AVE visa restaurar o fluxo sanguíneo cerebral o mais rápido possível para remover o coágulo e restabelecer o fluxo sanguíneo. E anote aí:

E mais cobradas ainda são as contraindicações absolutas de trombólise:

  • menos de 3 meses ter tido AVE isquêmico, TCE grave ou cirurgia de crânio ou medula;
  • ter tido em menos de 21 dias hemorragia do tratogastrintestinal (TCI);
  • ter tido AVC hemorrágico ou neoplasia do TGI ou do SNC, independente do tempo;
  • suspeita de HSA (hemorragia subaracnóidea), dissecção de aorta, endocardite;
  • déficit em melhora;
  • isquemia extensa na TC de crânio;
  • PAS >ou= 185 mmHg e/ou PAD >ou=110 mmHg;
  • uso de anticoagulantes orais nas últimas 48 horas;
  • uso de heparina terapêutica nas últimas 24 horas;
  • plaquetas menores de 100 mil;
  • INR >1,7.

Indicações da trombectomia, mesmo se tiver feito trombólise:

  • oclusões da artéria cerebral média e carótida interna;
  • menos de 6 horas início dos sintomas. Se o paciente estiver com janela entre 6 e 24 horas dá pra fazer estudo de perfusão;
  • e se liga muito aqui, porque é cobrado bastante em provas e dá muita confusão, o controle da PA no AVE isquêmico é endovenoso;
  • se não trombolisar dá pra toleral até PAS 220 e PAD 120 mmHg;
  • antes de trombólise, manter PAS<185 e PAD<110;
  • após a trombólise, manter PAS<180 e PAD<105.

No caso do AVE hemorrágico, lembrando que pode ser subaracnoide (que fica pra um próximo post) ou intraparenquimatoso (a maioria dos casos). E o tratamento visa controlar a hemorragia e aliviar a pressão intracraniana, podendo ser com medicação, cirurgia ou drenagem liquórica. E um ponto importante aqui é o controle da PA no AVEh: PAS 140 - 160 mmHg.

Bons estudos!!  

Referências

Shutterstock. New Africa: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/neurologist-showing-brain-scan-young-woman-2154535477

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Postado em
7/11/23
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