colecistite é um dos temas mais abordados dentro da cadeira médica de Cirurgia Geral nas provas do Revalida quando se fala em abdômen agudo inflamatório. Sendo assim, conhecer bem as causas, os sintomas e as condutas a serem tomadas diante do problema é essencial para se sair bem na prova, caso o tema apareça.
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Colecistite aguda: uma colecistopatia comum
A colecistite consiste na inflamação da vesícula biliar e, em geral, essa colecistopatia ocorre em decorrência da colelitíase ou lama biliar - espessamento da bile provocado por esvaziamento incompleto da vesícula biliar - o que leva à chamada colecistite aguda.
Há ainda situações em que o problema é provocado pelo surgimento de tumores, pólipos, parasitas ou outros problemas na vesícula biliar. Esses casos, no entanto, são muito mais raros.
A Johns Hopkins Medicine detalha como causas dessas condições mais raras:
- Infecção bacteriana nos ductos biliares;
- Tumores no pâncreas ou no fígado;
- Redução do suprimento de sangue para a vesícula biliar;
- Lama biliar.
Uma vez que o duto biliar seja obstruído há aumento da produção de muco por parte da vesícula biliar e, consequentemente, elevação da pressão interna do órgão. É daí que surgem complicações como perfuração da vesícula ou presença de secreção em forma de pus, chamada de empiema.
A Cleveland Clinic estima que mais de 95% das pessoas com colecistite aguda tenham litíase vesicular. Nos casos em que a forma aguda da doença ocorre sem a presença de cálculo há maiores chances de complicações e mortalidade.
Há ainda a forma crônica da doença que, em geral, acomete mais mulheres e se caracteriza por mais episódios frequentes de distensão e inflamação da vesícula, o que leva à disfunção do órgão, além de fibrose.
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Sintomas e diagnóstico da colecistite
Na forma aguda, o problema surge de maneira repentina e provoca dor intensa e contínua no quadrante superior direito e epigástrio. O paciente pode apresentar ainda quadro de náusea, vômito, febre e perda de apetite ou dificuldade para se alimentar.
O exame físico deve observar sinais como:
- Abdômen rígido ou tenso e sensível ao toque;
- Febre acima de 38°C (que pode não estar presente em adultos mais velhos e/ou quadros crônicos);
- Dor abdominal que piora ao respirar fundo;
- Dor abdominal (cólica) que surge após a ingestão de alimentação gordurosa;
- Icterícia.
Diagnóstico: sinais, exame abdominal e exame de imagem
O exame abdominal é parte importante para realização do diagnóstico de colecistite. Sendo assim, o profissional deverá atentar-se ao sinal de Murphy, que é considerado positivo quando há suspensão da respiração pela dor quando o médico faz a palpação à medida que o paciente inspira lentamente.
Além do exame físico, complementam os exames que indicarão o acerto - ou não - da hipótese diagnóstica: ultrassonografia, hemograma completo e proteína C-Reativa.
Uma vez que os sinais sistêmicos, exames clínicos e exames de imagem são todos avaliados, é possível diagnosticar a colecistite aguda conforme os critérios de Tóquio.
O que dizem os Critérios de Tóquio?
O diagnóstico poderá ser considerado definitivo uma vez que forem encontrados, ao menos, um dos sinais em cada um dos itens abaixo:
A - Sinais inflamatórios
1 - Sinal de Murphy positivo
2 - Sensibilidade do quadrante superior direito, massa local
B - Sinais sistêmicos
1- Febre
2- Elevação da proteína C-Reativa
3- Leucocitose
C- Sinais obtidos por imagem
1- Sinal de Murphy ecográfico
2- Espessamento da parede vesicular
3- Distensão vesicular
4- Cálculo
5- Coleção pericolecística
6 - Edema de parede vesicular
Avaliação dos graus de colecistite aguda, segundo os critérios de Tóquio
Conduta diante da gravidade da doença
A abordagem cirúrgica será sempre a recomendação para a solução do problema. Contudo, a intervenção deverá ser recomendada de acordo com a severidade do quadro do paciente. Nos casos de pacientes com colecistite grau I, a colecistectomia videolaparoscópica poderá ser feita de maneira imediata.
Pacientes com grau II deverão ser observados em internação até que, na maior parte das vezes, apresentem melhora para a dispensa e continuidade do tratamento até que o quadro inflamatório desapareça. Só então poderá ser realizada a colecistectomia eletiva. Já os pacientes grau III, como estão em alto risco, poderão ser eventualmente beneficiados pela colecistostomia percutânea. A drenagem do conteúdo da vesícula biliar pode uma abordagem também interessante para pacientes idosos ou com comorbidades.
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