A Doença Inflamatória Pélvica (DIP) é uma das condições mais frequentemente subdiagnosticadas em ginecologia. Ocorre por um processo inflamatório no sistema reprodutor feminino, causado por germes ascendentes provenientes da vagina. Os principais agentes causadores são a Neisseria gonorrhoae e a Chlamydia trachomatis.

Vários outros patógenos também podem estar envolvidos, como a Gardnerella vaginalis e a própria Escherichia coli. Algumas vezes esses agentes conseguem ultrapassar a barreira protetora do muco cervical e ascender através da endocérvice, promovendo um processo inflamatório no útero, tubas e superfície peritoneal.

Leia mais: Ginecologia: os 5 assuntos mais quentes na prova de Residência Médica

Quadro Clínico da DIP

As pacientes costumam apresentar queixa de dor hipogástrica, leucorreia e/ou dispareunia de profundidade. Febre e sintomas urinários também podem estar presentes. Ao exame físico, a paciente apresenta dor à palpação da região hipogástrica e à palpação dos anexos. O exame especular pode evidenciar cervicite purulenta, e o toque vaginal demonstra dor à mobilização (ou à báscula) do colo uterino. Este último achado do exame físico, particularmente, tem associação íntima com o quadro clínico de DIP.  

Diagnóstico da DIP

É fundamental que os médicos que prestam a assistência às pacientes com sintomas sugestivos desta patologia realizem o toque vaginal com a mobilização do colo. Os critérios diagnósticos são alocados no quadro 1.  

A definição diagnóstica é estabelecida na presença dos três critérios maiores e um menor ou apenas um dos critérios elaborados.

Quadro 1 – critérios diagnósticos de DIP.

Tratamento da DIP

Apesar de existirem critérios academicamente estabelecidos, a dificuldade nas suas aplicações práticas muitas vezes pode atrasar o diagnóstico e o tratamento. Portanto, recomenda-se o tratamento diante da suspeita clínica.

O esquema de antibioticoterapia recomendado é ceftriaxona 500 mg intramuscular em dose única associada à doxiciclina 100 mg por via oral a cada 12 horas por 14 dias e, ainda, metronidazol 500 mg por via oral a cada 12 horas por 14 dias. A(s) parceria(s) sexual(is) deve(m) ser igualmente tratada(s). Entretanto, existem as situações em que a internação hospitalar é recomendada (tabela 2).

Quadro 2 – Indicações de tratamento hospitalar em pacientes com DIP

Nos cenários em que a internação hospitalar é recomendada, a primeira opção é a ceftriaxona endovenosa associada à doxiciclina por via oral e ao metronidazol também por via endovenosa. Outra opção é o tratamento de associação de clindamicina e gentamicina.

Ei, futuro residente, atenção!

A DIP ainda é uma patologia subdiagnosticada e subtratada no Brasil. A evidência é a prevalência ainda alta de sequelas tardias, como infertilidade por obstrução tubária, dor pélvica crônica e síndrome de Fitz-Hugh-Curtis (inflamação na cápsula de Glisson). O diagnóstico e o tratamento precoces são fundamentais para que a redução dos casos graves e das sequelas tardias.

Leia também:  
Endometriose: o que você precisa saber para as provas de Residência Médica
Pólipo Endometrial Hiperplásico: entenda o que são
Mioma uterino: sintomas, fatores de risco e tratamento

Por Jader Burtet

Ginecologista, obstetra e mastologista. Título de Especialista em Ginecologia e Obstetrícia pela Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO). Título de Especialista em Mastologia pela Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM). Mestre em Ciências da Saúde pela Universidade Federal de Ciências da Saúde de POA. Preceptor da residência médica de GO do hospital Presidente Vargas em POA. Professor Afya.

Prepare-se com a Medcel!

A Medcel tem os melhores cursos preparatórios para você sair na frente nos processos seletivos de Medicina. Entre em nosso site e teste a plataforma por 7 dias grátis e comece sua jornada com a gente! 

REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério da Saúde. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Prevenção da Transmissão Vertical do HIV, Sífilis e Hepatites Virais. Brasília: Ministério da Saúde, 2022. 224 p. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/protocolo_clinico_hiv_sifilis_hepatites.pdf Acesso em: 31 jul. 2023

BRASIL. Ministério da Saúde. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Atenção Integral às Pessoas com Infecções Sexualmente Transmissíveis. Brasília: Ministério da Saúde, 2022. 211 p. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/protocolo_clinico_atecao_integral_ist.pdf Acesso em: 31 jul. 2023

Shutterstock. DimaBerlin. Disponível em: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/close-upset-woman-hold-belly-suffer-1873595071. Acessado em: 01 de ago. 2023.

Quer receber conteúdos exclusivos sobre Residência Médica? Inscreva-se e boa preparação!

Obrigado! Seu envio já foi recebido no nosso sistema.
Algo deu errado. Revise os campos acima.
Postado em
1/8/23
na categoria
Notícias Médicas

Mais sobre 

Notícias Médicas

ver tudo