Sobre a Neoplasia Intraepitelial Cervical (NIC)
O Papilomavírus Humano (HPV) e a Neoplasia Intraepitelial Cervical (NIC) são assuntos que sempre caem nas provas. As NICs são lesões precursoras do câncer de colo uterino, terceiro tumor maligno mais frequente na população feminina (ficando atrás do câncer de mama e do colorretal), e é a quarta causa de morte por câncer em mulheres no Brasil. E, olha só esse dado: o HPV está presente em 94% dos casos de câncer de colo do útero. A diminuição da mortalidade pelo tumor só é possível com o diagnóstico precoce das NIC’s. Então, você deve ficar por dentro deste assunto para gabaritar as questões.
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Como a NIC se desenvolve?
O colo do útero é revestido por várias camadas de células epiteliais pavimentosas, arranjadas de forma bastante ordenada. Essa ordenação das camadas é acompanhada por alterações nas células, que vão desde núcleos mais corados até figuras atípicas de divisão celular.
O HPV está presente em 94% dos casos de câncer do colo do útero. O desenvolvimento do câncer cervical é um processo lento, devido às transformações intraepiteliais progressivas que podem evoluir para um processo invasor num período que varia de 10 a 20 anos.
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Exame preventivo de câncer do colo do útero
O famoso teste de Papanicolau, ou mais tecnicamente conhecido como citopatológico/citológico do colo uterino, é o exame universal para rastreamento do câncer do colo uterino. Ele serve para identificar as lesões precursoras do câncer enquanto a paciente ainda não apresenta sintomas. Como as NIC’s não costumam produzir sintomas, esse exame é fundamental para a identificação precoce das neoplasias intraepiteliais cervicais e a instituição do tratamento antes mesmo da instalação do câncer invasor.
E, cuidado para não se confundir: o exame citológico terá resultados que vão direcionar para necessidade ou não da colposcopia — dessa forma, é possível classificar as lesões em NIC I, II ou III.
Possíveis resultados do exame citológico e condutas
Resumo de recomendações para conduta inicial frente aos resultados alterados de exames citopatológicos:
A maioria dos temas foram abordados a partir do ponto de vista das condutas no ASC-US, o que às vezes causa muitas dúvidas. A conduta é repetir o exame, uma vez ao ano, se a paciente tiver entre 25 e 29 anos. Nessa faixa etária, a possibilidade de uma lesão de alto grau ainda é muito pequena. A partir dos 30 anos, porém, o exame deve ser repetido em seis meses.
Colposcopia: NIC I, II e III
A colposcopia: exame que utiliza aparelho com lentes de aumento (aumento de até 40 vezes) e reagentes para evidenciar, desenhar, mapear no colo uterino onde estão as alterações descamadas na citologia (nos resultados do Papanicolau).
- Quando a desordenação ocorre nas camadas mais basais do epitélio estratificado, estamos diante de uma Neoplasia Intraepitelial Cervical Grau I (NIC I) – Baixo Grau (anormalidades do epitélio no um terço proximal da membrana).
- Se a desordenação avança dois terços proximais da membrana, estamos diante de uma Neoplasia Intraepitelial Cervical Grau II (NIC II) – Alto Grau.
- Na Neoplasia Intraepitelial Cervical Grau III (NIC III) – Alto Grau, o desarranjo é observado em todas as camadas, sem romper a membrana basal (carcinoma in situ).
Atenção: as NIC’s não são câncer, são lesões precursoras do câncer! E, sobre a classificação, no geral, quanto maior o grau de NIC, maior a probabilidade de progressão.
Tratamento da NIC
- Pacientes com NIC I devem ser submetidas a controle semestral com citologia e colposcopia, visto que 80% dessas lesões regridem espontaneamente em 24 meses;
- Mulheres jovens com NIC II, prole incompleta, lesões completamente ectocervicais e orientadas, podem ser acompanhadas com citologia e colposcopia semestralmente ou realizada eletrocauterização das lesões colposcópicas do colo uterino;
- Mulheres jovens com NIC II/III, prole incompleta, lesões completamente visíveis ao exame colposcópicos (alterações completamente ectocervicais ou que invadem o canal endocervical por até 1 cm e são totalmente visualizadas) podem ser tratadas com cirurgia por ondas de alta frequência (CAF);
- Mulheres com NIC II/III com dificuldade de seguimento, prole completa, lesões extensas que penetram no canal por mais de 1 cm e que não é possível uma visualização completa da lesão, devem ser submetidas à conização.
Outro dado importante: a coilocitose, alteração que sugere a infecção pelo HPV, pode estar presente ou não. Quando as alterações celulares se tornam mais intensas e o grau de desarranjo é tal que as células invadem o tecido conjuntivo do colo do útero abaixo do epitélio, temos o carcinoma invasor. Para chegar ao câncer invasor, a lesão não tem, obrigatoriamente, que passar por todas essas etapas.
Confira o update sobre HPV com doutor e professor de Ginecologia da Medcel, Jader Burtet.
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Por Julia da Silveira Gross
Graduada em Medicina pela Universidad del Norte (2021), revalidado pela Universidade Federal Fluminense, possui mestrado em Ciências do Movimento Humano pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2014), especialização em Fisiologia do Exercício (2013) e graduação em Educação Física pela UFRGS (2011).
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