Hey, tudo bem por aí?
Em 2023, o lema do Setembro Amarelo é “Se precisar, peça ajuda!”. O mês é destinado à campanha de conscientização sobre a prevenção do suicídio, projeto que teve início no Brasil em 2015. A campanha utiliza a cor amarela como símbolo e é promovida por diversas organizações, incluindo o Centro de Valorização da Vida (CVV), o Conselho Federal de Medicina (CFM) e a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP).
Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), a cada ano morrem mais pessoas por suicídio do que por HIV, malária, câncer de mama ou mesmo guerras e homicídios. E olhe que dado alarmante: entre os jovens de 15 a 29 anos, o suicídio foi a quarta causa de morte, precedido por acidentes no trânsito, tuberculose e violência interpessoal. Quer saber mais sobre o tema? É só continuar a leitura!!!
Leia mais: Suicídio: a causa de morte que tem prevenção e está ligada diretamente à depressão
Como surgiu a campanha Setembro Amarelo?
Você sabia que a origem do Setembro Amarelo remonta a um evento trágico ocorrido em setembro de 1994, quando um jovem chamado Mike Emme, de apenas 17 anos, tirou sua própria vida enquanto dirigia seu carro amarelo em Westminster, no Colorado. Em seu funeral, pais e amigos deixaram cartões com fitas amarelas, pedindo que as pessoas procurassem por ajuda, caso precisassem. Pouco tempo depois, a família de Mike começou a receber ligações, cartas e e-mails de pessoas que haviam recebido os cartões e, a partir daí, fundaram a Yellow Ribbon, uma instituição voltada para prevenção do suicídio.
No Brasil, a campanha foi encabeçada por Antônio Geraldo da Silva, psiquiatra e presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP). O mês de setembro foi escolhido para sua realização, visto que no dia 10 de setembro é celebrado o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, uma data comemorada mundialmente para chamar a atenção para esse problema global. O Setembro Amarelo busca conscientizar a população sobre a importância de identificar sinais de alerta em pessoas que estejam enfrentando crises emocionais e oferecer apoio. A campanha também destaca a necessidade de se quebrar o estigma associado à saúde mental, encorajando as pessoas a buscarem ajuda e conversarem abertamente sobre seus sentimentos e pensamentos.
Desde sua criação no Brasil, o Setembro Amarelo tem se espalhado por todo o mundo, por meio de diversas organizações, instituições de saúde e indivíduos, que se uniram para promover a conscientização e a prevenção do suicídio. A data é uma boa oportunidade para se falar sobre o assunto, já que falar sobre o suicídio é extremamente importante. Realizar a prevenção é fundamental para aumentar a conscientização sobre esse problema de saúde pública.
Suicídio
Falar sobre suicídio não induz suicídio, é seguro perguntar se a pessoa pensa sobre a morte, sem induzi-la ao ato, como uma ferramenta de prevenção. O suicídio é o pensamento de morte, é um sofrimento, que resulta direta ou indiretamente do ato de tirar a própria vida intencionalmente. Pode ocorrer de maneira mais ativa — com plano e tentativa — ou mais passiva — por meio de pensamentos e ideação.
A tentativa — comportamento auto-lesivo não-fatal, com evidências de que a pessoa tinha a intenção de morrer — acaba sendo um preditor moderado ou forte de morte por suicídio futuro.
O plano suicida é uma etapa mais avançada na direção do suicídio. Ele implica não apenas no pensamento sobre o suicídio, mas também na elaboração de um plano específico e detalhado para realizá-lo. Por exemplo, alguém com um plano suicida pode ter identificado um método, um momento e/ou um local para cometer o ato suicida.
Já a ideação suicida, refere-se a pensamentos ou fantasias sobre o suicídio, mas que podem não incluir um plano concreto ou detalhado para realização do ato. Uma pessoa que esteja sofrendo de ideação suicida pode pensar coisas como “Eu gostaria de não estar mais aqui” ou “A vida não vale a pena”, mas esses pensamentos podem não se traduzir em um plano concreto para a concretização do suicídio.
Todos eles podem ser detectados de forma precoce, pois são sinais de um sofrimento psíquico, da necessidade de ajuda, já que quando a pessoa pensa em suicidio, ela o vê como única resolução possível. Trata-se de um pedido de socorro que tem um impacto devastador não apenas naquele que sofre com tais pensamentos, mas nas pessoas no seu entorno, nos seus entes queridos e nas suas comunidades.
Principais causas
E por que as pessoas cometem suicídio? Quais são as causas? O suicidio é a ponta do iceberg. É um comportamento complexo com vários fatores associados (ambientais, familiares, culturais, genéticos, sociais etc.). Mais de 95% dos casos têm a ocorrência de um transtorno mental, daí a importância de abordar esse problema pela raiz.
Muitas pessoas pensam que a depressão é o único fator, mas existem outros transtornos como bipolaridade, borderline, esquizofrenia, transtorno pelo uso de substâncias, transtorno de estresse pós-traumático ou ansiedade. Outros motivos podem acelerar o processo, como catástrofes, pandemias (como a COVID-19), perda de ente querido, bullying, perdas financeiras, acesso a meios letais, relacionamentos, violência etc.
Além das doenças mentais, as desconexões sociais são um dos principais fatores de risco. Nos Estados Unidos, inclusive, foi realizada uma pesquisa com veteranos de guerra, aqueles que apresentaram mais chance por tentativa, eram os que tinham menos pessoas em sua lista de contatos de emergência, o que revela como a falta de suporte social é importante e constitui um dos fatores de risco.
Como perceber que alguém quer cometer suicidio? Alguns comportamentos como isolamento da pessoa, postagens tristes, mensagens de desesperança, sinais de desânimo, falar sobre morte, entre outros. E o que fazer? Ouça com empatia e sem julgamentos quando alguém estiver passando por um momento difícil. Às vezes, apenas saber que alguém se importa pode fazer uma grande diferença. Não rotular. Ofereça ajuda concreta e mostre disponibilidade para estar presente. Isso pode incluir ajudar a encontrar um profissional de saúde mental. Acompanhar a pessoa à uma consulta ou simplesmente estar ao lado dela. Encoraje conversas sobre saúde mental e elimine o estigma em torno dela. Quanto mais as pessoas se sentirem à vontade para falar sobre seus problemas emocionais, mais cedo podem buscar ajuda.
Prevenção ao Suicídio
O Setembro Amarelo nos lembra da importância de estarmos atentos e dispostos a ajudar aqueles que precisam. Falar de forma amorosa faz com que a pessoa se sinta menos julgada, mais compreendida e acolhida. A prevenção ao suicídio é uma questão fundamental, uma vez que as famílias e entes queridos daqueles que cometem suicídio sentem não apenas tristeza e sofrimento, mas também apresentam
maior risco de doença mental e maior risco de suicídio subsequente. Portanto, reduzir a mortalidade por suicídio é um imperativo global.
Nunca subestime esse pedido de ajuda. Dê esperança de que esse sofrimento pode ser aliviado, que vida pode ser de outra forma e ajude a enxergar caminhos diferentes.
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Referências:
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PSIQUIATRIA. CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA. A campanha Setembro Amarelo® salva vidas! Disponível em: https://www.setembroamarelo.com/. Acesso: 13 set. 2023.
Shutterstock. Jo Panuwat D. https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/yellow-september-suicide-prevention-day-childhood-2190276993