Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM) instituiu em 3 de janeiro de 2018, a resolução nº 1, que permite a transferência de médicos residentes nos programas de Residência Médica no Brasil. Essa resolução foi criada com a finalidade de regulamentar os casos de transferências, assegurando os direitos dispostos para os residentes e para as instituições ministradoras dos programas de RM.
Sabemos que mudar de Residência Médica não é uma decisão muito fácil e que pode afetar profundamente a sua vida profissional. Seja por busca de novos desafios, insatisfação com a atual especialidade, interesses em outras áreas da Medicina ou até mesmo pelo fator salarial, por isso, essa decisão precisa ser tomada com muita cautela.
Neste artigo, iremos abordar as normas da CNRM e quais são os direitos assegurados por lei ao realizar a transição de instituição. Discutiremos também, a importância de considerar alguns interesses como qualidade de vida, treinamento adicional, oportunidades de emprego, satisfação pessoal, remuneração entre outros fatores relevantes.
Está pensando em mudar de carreira? Então este post é para você!
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Transferência de Programas de Residência Médica
O artigo nº1 da resolução da CNRM diz que: ficam autorizadas as transferências de um Programa Residência Médica para outro da mesma especialidade, porém em instituição diversa, nas seguintes condições:
Solicitação do médico residente
Quando a solicitação é do próprio residente, a transferência só é permitida a partir do segundo ano do Programa e será concedida uma única vez. Ou seja, a decisão tem que ser tomada com muita certeza!
Para iniciar o processo de transferência, o residente deve solicitar à COREME de origem um pedido formalizado por escrito, devidamente justificado, e esse documento será analisado em reunião pelo órgão colegiado.
Se o pedido for aprovado, a COREME de origem solicita à COREME de destino os documentos que ateste a concordância da transferência, comprove a existência da vaga e que assuma a responsabilidade pelo pagamento da bolsa-auxílio, após a mudança do médico residente.
Desativação, descredenciamento ou cancelamento do PRM
Já nos casos de descredenciamento ou cancelamento do Programa de Residência Médica, seja pela instituição ou pela CNRM, a transferência deve ocorrer em qualquer fase do programa e é a CNRM a responsável por cuidar da alocação dos médicos.
Nesses casos de desativação, descredenciamento ou cancelamento, fica sob a responsabilidade da instituição de origem o pagamento da bolsa do médico residente, integralmente, até a conclusão do programa.
Ao mudar de instituição, o médico poderá passar por uma avaliação de grau de equivalência:
E a efetivação da transferência será concluída somente após a aprovação no teste. Caso o médico não passe na avaliação, ele terá que refazer parte do período cursado.
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Novo Processo Seletivo
Referente à transferência para ocupação de vagas ociosas, o Art. 5º da Resolução nº1 diz:
O residente pode também optar por mudar de especialidade e participar de um novo processo seletivo, ou seja, começar uma Residência Médica do zero. Nesse caso, ele desiste do programa atual e começa tudo de novo.
Segundo a Demografia Médica no Brasil, de 2023, 44,2% dos residentes mudaram de especialidade ou programa de RM por desinteresse na especialidade. Confira na tabela a seguir, os demais motivos:
Separamos a seguir alguns tópicos que precisam ser avaliados pelo residente antes de fazer a transição de especialidade.
1. Avalie seus interesses e paixões
O primeiro passo é refletir sobre o que realmente te motiva na Medicina. Liste suas paixões e interesses médicos, considere as áreas em que você se sente mais realizado e identifique o tipo de atendimento que te dá satisfação profissional.
2. Considere a qualidade de vida
Cada especialidade tem sua própria rotina de trabalho, horários e demandas. Pense em como a mudança de especialidade pode afetar sua qualidade de vida e a de sua família. Algumas especialidades podem exigir mais horas de trabalho, plantões noturnos e finais de semana, impactando seu equilíbrio entre vida pessoal e profissional.
3. Planeje a mudança
Muitos residentes mudam de localidade em busca da realização de um sonho. Caso a sua nova Residência Médica seja em outra cidade, planeje a transição com antecedência. Organize sua mudança, acomodação e outros aspectos logísticos.
4. Treinamento adicional necessário
Se a nova especialidade exigir um treinamento adicional, verifique os requisitos e o tempo necessário para concluir a formação. Leve em consideração a duração do treinamento e a disponibilidade de programas de residência na área desejada.
5. Oportunidades de emprego
Pesquise o mercado de trabalho na especialidade que você pretende reingressar. Considere a demanda por profissionais na área, as oportunidades de crescimento e o cenário futuro.
6. Satisfação pessoal e realização profissional
A satisfação pessoal e a realização profissional são cruciais para a felicidade e o sucesso na carreira médica. Escolha uma especialidade que esteja alinhada com seus valores e metas, e que traga um senso de propósito no cuidado aos pacientes.
7. Remuneração e benefícios
O salário é um fator importante a ser considerado, mas não deve ser o único critério. Avalie também os benefícios adicionais oferecidos pela especialidade, como oportunidades de pesquisa, crescimento profissional e benefícios sociais.
8. Dificuldade da especialidade
Algumas especialidades podem ser mais desafiadoras em termos técnicos e emocionais. Esteja preparado para lidar com os desafios específicos da nova área, incluindo as situações de estresse e complexidade dos casos.
9. Consulte profissionais experientes
Converse com médicos que trabalham na especialidade desejada para obter insights e orientações. Eles podem compartilhar experiências sobre a prática diária, desafios e perspectivas de carreira na área.
10. Apoio da família e colegas
Converse com sua família e colegas sobre a decisão de mudar de especialidade. O apoio emocional e o profissional podem ser cruciais durante essa fase de transição.
Áreas Complementares
Aqui vai uma dica extra! Não sabe ainda qual especialidade médica seguir? Existem algumas áreas que são complementares e talvez ajude na sua escolha, caso esteja indeciso. Veja os exemplos em Clínica Médica:
Endocrinologia e Gastroenterologia: Essas especialidades podem se relacionar em casos de distúrbios gastrintestinais relacionados a problemas endócrinos, como distúrbios da tireoide que afetam a função digestiva.
Pneumologia e Infectologia: Essas áreas podem colaborar no diagnóstico e tratamento de infecções respiratórias, como pneumonias bacterianas ou fúngicas, especialmente em pacientes imunocomprometidos.
Nefrologia e Urologia: A nefrologia trata de doenças renais e do sistema urinário, enquanto a urologia é a especialidade cirúrgica que se concentra no tratamento de doenças do sistema urinário e reprodutor masculino.
Ou seja, mudar de especialidade médica é uma decisão significativa que requer consideração cuidadosa. Ao avaliar as suas necessidades, expectativas e perspectivas futuras, você estará mais preparado para tomar a decisão certa que impactará positivamente na sua carreira médica e vida pessoal.
Lembre-se de que a Medicina é uma profissão desafiadora, porém, recompensadora, e encontrar o equilíbrio entre seus objetivos pessoais e profissionais é essencial para uma jornada leve e satisfatória!
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Referências:
AMB. Lançada a Demografia Médica no Brasil 2023. Disponível em: https://amb.org.br/noticias/lancada-a-demografia-medica-no-brasil-2023/ Acesso em: 26 jul. 2023
Diário Oficial da União. Nº 4. 2018 Disponível em: http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=80601-resolucao-cnrm-n-1-2018-transferencia-de-medicos-residentes-nos-prms-brasil-003-pdf&category_slug=janeiro-2018-pdf&Itemid=30192 Acesso em: 26 jul. 2023
SCHEFFER, Mário, et al. Demografia Médica no Brasil 2023. São Paulo: FMUSP, AMB, 2023
Shutterstock. Ground Picture. Disponível em: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/clinic-profession-people-health-care-medicine-419213209. Acesso em: 26 de jul. 2023.