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ocê já deve ter ouvido falar em colestase obstétrica, conhecida também como colestase gravídica, colestase gestacional ou colestase intra-hepática da gravidez. É a doença hepática mais comum na gravidez e a segunda causa mais frequente de quadros ictéricos neste período, sendo somente superada apenas pelas hepatites virais. Embora a evolução clínico-laboratorial dessa colestase seja considerada benigna para a mãe, essa doença tem sido associada a desfechos obstétricos nada bons, caracterizando uma gestação de alto risco. Confira os principais aspectos referentes a essa patologia, que podem ser cobrados nas provas de Residência Médica! Vem comigo!  

O que é Colestase Gestacional?

A colestase gravídica tem etiologia multifatorial e é caracterizada pelo surgimento de prurido generalizado no segundo ou terceiro trimestre gestacional, acompanhado da elevação das enzimas hepáticas e dos ácidos biliares, com regressão do quadro clínico e laboratorial em duas a três semanas após o parto. Tem incidência de 0,5 a 2,0% das gestações, principalmente em casos de gravidez múltipla e em mulheres acima de 35 anos. Traz consequências graves para o bebê, como: parto prematuro, presença de mecônio, bradicardia fetal, sofrimento fetal e até óbito. A mortalidade materna é rara, mas o risco de hipóxia fetal tem relação com a gravidade da doença.

Por que isso ocorre?

É que, devido à produção placentária, ocorre uma grande elevação nos níveis séricos de progesterona, principalmente, no terceiro trimestre e, posteriormente, com redução progressiva após o parto. Dentre os locais em que a progesterona atua estão o fígado e as vias biliares. Geralmente, ocorre elevação de fosfatase alcalina, mantendo-se normais os níveis de transaminases, gamaglutil transferase, bilirrubinas e ácido biliar.

Existem doenças hepáticas específicas da gestação, ou seja, que tendem a iniciar durante esse período, sem história materna prévia de disfunção hepática, e a ser solucionadas após o parto, não acontecendo em mulheres não gestantes. Alguns exemplos são a pré-eclâmpsia, que pode evoluir para a temida Síndrome HELLP (hemólise, enzimas hepáticas elevadas, baixa contagem de plaquetas), a hiperêmese gravídica e a nossa colestase gravídica.  

Sintomas da Colestase Gestacional

O principal sintoma é o prurido de intensidade variável (às vezes intolerável), com piora à noite, em regiões palmares e plantares (mas, todo o corpo pode ser afetado), lá pelo segundo ou terceiro trimestre da gestação (80% dos casos após a 30ª semana). É incomum a presença de perda de peso e do apetite, colúria, dor abdominal crônica, ascite, tremores e perda de tonicidade transitória. Em torno de uma a quatro semanas após o início do prurido, é comum o aparecimento de icterícia leve (10% a 15% dos casos), com elevação dos níveis séricos de bilirrubinas, principalmente da bilirrubina direta. A resolução clínica ocorre no pós-parto imediato ou em até duas a três semanas.  

Diagnóstico Colestase Gestacional

Com relação aos exames laboratoriais, os níveis séricos de fosfatase alcalina aumentam em torno de sete a dez vezes os valores normais por produção placentária; já a gama glutamiltransferase (Gama GT) geralmente é normal ou pouco elevada, sendo que as repercussões fetais estão associadas aos níveis de ácidos biliares acima de 40 e transaminases acima de 200.

Tratamentos da Colestase Gestacional

O tratamento, além de controle de sintomas, é dieta hipogordurosa e hipocalórica, junto de uma ultrassonografia do abdome superior. A terapia medicamentosa na gravidez é tema controverso, porém a droga de escolha é o ácido ursodesoxicólico (UDCA). Apresenta boa resposta ao prurido em uma a duas semanas e melhora laboratorial em três a quatro semanas após o início do tratamento.  

A antecipação do parto deve ser proposta nos casos de maior acometimento, bem como naqueles com inadequada resposta terapêutica. É recomendável o controle laboratorial de seis a oito semanas pós-parto e, se houver alterações bioquímicas persistentes, deve-se pensar nos diagnósticos diferenciais e solicitar avaliação gastroenterológica especializada.

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Por Julia da Silveira Gross

Graduada em Medicina pela Universidad del Norte (2021), revalidado pela Universidade Federal Fluminense, possui mestrado em Ciências do Movimento Humano pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2014), especialização em Fisiologia do Exercício (2013) e graduação em Educação Física pela UFRGS (2011).

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REFERÊNCIAS

Manual de Gestação de Alto Risco (MS, 2022).

Disponível em: https://portaldeboaspraticas.iff.fiocruz.br/atencao-mulher/manual-de-gestacao-de-alto-risco-ms-2022/

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Postado em
13/3/23
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