Hey, tudo certo aí?

Entre 10 e 15% das gestações apresentam hemorragias, que podem ocorrer tanto na primeira quanto na segunda metade da gestação. Essas hemorragias são uma causa frequente de internação anteparto, com aumento importante da morbidade materna e perinatal, associadas a altos índices de prematuridade e muito cobradas nas provas! Quanto às síndromes hemorrágicas da segunda metade da gestação, você deve estar ligado em: Descolamento Prematuro de Placenta (DPP), Placenta Prévia (PP), acretismo placentário e vasa prévia. Por isso, eu trouxe os principais tópicos para você mandar bem nas questões! Bora lá.

Descolamento prematuro de placenta

O DPP é uma das principais causas de hemorragia do segundo trimestre e é considerado uma emergência obstétrica. É definido pela separação parcial ou completa da placenta, normalmente inserida no corpo do útero, após a 20ª semana de gestação — a maioria ocorre antes da 37ª semana. Essa porção descolada da placenta é incapaz de permutar gases e nutrientes. O sangramento é devido à ruptura dos vasos maternos e da decídua basal.  

Os principais achados clínicos incluem: sangramento vaginal escurecido, dor abdominal, hipersensibilidade à palpação uterina, hipertonia uterina e alterações na vitalidade fetal. Lembre-se de que não há correlação entre o volume de sangue e o acometimento fetal, algumas gestantes podem até não manifestar sangramento vaginal. Também pode haver útero de Couvelaire, uma complicação da DPP na qual o sangue pode infiltrar o miométrio e chegar até a serosa do órgão. Como o diagnóstico é clínico, exames complementares podem ajudar, mas não devem atrasar a conduta.

  • Em caso de mãe estável e feto viável: parto imediato — se o tempo para parto superar 20 minutos, o parto cesárea deve ser preferido;
  • Em caso de mãe estável e feto inviável: se o tempo para parto superar 6 horas, o parto cesárea deve ser preferido;
  • Em caso de mãe instável: cesárea de urgência.

Placenta prévia

A PP é definida como a presença de tecido placentário total ou parcialmente inserido no segmento inferior do útero a partir da 22ª semana de gestação. A placenta prévia aumenta o risco de sangramento tanto no anteparto quanto no parto e puerpério. O termo “inserção baixa de placenta” refere-se à placenta que se insere no segmento inferior do útero, não chega a atingir o orifício interno e se localiza em um raio de 2 cm de distância do orifício interno do colo uterino.  

Quanto ao quadro clínico, qualquer gestante acima de 24 semanas com sangramento vaginal indolor, de início súbito, reincidente e vermelho vivo deve ser suspeita de placenta prévia. Porém, o diagnóstico só pode ser afirmado após 28 semanas de gestação, pois, até essa idade, pode ocorrer migração placentária.

É importante lembrar que o toque vaginal deve ser evitado ou realizado com extremo cuidado, já que pode causar hemorragia intensa. Atenção: a ultrassonografia (USG) transvaginal é o padrão-ouro para avaliar a localização placentária.

Com relação à conduta, sempre que a gestante tiver diagnóstico de PP, o seguimento e o parto deverão ser planejados. Deve-se informar a gestante sobre a patologia e que ela deve procurar atendimento médico toda vez que tiver sangramento, além de evitar exercício físico e relação sexual.

A conduta obstétrica no manejo da gestante com PP depende dos elementos de conduta: gravidade da hemorragia, estimativa da maturidade fetal, condição fetal e presença ou não de trabalho de parto. Em gestações com menos de 37 semanas, quando houver estabilidade materna: internar paciente, monitorar, solicitar laboratórios e, se sangramento intenso, aplicar corticoterapia — 24 a 34 semanas. Caso haja hemorragia incontrolável, instabilidade materna e alteração na vitalidade fetal, a indicação é interrupção da gravidez.

Diferenças entre DPP e PP:

Leia também:
5 temas de Obstetrícia que mais caem na prova de R1
Gestação a termo, pré-termo e pós-termo: Entenda o que é na gravidez

Acretismo placentário

O acretismo placentário é definido como a aderência anormal da placenta no miométrio, apresentando ausência total ou parcial da decídua basal. É uma das complicações da placenta prévia.  

O diagnóstico é realizado por meio de USG transvaginal com Doppler e/ou ressonância magnética de pelve. O acretismo placentário tem relação importante com cesárea anterior e placenta prévia. Deve ocorrer suspeita quando houver placenta prévia em paciente com cesariana anterior e/ou placenta prévia sem sangramento de segundo e terceiro trimestres.

O parto deve ser realizado entre 35 semanas e 36 semanas + 6 dias, com planejamento de cesárea e histerectomia com placenta in situ.  

Vasa prévia

A vasa prévia ocorre quando os vasos sanguíneos fetais não cobertos por tecido placentário ou geleia de Wharton passam através das membranas ovulares a uma distância menor ou igual a 2 cm do orifício interno do colo. Está associada à inserção velamentosa e à presença de conexões vasculares em casos de placenta bilobulada. O risco de ruptura é aumentado próximo ao parto. A perda sanguínea é de origem fetal, portanto, as taxas de mortalidade fetal são altas.

O diagnóstico pode ser realizado no início do trabalho de parto por meio da pulsação dos vasos fetais no toque vaginal ou na presença de um sangramento mais escuro acompanhado de alteração na vitalidade fetal. O parto cesárea de emergência é indicado. O diagnóstico pré-parto pode ser realizado por USG com Doppler e assegura sobrevida em quase 100% dos casos.

Super dica: esse foi um dos temas abordados no 10º episódio da primeira temporada da série Residência Médica, da Medcel. Se quiser conferir o episódio: https://www.medcel.com.br/serie.

Bons estudos!

Leia também:  
Dicas para a prova: mecanismos de parto
Pré-eclâmpsia: como sulfatar gestante

Resumo importante sobre posição fetal e apresentação pélvica

A Medcel oferece cursos que vão te ajudar a conquistar a aprovação!

Nossos cursos contam com uma metodologia inovadora, que une a teoria à prática, e oferecem uma grande variedade de videoaulas, resumos e questões comentadas. Além disso, eles são totalmente personalizados, levando em conta suas necessidades e seu ritmo de aprendizado. Aqui, você terá acesso a um suporte completo e poderá tirar dúvidas sempre que precisar. Teste agora 7 dias grátis!

Referências:

GUILLEM, Antonio. Pregnant woman suffering belly ache complaining sitting on a sofa in the living room at home. [20--?]. 1 fotografia. Shutterstock. Disponível em: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/pregnant-woman-suffering-belly-ache-complaining-1835926135. Acesso em: 22 maio 2024.

KRASAVINA, Ana. Different Placental Locations During Pregnancy. Normal, marginal, partial and total previa. Pathology. Colored medical vector illustration. placenta closes the cervical canal. [20--?]. 4 ilustrações. Shutterstock. Disponível em: https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/different-placental-locations-during-pregnancy-normal-2036743772. Acesso em: 23 maio 2024.

MEDCEL. Diferenças entre DPP e PP. São Paulo: Medcel, [20--]. 1 quadro. Acervo Medcel.

PEPERMPRON. Vasa previa fetal infant baby born c section nuchal cord twins fetus defect vessels funic labor growth low lying birth fluid of PROM test increta cervix Bilobed sac uterus neck knotted Contraction. [20--?]. 1 fotografia. Shutterstock. Disponível em: https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/vasa-previa-fetal-infant-baby-born-2172699097. Acesso em: 22 maio 2024.

Quer receber conteúdos exclusivos sobre Residência Médica? Inscreva-se e boa preparação!

Obrigado! Seu envio já foi recebido no nosso sistema.
Algo deu errado. Revise os campos acima.
Postado em
23/5/24
na categoria
Notícias Médicas

Mais sobre 

Notícias Médicas

ver tudo