Enquanto algumas especialidades médicas têm uma alta procura por parte dos profissionais, outras permanecem menos exploradas e, por vezes, pouco conhecidas. Entender como é a distribuição de médicos nessas áreas é fundamental para traçar estratégias que fortaleçam as especialidades sub-representadas, identificando eventuais desequilíbrios que possam afetar a efetividade e a acessibilidade dos serviços de saúde.
Além do mais, para você, futuro residente, as oscilações no número de profissionais de uma determinada área são fundamentais para ter insights sobre o mercado de trabalho, identificar oportunidades de atuação e até ter uma ideia de como será a concorrência nos processos seletivos para os programas de Residência Médica.
E então, vamos nessa? Boa leitura!
Leia também: Top 5 especialidades médicas com maior número de profissionais
A projeção da oferta de médicos até 2035
Antes de falarmos sobre as especialidades em si, é importante entender que a Medicina como um todo está em um crescente avanço no número de profissionais.
Segundo o modelo de projeção publicado na Demografia Médica no Brasil (2023), até 2035, mais de 1 milhão de médicos estarão em atividade no Brasil. Esse aumento está muito representado pela abertura de cursos e ampliação da oferta de vagas de graduação.
Além disso, outro dado que projeção indica é que as mulheres tendem a ser maioria na área médica. Entretanto, essa mudança demanda acompanhamento na perspectiva da superação da desigualdade de gênero, visto que há evidências de que as médicas recebem remuneração inferior à dos médicos e ainda são minoria em grande parte das especialidades.
Outro dado que foi projetado para 2035 é que a profissão estará mais jovem, por conta da discrepância entre a redução de profissionais por aposentadoria e óbito e a alta entrada de recém-formados. Entretanto, esse crescimento parece que não deve alterar, por si só, as desigualdades de distribuição geográfica desses profissionais pelo território brasileiro. Sendo necessárias estratégias que incentivem a atuação em áreas mais afastadas.
Mas por que algumas especialidades são menos procuradas?
São vários fatores que levam algumas especialidades a serem menos procuradas do que outras. Alguns exemplos são:
- Algumas especialidades foram regulamentadas mais recentemente que outras. Por isso, acabam sendo, de fato, menos conhecidas ou menos disseminadas no território;
- Algumas delas podem exigir mais anos de estudo e treinamento, o que pode desencorajar alguns médicos;
- Outras podem ter a fama de uma carga de trabalho mais pesada ou um estilo de vida menos equilibrado;
- A menor demanda por médicos em determinadas especialidades pode estar associada às necessidades sociais e de saúde de uma região, sendo mais escassas em um contexto específico;
- E, claro, o desenvolvimento tecnológico também pode influenciar na escolha. Algumas especialidades médicas podem estar mais associadas e/ou limitadas ao uso de tecnologias de ponta, o que pode impactar na atuação.
O fato é que uma especialidade ter menos profissionais que outra não deve ser encarado com maus olhos. Pelo contrário! Você, futuro residente, pode encontrar oportunidades valiosas em um mercado em ascensão e ainda pouco explorado.
Especialidades com menor número de profissionais
Confira abaixo quais foram as 5 áreas com o menor número de profissionais, segundo os dados da Demografia Médica no Brasil (2023).
TOP 5: Medicina Nuclear
Atualmente, há 1.105 registros médicos em Medicina Nuclear no Brasil.
A Medicina Nuclear é uma especialidade médica que utiliza substâncias radioativas para diagnóstico e tratamento de doenças, tendo um futuro promissor devido ao avanço tecnológico e ao aumento da demanda por diagnósticos precisos.
No entanto, o número reduzido de profissionais nessa área pode ser atribuído ao treinamento complexo em física nuclear, o alto custo dos equipamentos e radiofármacos envolvidos, além da falta de conhecimento generalizado sobre a especialidade entre estudantes e médicos em formação, fatores que podem limitar sua procura.
Com uma maior conscientização sobre a importância dessa área, é esperado que aumente cada vez mais em demanda e reconhecimento.
Aproveite para ler: Residência Médica em Medicina Nuclear: como é e por que fazer?
TOP 4: Medicina Física e Reabilitação
São 1.016 registros médicos nessa especialidade.
A Medicina Física e Reabilitação é voltada para a recuperação funcional e qualidade de vida de pacientes com deficiências físicas ou incapacidades causadas por lesões, doenças neurológicas, ortopédicas, ou outras condições crônicas.
Os médicos fisiatras utilizam uma abordagem multidisciplinar, combinando terapias físicas, exercícios, medicamentos e técnicas de reabilitação para ajudar os pacientes a restaurarem suas habilidades físicas e psicossociais. O futuro da profissão é promissor, à medida que avanços em tecnologia assistiva e pesquisas neurocientíficas oferecem novas possibilidades de tratamento e melhoria da qualidade de vida dos pacientes.
Saiba mais em: Medicina Física e Reabilitação: Residência, mercado de trabalho e desafios da especialidade
TOP 3: Radioterapia
Hoje, no Brasil, existem 1.014 registros de especialistas em Radioterapia.
Os médicos radioterapeutas trabalham em equipe com oncologistas, físicos médicos e outros profissionais de saúde para planejar e administrar tratamentos precisos e seguros.
Apesar de ser uma área que ainda não atraia tantos profissionais, o futuro da profissão é encorajador, com o contínuo avanço da tecnologia envolvendo a utilização de radiações ionizantes, como terapias de feixe externo mais sofisticadas, técnicas de imagem avançadas e maior personalização dos tratamentos para cada paciente. Além disso, com o aumento da incidência de câncer em muitas partes do mundo, a demanda por serviços de Radioterapia tende a crescer.
Saiba tudo sobre a especialidade! Leia: Residência Médica em Radioterapia: por que fazer?
TOP 2: Medicina de Emergência
Cerca de 779 médicos de emergência são registrados atualmente no Brasil.
A Medicina de Emergência dedica-se ao atendimento imediato e decisivo de pacientes com condições médicas agudas e potencialmente graves. Esses especialistas trabalham em ambientes de pronto-socorro, onde enfrentam uma ampla variedade de situações médicas complexas e urgentes.
A remuneração e o futuro da profissão tendem a se expandir, uma vez que a demanda por cuidados emergenciais continua a aumentar devido ao envelhecimento da população, ao crescimento urbano e aos desastres naturais. No entanto, a natureza intensa do trabalho, com plantões frequentes e imprevisíveis, pode desestimular a escolha dos profissionais.
Está na dúvida? Continue lendo sobre o assunto: Medicina de Emergência: tudo sobre a especialidade e a Residência
TOP 1: Genética Médica
No nosso Top 1, com a medalha de ouro, está a Genética Médica. Atualmente, são 404 especialistas registrados, mas esse número dobrou nos últimos 10 anos.
A Genética Médica é uma especialidade que se concentra no estudo e diagnóstico de doenças genéticas e hereditárias, bem como no aconselhamento genético para pacientes e suas famílias. Com os avanços na genômica e tecnologias de sequenciamento de DNA, o futuro da profissão é promitente, pois a genética desempenha um papel cada vez mais importante na Medicina personalizada e na compreensão das bases de várias doenças.
Confira: Genética Médica: áreas de atuação, residência, salário e mais!
O crescimento das especialidades ao longo dos anos
Apesar do baixo número de profissionais, o crescimento das 5 especialidades mencionadas foi significativo ao longo dos anos (e tende a continuar aumentando daqui para frente). Confira abaixo o comparativo do número de profissionais em 2012 e em 2022, de cada umas delas:
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REFERÊNCIAS:
SCHEFFER, M. et al. Demografia Médica no Brasil 2023. São Paulo, SP: FMUSP, AMB, 2023. Disponível em: https://amb.org.br/wp-content/uploads/2023/02/DemografiaMedica2023_8fev-1.pdf Acesso em: 27 jul. 2023
Shutterstock. PopTika. Disponível em: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/medicine-doctor-touching-electronic-medical-record-1169699956. Acesso em: 27 de jul. 2023.