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Dor de cabeça, rigidez de nuca e febre, o que vem à mente? Se você pensou em meningite, acertou! É um tema que brilha aos olhos das bancas, pode cair tanto em Clínica Médica quanto em Pediatria e é uma das emergências infecciosas mais comuns da prática médica.  

Anota aí: as provas costumam cobrar mais as meningites bacterianas (identificar sinais e sintomas), tratamento empírico por faixa etária, agentes etiológicos por faixa etária e grupo de risco, profilaxia de comunicantes e diferençiação pelo liquor entre bacteriana e viral. Então continue a

leitura para arrasar nas provas!

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O que é meningite?

Para começar, a meningite é uma condição clínica que envolve a inflamação das leptomeninges (pia-máter e aracnoide) que acaba acometendo todo esse espaço e, consequentemente, o LCE (líquido cerebrospinal). Essa inflamação pode ser causada por diferentes agentes, como bactérias, vírus, fungos e outros micro-organismos, bem como por reações autoimunes ou certas drogas. As etiologias bacteriana e viral são as mais comuns.  

Já a encefalite é a infecção aguda do parênquima cerebral, é causada principalmente por vírus e há alteração da função cerebral, o que não ocorre na meningite. Pode ocorrer meningoencefalite, que é a inflamação e infecção tanto das leptomeninges quanto do parênquima.

O quadro clínico é a clássica tríade FAR:

Há também cefaleia holocraniana, vômitos e/ou erupções cutâneas (púrpura meningocócica). Dois sinais importantes que você deve lembrar são:  

  • Sinal de Kernig: flexionar a coxa e o joelho (uma dica: lembrar o “K” de knee). Ao estender a perna, o paciente terá dor, impedindo a conclusão da manobra;
  • Sinal de Brudzinski: flexão involuntária da coxa quando tenta levantar o peito do paciente (lembrar do “B” de busto).

Diferenças entre meningite bacteriana e viral  

A meningite bacteriana é considerada mais grave e potencialmente fatal do que a forma viral. Pode levar a complicações graves, como danos cerebrais, convulsões, surdez, déficits neurológicos permanentes e morte, se não for tratada rapidamente.  

A meningite viral tem um prognóstico mais favorável em comparação com a forma bacteriana. A maioria dos casos se recupera completamente sem complicações graves. No entanto, em alguns casos raros, podem ocorrer complicações, como encefalite viral ou síndrome de Guillain-Barré.

Na meningite bacteriana os principais agentes bacterianos envolvidos incluem Streptococcus pneumoniae, Neisseria meningitidis e Haemophilus influenzae tipo b. A vacinação contra esses agentes é fundamental para a prevenção da doença. Mais adiante vou falar deles e você deve lembrar.

A meningite viral é causada principalmente por enterovírus (ecovírus ou coxsackievírus A e B), herpes-vírus, adenovírus e arbovírus. A meningite viral apresenta características clínicas e prognósticos diferentes. Os sintomas podem se desenvolver de forma mais gradual e costumam ser menos graves do que na forma bacteriana: febre, dor de cabeça, rigidez do pescoço leve ou moderada, fadiga, náuseas e vômitos são comuns.  

Erupções cutâneas geralmente não estão presentes na meningite viral. Já a meningite bacteriana é considerada uma emergência clínica, com alto índice de mortalidade se não tratada.

Abre o olho aí nos agentes da meningite bacteriana por faixa etária:

Diagnóstico das meningites: como diferenciá-las?

Sobre o diagnóstico da meningite, é cobrado a diferença entre viral e bacteriana. Isso envolve a coleta de amostras de líquido cerebrospinal (LCE) por meio de uma punção lombar (caso o paciente não tenha contraindicação).

Observar as contraindicações para punção lombar: suspeita de hipertensão intracraniana, instabilidade hemodinâmica grave ou infecção na pele localizada. No geral, as infecções levam a um aumento de pressão de abertura. Aqui vão as diferenças importantes para você anotar.

Meningite bacteriana

No LCE, há uma alta contagem de leucócitos acima de 1.000/mm3, presença de bactérias, glicose abaixo de 45 mg/dL e elevação da proteína.

Aqui vai uma dica: lembrar que bactéria come glicose e defeca proteína.

Culturas de LCE também podem ser realizadas para identificar o agente bacteriano específico. Pode-se usar bacterioscópico direto do LCE (coloração do método de Gram):

  • Diplococo Gram positivo: S. pneumoniae
  • Diplococo Gram negativo: N. meningitidis
  • Cocobacilo Gram negativo: H. influenzae

Meningite viral

A contagem de células brancas do sangue no LCE é geralmente mais baixa do que na forma bacteriana, e a análise do LCE pode mostrar uma elevação de proteína comumente. Testes moleculares, como a reação em cadeia da polimerase (PCR), podem ser utilizados para identificar o vírus específico.

Quadro das características do LCE.

Tratamento da meningite

O tratamento com medidas de suporte, como hidratação adequada, controle da dor e tratamento dos sintomas, é importante em todos os casos. Os corticoides (dexametasona) são indicados para meningites causadas por H.influenzae ou S.pneumoniae, associados à antibioticoterapia, 30 minutos antes de cada dose, por quatro dias.  

A escolha do antibiótico terá como base o quadro clínico e o resultado do Gram do LCE. Se não forem visualizados micro-organismos na coloração de Gram, é indicado ceftriaxona 2 g IV a cada 12 horas ou cefotaxima 2 g IV a cada 4 horas até o resultado da cultura. Em indivíduos imunossuprimidos, pensar em Listeria monocytogenes, usar ampicilina 2 g IV a cada 4 horas, por três a quatro semanas.

Em casos de meningite viral, geralmente não há tratamento específico, e o paciente é acompanhado de perto para garantir uma recuperação adequada.

Profilaxias

Outro tópico que é explorado pelas bancas são as profilaxias e quando é recomendado o tratamento profilático de pessoas que tiveram contato próximo com o paciente para prevenir a disseminação da infecção.  

Se for meningite meningocócica, recomenda-se rifampicina 300 mg VO a cada 12 horas por dois dias ou ceftriaxona 250 mg dose única. Em casos de meningite causada por H. influenzae, recomenda-se rifampicina 20 mg/kg 1x/d, com dose máxima de 600 mg/d, por quatro dias; não esquecer das crianças menores de 4 anos de idade.

Bons estudos!

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REFERÊNCIAS

Shutterstock — AnaLysiSStudiO. Disponível em: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/close-media-plate-on-hand-medical-584421841. Acesso em: 22 de jun. 2023.

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Postado em
22/6/23
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