Infectologia é uma especialidade médica que oferece ao profissional habilitado um grande leque de atuação. Isso porque esse especialista tem como função atuar frente a diversos tipos de doenças e, consequentemente, de patógenos. Ele irá lidar, por exemplo, com infecções por vírus, fungos, bactérias, micobactérias e tantos outros micro-organismos. Além disso, também permeia outras áreas médicas como a Epidemiologia, Clínica Médica, Imunologia, Ginecologia, Farmacologia e etc.
Então, se a Infectologia está no seu radar como uma especialidade que você gostaria de atuar, não deixe de acompanhar este artigo até o final. Vamos abordar todos os detalhes sobre a carreira, a Residência Médica e como está o mercado de trabalho atualmente para os infectologistas. Boa leitura!
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A história da Infectologia no Brasil
Especular a existência de seres vivos tão pequenos, invisíveis a olho nu, foi algo que acompanhou a história humana por muitos e muitos séculos. Até que, com o desenvolvimento de tecnologias microscópicas e técnicas de cultura, esse universo, antes desconhecido, passou por avanços sem precedentes. Esses avanços foram marcantes para toda a Medicina, em especial para a Infectologia.
No Brasil, já nos anos 1970, existia a Sociedade Brasileira de Medicina Tropical (SBMT) que era a organização que representava os profissionais que cuidavam de doenças infecciosas e parasitárias (como hanseníase, Doença de Chagas, leishmanioses e etc).
O termo “Medicina Tropical” teve sua origem nos institutos europeus, os quais pesquisavam as doenças que ocorriam em suas colônias africanas, locais com clima quente. Com o passar do tempo, o termo foi caindo cada vez mais em desuso, afinal, o número de doenças que ocorrem estritamente em regiões de clima quente (e exclusivamente por conta da temperatura), hoje, sabe-se que é reduzido.
Os anos se passaram e, em 1980, durante o Congresso Brasileiro de Medicina Tropical em Natal, foi criada a Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI). Sua primeira grande vitória foi o reconhecimento da Infectologia pela Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina como uma especialidade médica.
As principais áreas de atuação na Infectologia
Os infectologistas podem lidar com pacientes de todas as idades, desde crianças até adultos e idosos. De maneira geral, algumas frentes importantes de atuação são:
- Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST);
- HIV;
- Hepatites virais;
- Manejo de toxoplasmose, herpes, arboviroses e outros vírus;
- Micoses profundas;
- Infecções em imunossuprimidos, transplantados e pacientes em tratamento oncológico;
- Controle de infecções hospitalares;
- Orientação ao uso de antibióticos;
- Imunização, planos de prevenção e contenção de epidemias;
- Vigilância em saúde;
- Acidentes por animais peçonhentos;
- Medicina do viajante;
- Estudos de doenças emergentes e reemergentes.
Aproveite para assistir o infectologista e professor da Medcel, Durval Costa, falando sobre a importância do Dia Mundial de Combate à Aids. Ele traz atualizações importantes sobre o assunto, como o uso de PEP e PrEP pelo SUS. Confira:
O perfil do infectologista
Quem quer seguir na carreira precisa ter perfil investigativo, colaborativo e dinâmico, buscando sempre se atualizar. Afinal, é uma especialidade que tem interface com diversas outras áreas médicas.
Além disso, o infectologista precisa ser uma pessoa receptiva e empática com todos. O manejo de doenças muitas vezes negligenciadas e relacionadas a problemas sociais, pode trazer pacientes em situação de vulnerabilidade e com nenhum ou pouco histórico de orientação médica. Portanto, a relação médico-paciente deve ser muito próxima no dia a dia dessa especialidade.
O mercado de trabalho para infectologistas
A Infectologia é uma especialidade que ganhou muito reconhecimento na pandemia da COVID-19, tornando o mercado de trabalho para esses especialistas bastante aquecido. Isso porque uma de suas importantes áreas de atuação é em vigilância epidemiológica e controle de doenças, que, na pandemia de 2020, se caracterizou pelo combate ao vírus SARS-CoV-2, pela corrida científica por imunizantes e pelas orientações à população sobre as medidas de proteção necessárias.
De maneira geral, com o intercâmbio cada vez maior de pessoas pelo mundo, com o uso indiscriminado de medicamentos (especialmente antibióticos) e com o comprometimento dos ambientes naturais e selvagens, a especialidade tem um papel cada vez mais importante na manutenção da saúde.
Em relação à rotina de trabalho em si, esses profissionais podem atuar em diversos áreas e níveis de atenção à saúde (atenção primária, secundária, terciária e até mesmo a quaternária), como:
- Em hospitais públicos e privados;
- Em enfermarias e ambulatórios – com pareceres e acompanhamento clínico;
- Na área acadêmica, como pesquisadores;
- Na área de educação em saúde;
- Na vigilância epidemiológica e análise de epidemias.
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Quanto ganha um infectologista?
Hoje, o infectologista tem uma das maiores médias salariais dentro das especialidades médicas. Segundo um levantamento realizado pelo site Salario.com.br (portal de pesquisa de cargos e salários do Brasil), no período de dezembro de 2021 a novembro de 2022, um infectologista ganha, em média, R$ 8.736,72 no mercado de trabalho brasileiro para uma jornada de trabalho de 24 horas semanais.
O valor pode variar de acordo com a instituição, com a jornada de horas trabalhadas e com a região de prestação de serviço. A mesma pesquisa, por exemplo, traz um teto salarial de R$ 18.738,91.
Infectologistas no Brasil
Segundo dados da Demografia Médica no Brasil, de 2020, o número de infectologistas vem aumentando com o passar dos anos — atualmente, são 4.096 profissionais com título de especialistas na área (representando uma razão de 1,95 especialista a cada 100 mil habitantes). Esse aumento também é percebido no número de vagas dos programas de Residência. No edital Enare 2023, por exemplo, foram oferecidas 43 vagas para Infectologia, distribuídas entre os hospitais participantes.
A especialidade é uma das que possui a maior presença feminina: são 57,7% mulheres e 42,3% homens.
Residência Médica em Infectologia
Quer se tornar um médico infectologista? A Residência Médica é uma modalidade de ensino de pós-graduação reconhecida no mundo todo como a mais apropriada para formação de médicos especialistas.
Nos casos dos programas de Infectologia, o acesso é direto, o que significa que o aluno recém-formado em Medicina pode realizar a prova de Residência, sem a necessidade de ter cursado outra especialidade como pré-requisito.
A duração do programa é de 3 anos, devendo ser realizado em instituição credenciada pela CNRM/MEC. De acordo com a Resolução CNRM nº 8, de 30 de dezembro de 2020, que dispõe sobre a matriz de competências dos Programas de Residência Médica em Infectologia no Brasil, o principal objetivo é:
“Capacitar o médico especialista no uso de habilidade técnica, emocional, capacidade reflexiva e adoção de princípios éticos para o diagnóstico clínico e etiológico dos agravos infecciosos e parasitários e seus diagnósticos diferenciais, visando a adoção de condutas clínicas, preventivas e terapêuticas, bem como o treinamento para controle de infecções em serviços de saúde e redução de risco de disseminação de agentes infecciosos na população. ”
Nesse sentido, a maior parte da carga horária é voltada para atividades práticas, em que o residente fará treinamento em serviço. Além disso, atividades teóricas também ocorrem, como participação em estudos de caso, palestras e seminários, escrita de artigos científicos e etc.
Como passar na Residência Médica?
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REFERÊNCIAS
Demografia Médica Brasileira – Censo 2020.
Disponível em: https://www.fm.usp.br/fmusp/conteudo/DemografiaMedica2020_9DEZ.pdf
RESOLUÇÃO CNRM Nº 02 /2006.
Disponível em: http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/resolucao02_2006.pdf
Resolução CNRM nº 8, de 30 de dezembro de 2020.
Disponível em: http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=167981-resol-8-infectologia&category_slug=2020&Itemid=30192
Sociedade Brasileira de Infectologia – História.
Disponível em: https://infectologia.org.br/sobre-a-sbi/historia/
PEBMED.
Disponível em: https://pebmed.com.br/infectologia-saiba-tudo-sobre-o-dia-a-dia-dessa-especialidade/