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o final do século XIX, Willian Hasted (cirurgião norte-americano) e William Osler (médico canadense), junto a outros professores, iniciaram no Hospital da Universidade Johns Hopkins, em Baltimore (EUA), uma modalidade de ensino destinada a médicos, que, posteriormente, se constituiu como a mais efetiva e reconhecida estratégia de aprofundamento em determinada área da Medicina: a chamada Residência Médica.

No Brasil, em 1944, o Hospital dos Servidores Públicos do Rio de Janeiro e o Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP) iniciaram essa modalidade, sendo, então, os locais precursores.

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O Programa de Residência Médica em Cirurgia Geral

Dentre as diversas áreas oferecidas para treinamento em diferentes especialidades médicas sob supervisão permanente, destaca-se o Programa de Residência Médica em Cirurgia Geral (PRMCG), que, durante muitos anos, contribuiu para a formação de cirurgiões em nossa nação, permitindo ao egresso ser considerado especialista em Cirurgia Geral, após concluir os 2 anos programados, assim como apto a participar de processo seletivo de outras especialidades, cujos pré-requisitos exijam formação em Cirurgia Geral.

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Evolução no processo

Recentemente, houve uma evolução no processo de formação, passando o programa obrigatório dessa especialidade para 3 anos, a fim de que o egresso tenha o reconhecimento como especialista e também esteja apto a pleitear seu ingresso em áreas de atuação como Cirurgia do Trauma e Cirurgia Videolaparoscópica, conforme Resolução nº 48, de 21 de junho de 2018, emanada da Secretaria de Educação Superior do MEC.

Regra atual

Desta forma, a regra atual é que o PRMCG tem duração de 3 anos, e os pré-requisitos para especialidades (Cirurgia do Aparelho Digestivo, Cirurgia de Cabeça de Pescoço, Cirurgia Plástica, Cirurgia Vascular, Urologia, Cirurgia Torácica, Cirurgia Oncológica, Cirurgia Pediátrica e Cirurgia Coloproctológica) passaram a se chamar, na maioria das instituições, de Programa de Pré-Requisito em Cirurgia Básica, com duração de 2 anos.

É comum observar, nos editais de seleção, oferta de vagas tanto para Cirurgia Básica (2 anos) quanto para o PRMCG (3 anos). Devemos lembrar que quem opta pelo Programa de Cirurgia Básica não é considerado especialista em Cirurgia Geral, nem está apto a fazer o processo seletivo de áreas de atuação, estando apto somente a inscrever-se em provas das especialidades já listadas, que exigem esse pré-requisito de 2 anos.

Competências

A mesma resolução que adequou os conceitos de Cirurgia Básica e o PRMCG estabeleceu uma lista de competências a serem desenvolvidas em cada ano de atuação dos médicos residentes. Os 2 primeiros anos são comuns as duas modalidades, sendo o 3º ano exclusivo aos que serão considerados especialistas. Nos 2 primeiros anos, faz-se uma introdução à Clínica Cirúrgica, com aspectos clínicos e técnicos, bases do conhecimento de fisiopatologia e também atuação em áreas de emergência.

Além disso, nesses 2 primeiros anos, há um rodízio obrigatório em especialidades cirúrgicas de interesse ao cirurgião, como Cabeça e Pescoço, Cirurgia de Tórax, Urologia, Cirurgia Vascular, Cirurgia Plástica, Cirurgia Pediátrica, entre outras. Os residentes em campo operatório nos 2 primeiros anos participam como auxiliares e também como cirurgiões principais em procedimentos menores.

3º ano

Já no 3º ano de atuação, para quem for cursar o PRMCG, é importante o desenvolvimento e o domínio de técnicas cirúrgicas mais avançadas, incluindo os conceitos de transplantes de órgãos e de tratamento cirúrgico da obesidade mórbida, e, obviamente, o domínio técnico dos procedimentos mais habituais em videolaparoscopia. Nessa fase, o médico residente atua, na maioria das vezes, como cirurgião principal, desenvolvendo sua capacidade de liderar as equipes.

Desafios

Como reflexão muito pertinente à Cirurgia Geral, devemos salientar que são vários os desafios a serem enfrentados durante a formação do candidato. Além da capacidade cognitiva, necessária a qualquer área, requer-se capacidade física muito clara, pois, muitas vezes, os procedimentos são longos, e não raros em horários que, habitualmente, grande parte das pessoas estaria descansando, como períodos noturnos ou finais de semana.

Habilidades psicomotoras e paciência também são bastante exigidas. É muito comum cirurgiões experientes relatarem que o domínio da ansiedade foi fator preponderante para o sucesso de suas carreiras.

Aliadas a esses elementos, todas aquelas qualidades necessárias a qualquer médico, como empatia, boa capacidade de comunicação e de relacionamento com equipe, pacientes e seus familiares, também são desafios a serem enfrentados. É muito comum, na fase de formação, o residente perseguir incansavelmente seu desenvolvimento técnico e deixar em segundo plano o desenvolvimento humano, o que realmente não é uma boa estratégia.

Remuneração

A remuneração do médico residente é estabelecida pelo MEC e, atualmente, a regra vigente estipula que o valor atual da bolsa assegurada é de R$3.330,43 (três mil, trezentos e trinta reais e quarenta e três centavos), podendo ser complementado a critério da instituição financiadora. A alíquota de contribuição previdenciária é de 11%, deduzida da bolsa do residente, e 20% recolhida pela instituição. Caso a financiadora seja uma instituição filantrópica, serão descontados 20% diretamente da bolsa do residente.

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Processo seletivo

Quanto à preparação para os processos seletivos para Cirurgia Geral, convém lembrar que as provas de acesso são distribuídas entre as 5 grandes áreas da Medicina e, na maior parte das instituições, acompanhadas de provas práticas. A grande dica para um bom preparo e sucesso nessas provas é ter ótimo alicerce de conhecimento, que se constrói desde os primeiros momentos da faculdade, além de estudo específico de conteúdos solicitados na maioria das provas. Para isso, um bom curso preparatório pode ser ferramenta muito útil, a fim de que o candidato atravesse essa fase tão angustiante com sucesso!

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Por Prof. Dr. João Tognini

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Postado em
6/5/19
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