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oje, 8 de março, comemora-se o Dia Internacional da Mulher, uma das datas mais importantes do calendário global, que traz à memória lutas e conquistas de mulheres desde o início do século 20. Um dos direitos conquistados por essas mulheres foi a do voto, em 1932, e desde então as mulheres continuam lutando por respeito, oportunidades e igualdade na sociedade.  

História da mulher na Medicina

Desde tempos antigos, as mulheres desempenharam papéis importantes na assistência médica, mas sua presença no campo da Medicina formal foi limitada por barreiras culturais e políticas por muitos e muitos anos, sendo até impedidas de estudar.

Só no final do século 19 é que as mulheres começaram a entrar no campo da Medicina de maneira mais significativa, quando a gaúcha, Rita Lobato, se tornou a primeira médica brasileira formada pela Escola de Medicina da Bahia, em 1887, depois que o Ministro Leôncio de Carvalho estabeleceu em 1879, entre outras mudanças, a possibilidade da matrícula de mulheres no curso de Medicina.

Mulheres que marcaram a Medicina

Além da brasileira Rita Lobato, outras mulheres pelo mundo também foram importantes na história da Medicina, são elas:  

  • Françoise Barré-Sinoussi, uma virologista francesa que descobriu o HIV. Ela ganhou o Prêmio Nobel de Medicina (2008) após ter publicado na revista Science, em 1983, a descrição completa do vírus da imunodeficiência adquirida, quando, até então, a doença ainda não havia se tornado uma epidemia;
  • Gertrude Belle Elion, uma bioquímica americana que desenvolveu 45 patentes na área médica/farmacêutica e medicamentos cruciais para o tratamento da leucemia. Em 1988, ela ganhou, também, o Prêmio Nobel de Medicina;
  • Margaret Ann Bulkley foi a primeira cirurgiã da Inglaterra. Graduada pela Universidade de Edimburgo, em 1812, no Reino Unido. Bulkley atuou em grandes guerras civis como médica do exército britânico. Conhecida como James Barry, ela escolheu viver como homem para se especializar em cirurgia, algo impossível para mulheres do século 19. A vocação para a Medicina era maior do que qualquer outra coisa e Bulkley dedicou a sua vida inteira ao estudo e ao trabalho como médica.

Brasil: cresce o número de mulheres na Medicina

Recentemente, os dados da Demografia Médica no Brasil (DMB), feita pela Associação Médica Brasileira (AMB) em parceria com Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) mostraram o aumento no número de mulheres na Medicina no Brasil. De 2010 a 2022 a quantidade de médicas quase dobrou, passando de 133 mil para 260 mil. Esse dado mostra a importância do avanço das mulheres em profissões culturalmente direcionadas para o público masculino.  

Mesmo com o crescimento considerável de mulheres na Medicina, os homens ainda são maioria: 51,4% contra 48,6%. Veja a seguir a evolução das mulheres na Medicina ano a ano:

Fonte: Evolução do número de médicos no Brasil de 2010 a 2022, 2023

Mulheres na Residência Médica

A Residência Médica é uma etapa crucial na formação de médicos, onde se adquire habilidades práticas em um ambiente supervisionado. Durante muito tempo, a presença de mulheres em programas de Residência Médica foi baixa, principalmente em especialidades consideradas mais "masculinas", como Cirurgia, Ortopedia e Urologia.

No entanto, isso tem mudado gradualmente, com mais mulheres buscando especialização em diversas áreas da Medicina. De acordo a pesquisa da AMB, 56,5% dos residentes no Brasil eram mulheres em 2022.

Especialidades dominadas por mulheres

A desigualdade de gênero é um assunto presente em quase todas as profissões, pois ainda há uma cultura que separa quais são as profissões mais indicadas para os homens e para as mulheres. Embora os homens sejam maioria em 36 das 55 especialidades médicas, as mulheres predominam em 19.  

A especialidade com mais mulheres é a Dermatologia, com 8.236 médicas, que correspondem a 77,9% dos dermatologistas. Outras especialidades com grande proporção de mulheres (acima de 60%) são:

Leia também: Quais são as especialidades com maior e menor concorrência para residência médica?

Remuneração

No Brasil, a Medicina lidera, há mais de 15 anos, o ranking das profissões com maior remuneração mensal. No entanto, os dados da pesquisa revelam que as mulheres médicas ganham 36,3% menos que os médicos homens.

Gráfico de evolução do rendimento médio mensal de médicos declarantes de Imposto de Renda de Pessoa Física, segundo sexo, em 2020.

A equivalência do salário entre os gêneros feminino e masculino é pauta, inclusive, do governo federal, pois historicamente em quase todas as profissões mulheres ganham bem menos que os homens, mesmo que ambos exerçam a mesma função.

Médicas do futuro

Dia após dia, as mulheres têm conquistado seu espaço. Ainda falta muito para o fim da desigualdade de gênero, mas aos poucos elas estão ocupando seus lugares.

A projeção feita pela Demografia Médica revela que, a partir de 2024, as mulheres serão maioria no Brasil, e até 2035, estima-se que teremos mais de meio milhão de mulheres exercendo a profissão.

Entre as áreas em crescimento estão:

  • Aconselhamento Genético
  • Cirurgia Ginecológica
  • Ginecologia da infância e adolescência
  • Mastologia
  • Mapeamento da Endometriose
  • Reprodução Humana e Infertilidade
  • Uroginecologia
  • Tratamento da dor
  • Oncologia

Leia mais: Veja 5 tendências do futuro da medicina

8 de março (8M)

Muitas mulheres enfrentam o desafio de equilibrar várias responsabilidades ao mesmo tempo, como cuidar da família, trabalhar em vários lugares e se dedicar a outros interesses pessoais. Esse equilíbrio pode ser particularmente difícil na área médica, que é conhecida por ter longas horas de trabalho e muitas demandas profissionais. Portanto, gostaríamos que nesse 8 de março, você se lembrasse que não é preciso ser super-heroína e cuidar de tudo, faça o seu melhor e permita dar um passo de cada vez.  

Feliz Dia das Mulheres!

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REFERÊNCIAS

Conheça 7 mulheres que fizeram história na Medicina e Enfermagem.

Disponível em: https://pebmed.com.br/conheca-7-mulheres-que-fizeram-historia-na-medicina-e-enfermagem/?utm_source=artigoportal&utm_medium=copytext  

Conflitos e enfrentamentos: as primeiras mulheres na faculdade de medicina no império.

Disponível em: https://www.13snhct.sbhc.org.br/resources/anais/10/1345071767_ARQUIVO_Conflitoseenfrentamentos-Priscila-SBHC-Completo.pdf

Demografia Médica no Brasil 2023.  

Disponível em: https://amb.org.br/wp-content/uploads/2023/02/DemografiaMedica2023_8fev-1.pdf

Grandes Mulheres da História: James Barry e a luta além do gênero.

Disponível em: https://www.deviante.com.br/noticias/grandes-mulheres-da-historia-james-barry-e-a-luta-alem-do-genero/

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Postado em
8/3/23
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