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As famosas Infecções de Vias Aéreas Superiores (IVASs) constituem um grupo de doenças respiratórias com grande importância na faixa pediátrica, abarcando 40 a 60% do total de atendimentos dessa população nos serviços médicos de Urgência e Emergência, em intercorrências ambulatoriais, e possuem alta taxas de morbidade. Entre elas há aquelas que podem ser cobradas nas provas: resfriado comum, síndrome gripal (influenza), faringoamigdalites agudas, otite média aguda e rinossinusite aguda. Quer saber mais sobre os aspectos mais importantes de cada uma? É só continuar a leitura.

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Tipos de IVAS

O ponto de divisão anatômica entre as vias superiores e inferiores é a carina, no limite da bifurcação da traqueia. Tudo acima desse ponto é considerado via aérea superior. As principais IVAS que você deve saber são resfriado comum (rinofaringite aguda), síndrome gripal (influenza), faringoamigdalites agudas, otite média aguda e rinossinusite aguda.

Há alta taxa de morbidade na faixa etária pediátrica pelas seguintes razões:  

  • Primeiro contato com o agente agressor;  
  • Falta de imunidade;  
  • Vias aéreas de menor calibre — que podem complicar com desconforto respiratório e insuficiência respiratória;  
  • Maior contato social e contatos mais íntimos, fazendo a taxa de ataque ser mais alta.

Resfriado comum — Rinofaringite aguda

Essa é a mais comum das IVAS, benigna e autolimitada. É mais frequente nos menores de 5 anos, e os agentes estão ligados à sazonalidade: rinovírus (o mais frequente, 50% dos casos, aparece no início do outono e no final da primavera), coronavírus, influenza e vírus sincicial respiratório (outono e inverno), parainfluenza (final de outono) e coxsackievírus (verão).

O quadro clínico começa com coriza, espirros, obstrução nasal e febre baixa nos primeiros três dias, acompanhados de sintomas inespecíficos, como mialgia, cefaleia, mal-estar e inapetência. Alguns vírus podem causar diarreia. A febre tende a se resolver nos primeiros dias e sua persistência ou retorno pode indicar infecção bacteriana associada, como otite, sinusite ou pneumonia. Os sintomas tendem a se resolver dentro de cinco a sete dias.  

O diagnóstico é clínico e o tratamento é sintomático: lavagem nasal, antitérmico e analgésico. O descongestionante nasal tópico deve ser evitado pelo risco de toxicidade e rinite medicamentosa. Algo muito cobrado nas provas é a complicação mais comum da rinofaringite: a Otite Média Aguda (OMA).

Influenza — Síndrome gripal

A síndrome gripal é causada, principalmente, pelo vírus influenza tipos A e B. A diferença em relação ao resfriado comum é que tem maior repercussão sistêmica e maior acometimento da árvore respiratória. Vale ressaltar que esse vírus destrói o epitélio escamoso e leva à perda da função ciliar, facilitando a infecção bacteriana.  
O quadro clínico geralmente é benigno e autolimitado, mas pode ser mais marcado pela presença de fatores de risco/comorbidades. A febre é alta, com sintomas nas vias aéreas superiores e gastrintestinais. Os sintomas melhoram em cinco dias, mas a tosse e o mal-estar podem persistir por até duas semanas. Mais grave, pode evoluir para uma Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG).

O diagnóstico é clínico e epidemiológico. Há alguns testes de diagnóstico, porém só em quadros graves ou para diagnóstico diferencial da COVID-19.

O tratamento é sintomático. Pode haver indicação de antivirais (por exemplo, oseltamivir) em casos graves, com fatores de risco ou presença de comorbidades. Mas cuidado: o tratamento medicamentoso com antivirais só é indicado nas primeiras 48 horas do quadro. Quanto à complicação mais frequente, é a mesma do resfriado comum, a OMA.

Faringoamigdalites agudas

Daria para fazer um post só sobre elas. São um grupo de enfermidades que desenvolvem processos inflamatórios nas vias aéreas superiores acometendo a faringe, as amígdalas e os tecidos adjacentes. Os vírus são a causa mais comum: influenza, parainfluenza, adenovírus, Epstein-Barr e coxsackievírus. As bacterianas são menos comuns, mas principalmente causadas pelo Streptococcus beta-hemolítico do grupo A (S. pyogenes).

O quadro clínico depende da etiologia. Nas estreptocócicas, há início agudo de dor de garganta, febre alta, cefaleia, dor abdominal, náusea, rash cutâneo (lembrar da escarlatina), petéquias no palato, exsudato purulento e adenomegalia cervical. Nas não estreptocócicas, há sintomas de infecção viral e características de alguns vírus. O Epstein-Barr da mononucleose apresenta exsudato branco-acinzentado. Na herpangina, causada pelo coxsackievírus, aparecem pequenas vesículas no palato mole, na úvula e nos pilares amigdalianos, com lesões em mãos e pés (síndrome mão-pé-boca).

O diagnóstico é clínico, mas podem ser utilizados exames complementares quando a etiologia não for clara, viral ou bacteriana. O tratamento é feito conforme a causa: se viral, somente sintomáticos; se bacteriana, penicilina e amoxicilina são a primeira linha.

Um ponto muito cobrado nas provas são as complicações supurativas (abscesso retrofaríngeo, abscesso periamigdaliano) e não supurativas (glomerulonefrite difusa aguda pós-estreptocócica, febre reumática, escarlatina, síndrome do choque tóxico estreptocócico).

Otite média aguda

É uma inflamação do ouvido médio e seus anexos. A etiologia viral é a mesma dos anteriores, e a bacteriana pode ser Streptococcus pneumoniae, H. influenzae, Moraxella catarrhalis, S. aureus e Gram negativos.  

O quadro clínico é início abrupto de otalgia, irritabilidade, otorreia e febre. Na otoscopia, podem sugerir etiologia viral: membrana timpânica levemente opaca, hiperemia difusa leve ou moderada e ausência de abaulamento. Já na bacteriana: membrana timpânica opaca, hiperemia intensa e presença de abaulamento com diminuição de mobilidade.

Quando a suspeita for viral, o tratamento é sintomático; quando for bacteriana, antibioticoterapia (amoxicilina com ou sem clavulanato). A principal complicação da otite média aguda é a mastoidite.  

Rinossinusite aguda

Infecção de um ou mais seios paranasais. A etiologia viral é a mesma das anteriores. Nas bacterianas, são os mesmos agentes da OMA.

O diagnóstico é clínico e não há indicação de radiografia de rotina dos seios paranasais. O quadro clínico é febre alta, secreção nasal purulenta e persistente, cefaleia, dor facial em peso e dor à palpação e/ou repercussão de seios paranasais.

Nas virais, o tratamento é de suporte e, nas bacterianas, é o mesmo que o da OMA. Como complicações, há celulite periorbital, abscessos e trombose de seio cavernoso.

Bons estudos!

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Referências:

PEOPLEIMAGES.COM - YURI A. Ill or sick woman with allergy, sinus infection sneezing in tissue or blowing nose during flu season at home. Sick girl caught a bad cold showing symptoms of covid, or suffering from a virus disease. [20--?]. 1 fotografia. Shutterstock. Disponível em: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/ill-sick-woman-allergy-sinus-infection-2190358047. Acesso em: 26 abr. 2024.

SIAM.PUKKATO. Médica feminina com um estetoscópio no ombro segurando seringa e vacina. Conceito de saúde e médico. [20--?]. 1 fotografia. Shutterstock. Disponível em: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/female-doctor-stethoscope-on-shoulder-holding-1167495757. Acesso em: 26 abr. 2024.

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Postado em
26/4/24
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