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s infecções congênitas sempre estão presentes nas provas, tanto de Obstetrícia, quanto de Pediatria, é um tema garantido! Você tem que ficar muito ligado nesse assunto. A sífilis congênita faz parte do grupo “STORCH+Z”, que também abrange toxoplasmose, citomegalovírus, rubéola, herpes simples e zika (confira esse post específico só para elas). Vale lembrar que tudo deve ser preconizado pelo Ministério da Saúde.

A sífilis congênita é mais comum do que você imagina, é um problema grave de saúde mundial com diversas consequências para o feto, como: manifestações congênitas, prematuridade, baixo peso ao nascer, abortamento e/ou morte do recém-nascido. Então, continue a leitura pra você brilhar nas provas!

O que é sífilis congênita?

A sífilis congênita é uma doença causada pela bactéria Treponema pallidum, transmitida por via placentária em até 80% dos casos (de uma mãe não tratada ou tratada de forma não adequada) ou pelo canal vaginal no momento do parto, pela via placentária, ou seja, durante a gestação ela pode ocorrer a qualquer momento e, como em todas as infecções congênitas, quanto mais cedo e quanto mais recente a infecção materna, mais bactérias estarão circulantes, então mais grave serão as consequências e as lesões recentes. Já quanto mais antiga a infecção, mais lesões tardias o recém-nascido terá, já que a produção de anticorpos maternos irá atenuar a infecção, mas, mesmo assim continua grave. Agora, se a mãe tiver lesões genitais, o treponema pallidum entra em contato direto com o bebê, causando a infecção. O mesmo acontece se a mãe tiver lesões mamárias durante o aleitamento, mas essa menos comum. Também pode ocorrer a infecção do Sistema Nervoso Central, a neurossífilis congênita (ocorre em 60% dos casos dos RN com sífilis congênita).  

Quadro clínico

A síndrome clínica da sífilis congênita é considerada precoce quando surge até o 2º ano de vida do bebê. E tardias após esse período. Não confunda com a evolução da sífilis materna, que é considerada:  

Algumas características e termos que você deve lembrar das manifestações precoces (até 2 anos de idade):  

  • Baixo peso ao nascer;
  • Prematuridade;
  • Hepatoesplenomegalia;
  • Rinite;
  • Icterícia colestática;
  • Trombocitopenia;
  • Anemia hemolítica;
  • Lesões oculares;
  • Petéquias;
  • Pneumonite;
  • Meningoencefalite;
  • Fissura peribucal;
  • Lesões cutâneas palmoplantares e pseudoparalisia de Parrot.

Já as manifestações tardias (após 2 anos de idade) são sequelas (principalmente ósseas) decorrentes da formação das gomas sifilíticas em diversos tecidos:  

  • Dentes incisivos medianos 13 superiores deformados (dentes de Hutchinson);
  • Molares em “amora”, fronte “olímpica”, rágades periorais, mandíbula curta, nariz “em sela”;
  • Tíbia em “Lâmina de Sabre”;
  • Articulações de Clutton;
  • Surdez e dificuldade no aprendizado.

Quadro clínico geral precoce:

  • Lesões palmo-plantares;
  • Meningoencefalite;
  • Lesões ósseas;
  • Secreção nasal purulenta;
  • Hepatoesplenomegalia.

Leia mais: 19/10: Dia Nacional de Combate à Sífilis e à Sífilis Congênita | Biblioteca Virtual em Saúde MS

Diagnóstico da sífilis congênita

  • Todo recém-nascido cuja a mãe tenha ou já teve sífilis tratada ou tratada não adequadamente, e isso independe dos resultados/exames clínicos ou laboratoriais;
  • Se VDRL reagente em duas ou mais diluições acima do VDRL materno (mesmo que tenha sido feito tratamento); OU  
  • Alterações no exame físico — radiografia; OU
  • Liquor com VDRL reagente em qualquer titulação, mesmo que tenha sido feito tratamento materno.

E, olha só, considera-se tratamento adequado para sífilis durante a gestação: tratamento completo para o estágio clínico de sífilis com benzilpenicilina benzatina, iniciado até 30 dias antes do parto. O restante é considerado como “tratada de forma não adequada”.

Os testes não treponêmicos (FTA-abs, por exemplo) não devem ser utilizados para diagnóstico, somente o VDRL em sangue periférico.

Outro detalhe que é cobrado nas provas é sobre diagnóstico da neurossífilis:  

  • VDRL bebê reagente, independente da titulação e LCR com VDRL reagente ou celularidade maior que 25 céls/mm³ e proteinorraquia maior que 150 mg/dL.  

Conduta e tratamento

Abra os dois olhos aqui, as bancas adoram!  

O tratamento é com a velha e boa benzilpenicilina (potássica/cristalina, procaína ou benzatina) — se a mãe foi adequadamente tratada.

Se a mãe foi tratada adequadamente, mas o VDRL RN é reagente em duas ou mais diluições acima do materno:

Leia mais: Atualizações em HIV, Sífilis e Hepatite Virais na Gestação

Assista à correção da questão de prova da FMUSP sobre Sífilis com o professor e doutor Jader Burtet:

Se a mãe não foi adequadamente tratada ou não fez pré-natal (a criança já tem sífilis congênita como diagnóstico):

  • Se clínica e/ou VDRL reagente: benzilpenicilina cristalina ou procaína;
  • Se tiver alteração no liquor: procaína;
  • Se clínica normal e VDRL não reagente: benzilpenicilina benzatina.

Doses

Atenção dobrada aqui!

  • Benzilpenicilina potássica/cristalina 50.000 UI/kg, endovenosa, de 12/12h na primeira semana de vida, de 8/8h após a primeira semana de vida, por 10 dias. Obs.: é necessário reiniciar o tratamento se houver atraso de mais de 24 horas na dose.  
  • Benzilpenicilina procaína 50.000 UI/kg, intramuscular, uma vez ao dia, por 10 dias. Obs.: é necessário reiniciar o tratamento se houver atraso de mais de 24 horas na dose.  
  • Benzilpenicilina benzatina 50.000 UI/kg, intramuscular, dose única.  

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Por Júlia da Silveira Gross

Aluna cursista de Psiquiatria CCYM/ABP, graduada em Medicina pela Universidad del Norte (2021), revalidado pela Universidade Federal Fluminense, possui mestrado em Ciências do Movimento Humano pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2014), especialização em Fisiologia do Exercício (2013) e graduação em Educação Física pela UFRGS (2011).

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Postado em
8/5/23
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