“Doutor, meu filho está com manchas pelo corpo!”

Hello! tudo bem aí?

Doenças exantemáticas é um tema certeiro nas provas de Pediatria e/ou Preventiva, e algumas entram também em doenças infecciosas nas crianças. Quem já está com a mão na massa nos ambulatórios sabe que é uma queixa comum, então nada mais justo do que você estar por dentro desse assunto. É um tema bem longo, com várias doenças, e a dica é revisar aquelas mais prevalentes. A campeã de questões é o sarampo, seguido (mas não menos importantes) de eritema súbito, exantema infeccioso, escarlatina, varicela, rubéola, doença mão-pé-boca, doença de Kawasaki e mononucleose infecciosa. Vamos lá, então?

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O que as doenças exantemáticas têm em comum são os exantemas ou rashes. Antes de mais nada, você deve saber classificar os tipos de lesões. Resumindo:

Já os principais tipos de exantemas, sendo que mais de um pode aparecer na mesma doença, temos:

Sarampo

Viral, causada pelo Morbillivirus, transmissível, muito contagiosa (por gotículas contaminadas que entram em contato com a via área). Sintomas de resfriado com bastante prostração e, logo após, aparecimento maculopapular craniocaudal. Pode aparecer em qualquer idade, voltou no país em 2019. Uma característica importante são as manchas de Köplik (é patognomônica da doença, mas a ausência não descarta).  

O diagnóstico é clínico. De notificação obrigatória. Exames podem ser pedidos no caso de suspeita, por sorologia, isolamento viral ou PCR. O tratamento é sintomático, repouso e hidratação. Sobre a vitamina A, é recomendada duas doses pela OMS para todas as crianças com sarampo. Complicações: otite média (é a principal), encefalite, pneumonia, miocardite e outras. É importante buscar contactantes, principalmente pelo risco de contágio para não vacinados. Fique de olho, outro tópico que é muito cobrado é a profilaxia pós-exposição para os não vacinados: menores de 6 meses, gestantes e imunodeprimidos devem receber imunoglobulina até 6 dias do contato (se já forem vacinados, não precisa); a dose é de 0,5 mL/kg IM até o máximo de 15 mL. Maiores de 6 meses, vacina-se até 3 dias do contato, e essa dose não é contada no calendário.

Eritema súbito, roséola infantil ou 6°doença

Causada pelo herpes-vírus humano tipo 6 e 7, é benigna, com prevalência dos 6 a 15 meses de idade. É caracterizada somente por febre alta (que pode causar crise convulsiva febril) e, após a febre cessar, de 12 a 24 horas aparece um exantema maculopapular, que inicia-se no tronco para  os membros, e a criança não está prostrada. A transmissibilidade acontece por gotículas e somente durante a febre. Diagnóstico é clínico. Tratamento é sintomático com antitérmico.

Eritema infeccioso ou 5° doença

Causada pelo parvovírus B19, caracterizada por exantema e crises aplásicas e mais comum em crianças de 5 a 15 anos, transmitido por gotículas. Conhecido como “face esbofeteada", pois inicia-se com rubor facial eritematoso que se espalha sob forma de eritema maculoso, com aspecto “rendilhado ou em samambaia”, pode melhorar e reaparecer. O diagnóstico é clínico. O tratamento é sintomático. Se crise aplásica, pode ser necessária transfusão de hemácia (mas não é comum).  

Escarlatina

Infecção bacteriana, causada pelo Streptococcus pyogenes, transmitida por meio de gotículas, caracterizada por exantema micropapular eritematoso com início no tronco e dobras cutâneas, com aspecto em lixa e pruriginoso. Associado a faringoamigdalite e febre alta. Algumas características que as bancas gostam: língua “em framboesa”, sinal de Filatov (palidez perioral) e sinal de Pastia (petéquias e linhas hiperpigmentadas na superfície flexora dos braças e raízes das coxas). Diagnóstico é clínico, mas pode ser realizado swab de orofaringe. O tratamento é sintomático e com penicilina benzatina ou amoxicilina. A prevenção é o isolamento do paciente até 24 horas após a 1°dose do antibiótico.  

Varicela ou catapora

Causada pelo vírus varicela-zóster (VZV), caracterizada pelo exantema polimórfico (lesões em vários estágios: mácula, pápula, vesícula, pústula e crosta; muito pruriginosas; de fora para dentro, não poupa mucosa e couro cabeludo). A transmissão por gotículas ou líquido das lesões cutâneas. Diagnóstico clínico e tratamento sintomático e alguns pacientes podem usar aciclovir. Pode haver complicações como infecção bacteriana secundária (pelo prurido) e síndrome de Reye (se uso de AAS). Outro ponto importante é a profilaxia: nos maiores de 9 meses, vacina-se até 5° dia do contato. Nos menores de 9 meses, gestantes, imunodeprimidos, prematuros ou recém-nascidos que a mãe teve a doença, vacina-se 5 dias antes ou 2 dias depois do parto.

Rubéola

Aqui é importante ressaltar que há também a Rubéola Congênita, que é aquela passada da mãe para o RN. Neste tópico vamos falar da adquirida. Causada pelo Rubivírus, por gotículas ou contato direto. Primeiramente, há sintomas gripais, secreção nasal, conjuntivite e artralgia. O tempo de contágio inicia-se até 5 dias antes da erupção e mantém-se até 7 dias após o exantema. Logo em seguida aparecimento de linfonodos doloridos na cabeça/pescoço e após aparece o exantema maculopapular róseo craniocaudal. O diagnóstico é clínico e o tratamento sintomático. É necessário notificar (está eliminada no Brasil).

Doença mão-pé-boca

Causa pelo vírus coxsackie, benigna, muito transmissível, começa com febre alta e, após 3 a 5 dias, aparecem lesões papulovesiculares dolorosas, não pruriginosas, na boca, mão e pé. Diagnóstico clínico e tratamento sintomático.

Leia mais: Síndrome mão-pé-boca: uma“epidemia”pós-pandemia de COVID-19

Doença de Kawasaki

É uma vasculite aguda de origem desconhecida. Cursa com febre alta (no mínimo 5 dias) + 4 dos critérios a seguir:  

  • Exantema maculopapular, polimorfo ou escarlatiniforme;
  • Hiperemia/congestão conjuntival;
  • Adenopatia cervical;
  • Alterações lábios (fissuras) e língua “em framboesa/morango”;
  • Alterações nas extremidades.

Não há nenhum exame laboratorial específico. O tratamento se baseia no uso de imunoglobulina intravenosa e de aspirina via oral. Necessário pedir ecocardiograma pelo risco aumentado de aneurisma coronariano. A doença ficou mais em alta na pandemia, pois muitas crianças com a COVID-19 tiveram sintomas semelhantes aos descritos anteriormente.

Mononucleose infecciosa  

Conhecida como a “doença do beijo”, é causada pelo vírus Epstein-Barr (EVB), transmitido por secreção oral. Quadro clínico com sintomas: exantema maculopapular, mal-estar, cefaleia, febre, calafrios, adenopatia, dor de garganta intensa e esplenomegalia. O diagnóstico é clínico. Tratamento sintomático, não usar penicilina ou amoxicilina, pois a presença de EVB dá origem a um exantema maculopapular eritematoso e disseminado.

Não se esqueça de dar uma olhada nas imunizações, relacionadas com cada uma das doenças.

Assista à live: "Como acertar Doenças Exantemáticas na prova de Residência Médica" com a professora de Pediatria Sabrina Gois.

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REFERÊNCIAS

Shutterstock - kipgodi. Disponível em: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/enterovirus-leg-arm-mouth-rash-on-1655553835. Acesso em 29 mai. 2023.

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Postado em
29/5/23
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