Medicina é uma ciência milenar que desenvolveu-se ao longo dos anos com intensos estudos que tiveram como foco a manutenção da saúde e tratamento de enfermidades. Em razão do longo histórico e da multiplicidade de questões que precisam ser tratadas quando se fala em saúde e bem-estar, essa ciência se dividiu, formando o que passou a ser conhecido como especialidades e áreas da Medicina.
O Conselho Federal de Medicina (CFM) reconhece 55 especialidades médicas e 59 áreas de atuação, cada uma aprofundada em um tema específico e vital para a humanidade.
Com tantas alternativas, pode ser difícil escolher em qual se especializar e atuar, não é mesmo? Além disso, é comum haver uma confusão sobre o que elas tratam. Para ajudar a esclarecer essas dúvidas, criamos este artigo mostrando quais são as especialidades e as áreas da Medicina, o que exatamente cada uma delas faz e o quais são os pré-requisitos para que você esteja apto a atuar nelas.
Conheça a relação de especialidades médicas reconhecidas pelo CFM
O CFM tem como responsabilidade fiscalizar e normatizar a prática médica no país. Por este motivo, é ele quem determina quais são as áreas da Medicina em que médicos podem atuar, segundo suas especialidades, devidamente reconhecidas. Atualmente, essas especialidades são 55.
Segundo a Resolução nº 2.221/2018, do CFM, são reconhecidas no Brasil 55 especialidades da Medicina e 59 áreas de atuação (que são, na verdade, subespecialidades).
Vamos começar, então, pelas especialidades, que são:
- Acupuntura: ramo que estuda as técnicas milenares da Medicina chinesa, baseada no uso de agulhas para ativar pontos específicos do corpo para alívio da dor;
- Alergia e Imunologia: área da Medicina focada no diagnóstico e tratamento de doenças alérgicas;
- Anestesiologia: especialidade responsável pelo alívio ou supressão da dor e/ou manutenção das condições vitais do paciente durante cirurgias;
- Angiologia: área que se dedica ao tratamento clínico de doenças que atingem vasos sanguíneos e vasos linfáticos;
- Cardiologia: especialidade que trabalha no diagnóstico e tratamento de doenças do coração e sistema circulatório;
- Cirurgia cardiovascular: responsável pelo tratamento cirúrgico de doenças do coração, como cardiopatias congênitas e doenças valvares em geral, além de outros problemas;
- Cirurgia da mão: especialidade em que se reconstrói lesões cutâneas, ósseas, musculares, ligamentares e/ou tendinosas da mão;
- Cirurgia da cabeça e do pescoço: especialidade cirúrgica que trata de tumores, sejam eles benignos ou não, além de outras doenças congênitas da cabeça, área da face, cervical e pescoço;
- Cirurgia do aparelho digestivo: se dedica ao tratamento cirúrgico das doenças que atingem os órgãos do aparelho digestivo de modo geral;
- Cirurgia geral: especialidade que reúne as modalidades de cirurgia abdominal, videolaparoscopia e trauma;
- Cirurgia oncológica: destinada a retirada cirúrgica de tumores cancerígenos;
- Cirurgia pediátrica: promove intervenções cirúrgicas em crianças e adolescentes;
- Cirurgia plástica: se dedica a reconstrução de parte do corpo em razão de doenças congênitas, acidentes ou ainda questões estéticas;
- Cirurgia torácica: especialidade que trata das doenças do pulmão e do tórax por meio de intervenção cirúrgica;
- Cirurgia vascular: tratamento cirúrgico de doenças que acometem vasos, artérias e veias;
- Clínica médica: o especialista que se dedica à área se ocupa do tratamento clínico de doenças em pacientes adultos;
- Coloproctologia: especialidade que se dedica ao tratamento de doenças do intestino grosso, reto e ânus;
- Dermatologia: área da Medicina dedicada ao cuidado e prevenção de doenças que atingem a pele;
- Endocrinologia e metabologia: a especialidade é dedicada ao funcionamento de glândulas e trata doenças relacionadas à distúrbios hormonais ou metabolização;
- Endoscopia: promove o diagnóstico de doenças do aparelho gastrointestinal mediante a solicitação de imagens;
- Gastroenterologia: responsável pelo diagnóstico e tratamento de doenças do sistema digestivo;
- Genética médica: promove diagnóstico e tratamento de pacientes mediante avaliação genética do paciente e seus familiares;
- Geriatria: responsável pelo estudo e tratamento de doenças e condições relacionadas ao envelhecimento;
- Ginecologia e obstetrícia: responsável por cuidar da saúde e do sistema reprodutor da mulher;
- Hematologia e hemoterapia: investiga, detecta e trata distúrbios do sangue, além de se responsabilizar por procedimentos relacionados a transfusão sanguínea;
- Homeopatia: estudo de formas alternativas de cura baseadas na diluição e dinamização da mesma substância que causa a enfermidade;
- Infectologia: estudo de doenças provocadas por patógenos como bactérias, vírus, fungos, protozoários, príons e zoonoses.
- Mastologia: especialidade dedica ao cuidado da saúde das mamas de modo geral e doenças relacionadas, que vão desde mastite até tumores;
- Medicina de emergência: focada no atendimento precoce do paciente com objetivo de tratar doença ou lesão aguda provocada por situação imprevista de qualquer natureza;
- Medicina da família e comunidade: está relacionada à atenção integral, saúde e reinserção do paciente na família e na comunidade;
- Medicina do trabalho: lida com a relação entre o indivíduo e seu trabalho, assim como com seu bem-estar durante a atividade laboral e prevenção de acidentes;
- Medicina de tráfego: o especialista da área tem foco no cuidado e bem-estar físico, psíquico e social do indivíduo que realiza deslocamentos, independente do meio utilizado;
- Medicina esportiva: estuda a influência da prática da atividade física, treinamento e esporte na prevenção, tratamento e reabilitação de pessoas;
- Medicina física e reabilitação: cuida da prevenção e tratamento de problemas relacionados a traumas ou doenças que tenham tornado o paciente incapacitado de maneira transitória ou permanente;
- Medicina intensiva: especialidade com foco no suporte à vida e cuidados intensivos de pacientes em estado crítico;
- Medicina legal e perícia médica: destinada a atender os interesses da justiça em situações de elucidação de fatos, com base em conhecimentos técnico-científicos da área da saúde;
- Medicina nuclear: faz uso de substâncias radioativas para diagnosticar e tratar patologias, além de permitir a detecção de anomalias dos órgãos;
- Medicina preventiva e social: tem foco na prevenção de doenças, por meio da identificação precoce das patologias e estudos epidemiológicos das mesmas;
- Nefrologia: destinada ao diagnóstico e tratamento clínico de doenças do aparelho urinário, em especial dos rins;
- Neurocirurgia: o especialista da área se dedica ao tratamento de adultos e de crianças, com foco em doenças que atingem os sistemas nervosos central e periférico;
- Neurologia: se dedica ao tratamento clínico de doenças dos sistemas nervosos central, periférico e autônomo;
- Nutrologia: estuda os benefícios e malefícios relacionados à ingestão, ou deficiência, de nutrientes;
- Oftalmologia: especialidade dedicada ao cuidado dos aspectos da saúde dos olhos;
- Oncologia clínica: especialidade com foco no diagnóstico e tratamento clínico de neoplasias e tumores;
- Ortopedia e traumatologia: destinada ao diagnóstico e tratamento de doenças que atinjam o sistema musculoesquelético;
- Otorrinolaringologia: área da Medicina que é dedicada ao cuidado das doenças relacionadas ao ouvido, nariz, laringe, faringe, cabeça e pescoço.
- Patologia: destinada a determinar quais as causas da doença
- Patologia clínica/medicina laboratorial: promove diagnóstico, tratamento e monitoramento das patologias mediante a análise de exames clínico-laboratoriais;
- Pediatria: área em que o especialista se dedica ao cuidado da saúde de crianças, pré-adolescentes e adolescentes;
- Pneumologia: especialidade destinada ao cuidado com doenças que atinjam as vias respiratórias, brônquios e pulmões;
- Psiquiatria: área da Medicina destinada à prevenção, diagnóstico, tratamento e reabilitação de pessoas com distúrbios e transtornos mentais;
- Radiologia e diagnóstico por imagem: responsável por investigar doenças por meio do uso de Raio-X, ultrassonografia, ressonância magnética e outros exames de imagem;
- Radioterapia: especialidade em que o profissional se dedica ao tratamento do paciente por meio do uso de radiação ionizante, focado principalmente na melhora da qualidade de vida e cura do paciente oncológico.
- Reumatologia: área em que o médico especialista se ocupa do cuidado com doenças que atingem os tecidos conjuntivos, tendões, ligamentos, articulações e ossos;
- Urologia: área em que o especialista se ocupa do diagnóstico e tratamento de doenças relacionadas ao aparelho urinário, feminino e masculino, e sistema reprodutor masculino.
Leia também: Saiba como escolher a sua Residência Médica
O que é preciso para ser especialista?
O primeiro passo é escolher a especialidade da Medicina a se seguir com cuidado, avaliando todos os campos que cercam a rotina da área médica desejada, como carreira, salário, plantões e horário de trabalho. Com a escolha feita, existem 2 formas possíveis de se tornar especialista:
- Cursar Programa de Residência Médica, credenciado pela Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM);
- Cursar Pós-Graduação Médica e prestar a prova de título da Associação Médica Brasileira (AMB) ou respectiva Associação Brasileira daquela especialidade.
Para saber mais sobre as diferenças entre as modalidades de pós-graduação, acesse: Quais as diferenças entre especialização e Residência Médica.
Além disso, como já explicamos aqui no blog, existem as especialidades de acesso direto (R1), e as especialidades que exigem, como pré-requisito, uma formação anterior em outra especialidade (R3). Portanto, para atuar em alguma área da Medicina, é necessário possuir título de especialista, já que as áreas de atuação são subespecialidades.
As 59 áreas da Medicina
O CFM relaciona também as 59 áreas de atuação médica reconhecidas. Veja a lista a seguir:
- Administração em Saúde
- Alergia e Imunologia Pediátrica
- Angiorradiologia e Cirurgia Endovascular
- Atendimento ao Queimado
- Cardiologia Pediátrica
- Cirurgia Bariátrica
- Cirurgia Crânio-Maxilo-Facial
- Cirurgia do Trauma
- Cirurgia Videolaparoscópica
- Citopatologia
- Densitometria Óssea
- Dor
- Ecocardiografia
- Ecografia Vascular com Doppler
- Eletrofisiologia Clínica Invasiva
- Emergência Pediátrica
- Endocrinologia Pediátrica
- Endoscopia Digestiva
- Endoscopia Ginecológica
- Endoscopia Respiratória
- Ergometria
- Estimulação Cardíaca Eletrônica Implantável
- Foniatria
- Gastroenterologia Pediátrica
- Hansenologia
- Hematologia e Hemoterapia Pediátrica
- Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista
- Hepatologia
- Infectologia Hospitalar
- Infectologia Pediátrica
- Mamografia
- Medicina de Aeroespacial
- Medicina do Adolescente
- Medicina do Sono
- Medicina Fetal
- Medicina Intensiva Pediátrica
- Medicina Paliativa
- Medicina Tropical
- Nefrologia Pediátrica
- Neonatologia
- Neurofisiologia Clínica
- Neurologia Pediátrica
- Neurorradiologia
- Nutrição Parenteral e Enteral
- Nutrição Parenteral e Enteral Pediátrica
- Nutrologia Pediátrica
- Oncologia Pediátrica
- Pneumologia Pediátrica
- Psicogeriatria
- Psicoterapia
- Psiquiatria da Infância e Adolescência
- Psiquiatria Forense
- Radiologia Intervencionista e Angiorradiologia
- Reprodução Assistida
- Reumatologia Pediátrica
- Sexologia
- Toxicologia Médica
- Transplante de Medula Óssea
- Ultrassonografia em Ginecologia e Obstetrícia
Caso não tenha título de especialista, o médico poderá atuar em qual área?
O profissional formado em Medicina, que tenha o registro no Conselho Regional de Medicina (CRM), poderá atuar exercendo qualquer atividade independente da área de diagnóstico e tratamento. No entanto, ficará impedido de divulgar a si mesmo – ou permitir que seja apresentado – como especialista, sem que tenha o título da especialidade.
O que esperar das principais áreas da Medicina?
De modo geral, o mercado de trabalho do médico é amplo e bastante requisitado, independente de se escolher uma especialidade ou não. Segundo estudo do Ministério da Saúde, que subsidia o Plano Nacional de Fortalecimento das Residências em Saúde, entre 2010 e 2030, o número de médicos no país passou de 315.902 para 487.275. Para 2030, a projeção é de que chegue a 815.570, sendo que a maioria (80%) deverá ser composta por mulheres, com idades entre 22 e 45 anos.
Contudo, independente do cenário atual, das projeções e da quantidade de especialidades, algumas delas acabam sendo mais concorridas, ou consideradas tradicionais na Medicina. Com isso em mente, selecionamos algumas das principais para esclarecer o que o médico enfrentará e deve esperar delas:
Cardiologia
O médico cardiologista deverá estar sempre disposto a manter-se estudando e aprendendo sobre novos tipos de tratamentos, técnicas ou resultados de pesquisas. Em um contexto no qual doenças crônicas não transmissíveis, como diabetes e hipertensão são considerados os principais fatores de risco para a saúde pública no Brasil, dedicar-se a tratar da saúde cardiovascular representa grandes desafios.
Clínica médica
O cuidado com a Atenção Primária, em que o cuidado com a saúde deve ser preventivo e não remediador, tende a ganhar cada vez mais espaço. Sendo assim, o médico clínico geral, também conhecido como médico generalista, deverá exercer um papel cada vez mais significativo, estando apto a prevenir e tratar muitas enfermidades primárias e direcionar o paciente a outras especialidades quando for o caso.
Cirurgia
O médico cirurgião deverá estar sempre em contato com inovações e pesquisas, sobretudo em um contexto em que a Medicina não para de evoluir ao agregar o uso de robôs e inteligência artificial em procedimentos cirúrgicos, fazendo da cirurgia de precisão um grande avanço para a saúde, permitindo, inclusive, a recuperação mais rápida de pacientes.
Dermatologia
A busca pelo profissional de dermatologia não ocorre apenas quando há necessidade de tratar doenças de pele. Com um mercado em estética cada vez mais em expansão e a dificuldade que muitas pessoas têm de aceitar o envelhecimento natural, o campo de dermatologia estética vem crescendo exponencialmente, favorecendo quem atua com a oferta de procedimentos estéticos e pode oferecer maior segurança ao paciente.
Gastroenterologia
O profissional gastroenterologista deverá ter um conhecimento multidisciplinar, uma vez que atuará com o tratamento de uma região que envolve diversos órgãos do sistema digestório. Esses órgãos, por sua vez, podem apresentar dor ou disfunção de forma secundária a um problema primário, como transtornos psiquiátricos, por exemplo. Sendo assim, é fundamental que o profissional saiba identificar corretamente a origem de problemas e trabalhe com o suporte especialistas de outras áreas.
Ginecologia e obstetrícia
A especialidade é uma das primeiras com que a mulher terá contato e que permanecerá consultando ao longo da vida. Sendo assim, a possibilidade de firmar-se na carreira é bastante significativa. Contudo, é importante que o médico que atua na área tenha em mente as necessidades de cuidado primário e prevenção, que incluem de orientações com a ocorrência da primeira menstruação ao planejamento familiar, até a humanização em caso de diagnóstico de doenças graves como o câncer do colo do útero ou das mamas, que são notícias que costumam afetar muito o psicológico das mulheres.
Neurologia
A neurologia foi uma das áreas de grande crescimento, sobretudo após o início da pandemia de Covid-19, em razão das consequências neurológicas que passaram a ser observadas em pacientes acometidos pela doença. No entanto, além de tratar distúrbios neurológicos, o neurologista deve estar preparado também para trabalhar com questões que envolvam doenças neurodegenerativas e/ou neuro infecciosas, a exemplo da meningite.
Pediatria
O pediatra tem o papel de cuidar da saúde da criança e do adolescente, mas também atua como um orientador do familiar responsável pelo paciente no dia a dia, fornecendo informações importantes relacionadas a cuidados gerais, alimentação, imunizações fundamentais na infância, além de como prevenir ou agir em caso de acidentes graves. Com a possibilidade de migrar para várias subespecialidades, o profissional da área tem vasto campo de atuação, ainda que a pediatria seja uma das áreas com maior número de profissionais.
As áreas da Medicina são todas iguais? Qual delas paga mais?
Escolher uma área da Medicina para especializar-se deve considerar, antes de qualquer coisa, as aptidões, interesses e habilidades. No entanto, conhecer qual área da Medicina paga mais pode ser um fator que contribua para a decisão.
Pensando em mantê-lo bem-informado, listados aqui algumas especialidades com os melhores salários, segundo o Guia da Carreira:
- Cirurgião plástico: média salarial de R$ 18,5 mil
- Cirurgião geral: média salarial de R$ 15,9 mil
- Ortopedista: média salarial de R$ 14,3 mil
- Anestesista: média salarial de R$ 9,8 mil
- Dermatologista: média salarial de R$ 9 mil
- Hematologista: média salarial de R$ 9 mil
- Oncologista: média salarial de R$ 8,9 mil
- Colonoscopista: média salarial de R$ 8,8 mil
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