Atualizado em 12/04/2023

O médico recém-formado pode seguir dois caminhos depois de terminar a faculdade: primeiro, atuar como médico generalista em hospitais, clínicas e outras instituições de saúde, desde que não se autodeclare especialista em alguma área, e sem que tenha o Registro de Qualificação de Especialidade (RQE), ou então, fazer Residência Médica em alguma área de atuação específica.  

Muitos profissionais optam pela segunda opção e, dependendo da carreira a ser seguida, o médico precisará cumprir algum pré-requisito ou especialização anterior. Já em outros casos, é possível partir para o caminho da Residência Médica de acesso direto. E é justamente sobre ela que trataremos neste texto, ajudando você, futuro residente, a escolher a sua Residência Médica.‍

As diferenças entre Especialização e Residência Médica

Antes de tratar sobre a Residência Médica de acesso direto, contudo, é preciso esclarecer as diferenças entre Residência Médica e Especialização. Pode parecer uma obviedade que um médico que curse especialização se torne especialista, mas não é assim que funciona.

Após concluir a graduação em Medicina, o profissional ainda tem um longo caminho para percorrer na área de atuação escolhida, caso queira se declarar especialista. 

E, vale esclarecer que esse percurso pode ser ainda mais longo caso o médico tenha se formado no exterior, pois terá que buscar o reconhecimento do diploma. O reconhecimento de diploma pode ser feito pelo Revalida (que é do MEC - Ministério da Educação), ou por prova aplicada por universidades públicas (federais, estaduais ou municipais), que possuem autonomia para realizar o processo de revalidação de diploma.

Com um diploma válido e o número de registro no Conselho Regional de Medicina (CRM), então, o médico poderá seguir os estudos para se tornar especialista. Toda formação profissional que ocorre depois da graduação é chamada de pós-graduação, mas existem algumas modalidades diferentes de pós-graduação, como veremos.

A pós-graduação pode ser lato sensu (sentido amplo), que é indicado para quem deseja se especializar em alguma área específica, como por exemplo, a Residência Médica. Ou então stricto sensu (sentido restrito), indicado para quem deseja seguir na carreira acadêmica, como docente (mestrado) e/ou pesquisador (doutorado). 

A modalidade de pós-graduação em Residência Médica exige uma dedicação maior (daí o nome Residência), e o médico recebe do Ministério da Saúde uma bolsa-auxílio. Ao concluir a Residência Médica, ele pode dar entrada no Registro de Qualificação de Especialidade (RQE) e obter o título de especialista da área que cursou. 

Por sua vez, a opção lato sensu, conhecida como “pós-graduação” possui uma carga horária menor de dedicação, permitindo que o aluno trabalhe e estude simultaneamente. Contudo, ao final do curso, o médico terá que fazer uma prova de título de especialista para adquirir o RQE, na sociedade à qual a sua pós-graduação está vinculada. 

Por exemplo: se o aluno fez uma pós em Cardiologia, ao final, para que ele tenha o Título de Especialista em Cardiologia, ele terá que fazer uma prova e ser aprovado na Sociedade Brasileira de Cardiologia.

Para saber mais diferenças entre as modalidades de pós-graduação, acesse: Quais as diferenças entre especialização e Residência Médica.

Quais são as especialidades na Residência de acesso direto?

Os Programas de Residência Médica credenciados pela Comissão Nacional de Residência Médica podem ser de acesso direto ou com pré-requisito. As especialidades de acesso direto são aquelas chamadas de R1, que não exigem uma formação anterior em outra especialidade.

A seleção acontece por meio de um processo seletivo aberto pela instituição que irá oferecer o programa de Residência Médica. Além de extremamente concorrida, a prova, que ocorre em etapas, testará os conhecimentos do profissional nas áreas de maior abrangência que incluem Clínica Médica, Cirurgia Geral, Ginecologia e Obstetrícia, Pediatria e Medicina Preventiva.

A primeira etapa é composta por questões teóricas e práticas, além de avaliação curricular. Em um segundo momento, o candidato é chamado para entrevista diante de avaliadores. Além disso, ainda existem concursos que possuem provas práticas.

Recentemente, o Conselho Federal de Medicina divulgou a lista atualizada dos programas de Residência Médica de acesso direto e sua respectiva duração, de acordo com a Resolução CFM nº 2.330/2023. Ao todo são 31 especialidades:

‍Agora, as especialidades com pré-requisito são como uma segunda especialização, pois, para cursá-las, é necessário já ter cursado uma outra Residência. E, tanto especialidades clínicas quanto cirúrgicas podem exigir pré-requisitos para ingresso.

Leia também: Clínica Médica, Cirúrgica ou Clínica Cirúrgica: qual escolher?

Vale lembrar que a comprovação de um pré-requisito será sempre o certificado de conclusão de um programa de Residência Médica credenciado pela Comissão Nacional de Residência Médica – CNRM.

Curiosidade!

Você sabia que a lista das especialidades médicas com Residência Médica de acesso direto podem ser atualizadas periodicamente?

A Comissão Mista de Especialidades (CME), formada por integrantes do CFM, da Associação Médica Brasileira (ABM) e da CNRM, é autorizada a revisar e atualizar a lista de especialidades, de acordo com seu entendimento e competência, visando sempre avaliar e validar novas especialidades que possam surgir em decorrência dos avanços da Medicina.

Quais são as especialidades médicas mais concorridas?

O estudo Demografia Médica do Brasil 2023, é o documento mais recente que trata do exercício da Medicina e suas demandas. Elaborado pela Associação Médica Brasileira (AMB) em parceria com a Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), o levantamento aponta que, em 2022, 62,3% dos médicos atuantes no país, dos cerca de 584 mil, tinham um ou mais títulos de especialistas.

Já com relação às especialidades em que esses profissionais se concentram, o estudo aponta que cinco delas são as que concentram 43% dos especialistas. São, portanto, as especialidades com maior número de profissionais:

Demografia Médica do Brasil 2023

Além dessas cinco principais, outras especialidades que se juntam a elas para formar os 62,6% de todos os títulos são:

Demografia Médica do Brasil 2023

Como se pode ver, as especialidades de acesso direto mais concorridas são aquelas que são pré-requisito para um R3 no futuro. Então, muitos médicos preferem ter um título em Clínica Médica ou Cirurgia Geral, por exemplo, que irão abrir portas para outras especializações.

Leia mais: Especialidade médica: como escolher a melhor opção para a sua carreira?

Com tanta concorrência, por que escolher fazer a Residência Médica?

Uma das principais respostas está na qualidade do ensino que o médico poderá receber, que inclui orientação e prática clínica simultâneas. 

A Residência Médica é muito bem-vista pelo mercado de trabalho e, também, concorrida entre os recém-formados, pois essa modalidade de especialização é reconhecida como o padrão ouro na formação do especialista.

Em outras palavras, ela é uma modalidade de pós-graduação oferecida pelas grandes instituições de saúde, em que o médico residente terá a oportunidade de vivenciar a área na prática e aprofundar os seus conhecimentos teóricos, sob a supervisão de médicos especialistas altamente capacitados.  

Além disso, o profissional terá condições de ampliar o contato com pacientes, o que não ocorre muito durante os primeiros anos da graduação, além de poder, ao fim do curso, ter mais oportunidades de trabalho e optar por locais que façam ofertas melhores de remuneração.

Confira na íntegra: Top 10 especialidades médicas com melhores salários

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Conteúdo produzido em parceria com o Dr. Mauro César Tavares de Souza

Possui Graduação em Medicina pela Escola de Ciências Médicas de Volta Redonda, Residência Médica em Cirurgia Geral na Santa Casa da Misericórdia do Rio de Janeiro, Especialista em Cirurgia Torácica pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Torácica, Mestrado em Medicina Geral (Cirurgia Gastroenterológica) pela Universidade Federal Fluminense e Doutorado em Cirurgia Torácica na Universidade Federal do Rio de Janeiro. Cirurgião de Tórax da Santa Casa de São João Del Rei-MG. Diretor Executivo de Medicina do Grupo Educacional AFYA.

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